Neste mundo injusto, qualidade e sucesso comercial nem sempre coincidem. Após o triste anúncio do fechamento da Warner Premiere, divisão da empresa responsável por animações lançadas direto para o home vídeo, ficou a expectativa em relação à última produção do selo: nada menos do que a adaptação da obra máxima do Homem-Morcego, O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, que não só redefiniu o personagem como toda a indústria dos comics (ao lado de Watchmen) após sua publicação em 1986.
Somente os mais ingênuos esperariam uma transcrição cem por cento fiel de todo o estofo presente no material original, mesmo numa animação voltada a um público mais adulto. Afinal, são 200 páginas de uma narrativa extremamente densa, aprofundada não apenas na psicologia perturbada do herói, como também em ferrenhas críticas ao governo, à mídia e à própria sociedade norte-americana. Mesmo com a acertada decisão de dividir a história em duas partes, é preciso ter isso em mente e fazer certas concessões para poder apreciar este grande trabalho.
Na trama (que é um futuro alternativo a partir do que o Batman era nos anos 80), Bruce Wayne se aposentou da função de vigilante urbano após a morte do segundo Robin, Jason Todd. Na casa dos 50 anos, ele vive como uma fera enjaulada, esforçando-se pra ignorar seu interior enquanto assiste Gotham se afundar cada vez mais num caos social. A numerosa e sádica gangue dos Mutantes domina as ruas e, com o Comissário Gordon prestes a ser aposentado compulsoriamente, parece não haver esperança, visto a total incapacidade das autoridades. Até que o retorno de um velho inimigo motiva Bruce a vestir mais uma vez a capa e o capuz e voltar à ação mais violento do que nunca, com uma ajuda inesperada.
Batman: O Cavaleiro das Trevas – Parte 1 não foge da lei suprema de qualquer adaptação de uma obra fechada: parecer, aos olhos de quem conhece o material original, uma versão resumida e simplificada. Ainda assim, grande parte da força da história se mantém, como a construção de todo o cenário levando gradativamente ao retorno do Batman. Alguns elementos são bem datados, como as gangues com visual punk, mas o retrato de uma sociedade em frangalhos, praticamente entregue ao poder paralelo do crime, sem dúvida é atemporal.
Houve um exagero, porém, na forma por demais explícita como o poder constituído na figura do prefeito é retratado com um imbecil incapaz. Compreensível, pois um cuidado maior nisso levaria mais tempo e arriscaria prejudicar o ótimo ritmo que a animação conseguiu ter. Nessa linha, a opção por reduzir ao mínimo as inserções televisivas na história foi provavelmente a melhor coisa da animação. Parêntese pessoal aqui: por mais que isso sirva pra situar o impacto que o Batman tem sobre a cidade (e criticar o tendenciosismo e desinformação da mídia), preciso dizer que na graphic novel era maçante e cansativo todo o espaço dedicado aos telejornais. Se o objetivo é cumprido sem cair no tédio, ponto para a animação.
Mas nem tudo são flores. É preciso apontar a falha maior: a ausência das narrações em off dos pensamentos do herói. Marca registrada de Frank Miller, era através desse recurso que tínhamos noção do quão próximo da psicopatia estava Bruce Wayne. Da forma como ficou, isso pode até ter passado um tanto despercebido pra quem não conhece a HQ. Ainda que a violência exacerbada tenha permanecido, ao menos visualmente, algumas cenas perderam muito. Em especial, sem dúvida alguma, o momento em que o Batman é acuado por um inimigo armado e analisa suas opções, descartando as que desarmam com mínimo contato e optando pela que ALEIJA.
Apesar de tudo, há que se destacar que a animação trouxe excelentes cenas de ação: as lutas contra o líder mutante por si só já valeriam o filme. O visual ficou num válido meio termo entre o estilo oriental padrão nas produções animadas da DC e uma reprodução do traço “quadradão” característico de Miller, embora muito mais “limpo”.
Como se ainda precisasse, a Warner/DC mostrou mais uma vez que sua especialidade são as produções animadas, muito mais do que os filmes live action (polêmica mode on). Só nos resta lamentar o fim desse inspiradíssimo filão da empresa, enquanto aguardamos até o início de 2013 para conferir a segunda parte de Batman: O Cavaleiro das Trevas, com os aguardados confrontos contra o Coringa (dublado por Michael Emerson) e Superman.
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Texto de autoria de Jackson Good.
Não senti falta da narrativa em OFF não, unica coisa mesmo pra reclamar é o esmero visual… nenhum, zero… triste isso, se isso tivesse sido feito pela galera que animou aquele Batíman Gotham Knight teria sido espetacular. ( proposito, esse lance do esmero visual foi o único problema do ANO UM, também… )
Putz, cara, vc achou mesmo que o esmero visual foi ZERO? Acho que tua refrência devem ser os animes (por ter citado o Gotham Knights, um trabalho bem mais “artístico”), aí concordo que o visual desse aqui e do Ano Um seja inferior, mas acho que vc exagerou nessa… acho que só pela aproximação ao traço das hq’s eles já merecem crédito…
Minha referencia pra esse tipo de animação sempre é… OU aquele Animatrix ou esse mais novo Gotham Knights, nesse sentido sempre me decepciono nessas animações gringas, nesse quesito, isso não quer dizer que não gostei, Ate porque essas animações da DC são muito boas, vi todas, menos aquela do SUPER VS OS ELITES… (num comprei a ideia) será que é boa também?
PORRA, TUDO BEM QUE VC É O ANGRY KID, MAS VA AGORA CORRIGIR ESSA FALHA DE CARATER!
não vejo a hora do escoteiro ter sua bunda chutada..mais chutada com força…
Adorei a animação, dublagem e efeitos sonoros são demais…
Achei a decisão de tirar a narração acertada, pois o ritmo que eles tentaram impor seria totalmente quebrado com aspectos de narrativa ala os quadrinhos..vide as passagens da imprensa que nos quadrinhos funcionam demais, ja na animação nem tanto…
Pois é, mas se eles conseguiram REDUZIR as cenas da imprensa, poderiam ter feito o mesmo com as narrações. Se fosse o tempo todo, claro que o ritmo seria prejudicado, mas ao menos um pouquinho… sabe como é, pra agradar os fãs, hehehe
Até porque isso fez falta, como na cena que citei, MUITA falta.
é acho que essa é uma das sequencias mais marcantes da hq..principalmente por ver a raiva exarcebada no coroa bruce…
Agora quanto a psicopatice dele acho que mesmo com essas “falhas” isso ficou claro..eu tava conversando com um amigo meu q não curte quadrinhos mas ador filmes e animações e ele me perguntou quando sai a 2 parte do filme do “batman coroa louco porradeiro”… admito que cai na risada…
Hahahaha, tranquilo entao, ele entendeu perfeitamente o que é a história…