A HBO costuma lançar séries cuja expectativa de destino de personagens e tramas é enorme. Família Soprano, True Blood, Boardwalk Empire e até Westworld sofreram com isso, mas certamente nenhuma como Game of Thrones. Assim como no primeiro episódio, Winterfell, pouco acontece aqui, e mais uma se reforça a ideia dos ciclos de reencontros e revelações que não contém qualquer novidade para o público.
Há quem defenda que toda essa contemplação, e o desenrolar emocional do episódio faz aumentar a expectativa para a real conclusão dos capítulos finais. A Knight of the Seven Kingdoms começa e termina com o freio de mão puxado, e não consegue sequer amarrar as pontas soltas do episódio anterior. Jaime Lannister é o primeiro enfocado pela câmera de David Nutter, mas ao contrário do que se pensou, ele não conversaria com Bran, e sim com o conselho que envolve Jon Snow, Daenerys Targaryen e Sansa Stark. Aqui, é desenvolvido um diálogo repleto de verdades jogadas à mesa, que teriam um grande impacto e importância se não fossem utilizadas apenas como clichês verbalizados.
Jaime e Bran se encontram de novo e conversam, mas isso só ocorre com 10 minutos, e a expectativa mal se cumpre, pois a conversa poderia ou não ter ocorrido tamanha falta de importância da conversa entre eles. O personagem de Nikolaj Coster-Waldau parece estar ali apenas para reencontros, porque nem os confrontos com o fato dele ter sido incestuoso ou ser um regicida são tão importantes para ele quanto reatar boas relações com seu irmão e Brienne. Ao menos, não se pode reclamar da participação de Peter Dinklage e Gwendoline Christie, eles estão bem quando são exigidos, mesmo que suas cenas sejam exacerbadamente folhetinescas, e bem menos irritante que os confrontos entre Sophie Turner e Clarke por uma liderança de um exército que sequer entrou em campo de batalha.
Este capítulo acontece praticamente todo nos bastidores da reunião de forças no Norte, explorando cada detalhe e meandro dos personagens que vivem sobre esse governo, e ao menos tem tempo para mostrar o drama do povo ao ser obrigado a não só viver na penúria, mas também a lutar por sua própria sobrevivência. Esses detalhes não são muito exploradas em batalhas épicas, nem na trilogia Senhor dos Anéis há tanto mergulho nessa situação, e aqui cabem elogios a esta parte dramática, assim como na valorização dos personagens comuns, entre eles a promoção simbólica de Brienne, que também teria mais impacto se não fosse a participação de Tormund (Kristofer Hivju), que segue falando inconveniências que o fazem parecer apenas um ruivo babão e carente em busca de atenção.
Fora as resoluções de confrontos que ninguém pediu para ocorrer, o episódio dá vazão à crença da teoria de que em breve os personagens secundários devem perecer, afinal, tiveram muitas honrarias nesse meio tempo, foram saudados e valorizados demais. Cersei sequer apareceu, e talvez isso seja mais frequente, embora sua personagem seja uma das mais populares da trama, mesmo como figura de ódio. Ao menos os vilões finalmente chegaram, e o diretor será Miguel Sapochnik, que conduziu boa parte dos episódios com ação frenética, entre eles, o da batalha dos bastardos, na sexta temporada, e talvez esse valorize toda a construção de nostalgia estabelecida nesses dois primeiros episódios.