Paraísos Artificiais é uma reflexão acerca de escolhas, e por consequente, consequências. Marcos Prado, diretor e roteirista, além de produtor dos filmes de José Padilha (Tropa de Elite), trabalha com a ideia de uma juventude desvirtuada e/ou incomum. Sexo. Drogas.
O fato do longa ser conduzido de forma leve, não afeta a intensidade da trama. Esta que, basicamente, entrelaça as histórias de Erika (Nathalia Dill), Lara (Lívia de Bueno), e Nando (Luca Bianchi).
Erika, DJ que luta por um espaço no cenário da música eletrônica, vive uma relação de amor e amizade intensa com Lara. Adeptas das drogas e das polêmicas raves, cruzam com Nando e Patrick (Bernardo Melo Barreto) em uma festa paradisíaca que dura dias a fio, onde em suma preferem viver estados alucinógenos inconsequentes, ou melhor dizendo – Paraísos Artificiais.
Prado, não faz da produção uma crítica social às drogas, e faz uso delas como intensificadoras de emoções, sejam elas boas ou ruins. Há sequências em que é impossível não ceder a viagem psicotrópica acompanhada da marcante trilha sonora de Rodrigo Coelho. Isso tudo, aliadado à direção de fotografia de Lula Carvalho (Tropa de Elite 2), que é inegavelmente magistral em seus planos com ótima iluminação.
Anos após a festa, Nando reencontra Erika em Amsterdã. Já estabelecida como DJ e com um filho, só ela lembra em que circunstâncias os dois realmente se conheceram, e o que resultou daquilo tudo. A despeito disso, acabam se envolvendo novamente.
As atuações são excelentes. É incrível como os atores realmente se entregaram aos personagens – inclusive em cenas eróticas, extremamente presentes no filme, mas que são tratadas sob um ponto de vista sedutor, prazeroso, e envolvente. É essencial citar também a montagem do longa, que mesmo trabalhando com duas linhas do tempo juntas, flui de maneira a não deixar quem assiste perdido. Esse formato de construção é quase como um jogo de perguntas e respostas, onde a dúvida que surge em uma linha é respondida em seguida pela outra.
O debut (ficção) magnífico mostra o que hoje é realidade para muitos jovens. Mostra o quão cíclico esse tipo de pensamento que não tem medo do futuro pode ser. Mostra sim, que Paraísos Artificiais, apesar de intensos, são literalmente – artificiais. Um bom drama definitivamente; que foge de ser um outro entre tantos filmes com a temática droga – é mais sobre, culpa, ódio, amizade, e arrependimentos.
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Texto de autoria de Matheus Porto.