Adoro livros de crônicas. Coletâneas de pequenos textos são ideais para ler no corre-corre diário de quem estuda, trabalha e nem sempre tem tanto tempo para se dedicar a grandes obras (não só na qualidade, mas também na quantidade de páginas).
Amor é prosa, sexo é poesia é uma coletânea de cronicas de Arnaldo Jabor, muito conhecido por seus comentários na Rede Globo e na Rádio CBN. Confesso que gosto de ouvi-lo na CBN, ainda que não concorde com muito de sua visão política, mas isso é outro papo.
Embora o título do livro seja bem sugestivo, não espere encontrar grandes histórias envolvendo conflitos amorosos e sexuais. Na obra, há de tudo um pouco: amor, sexo, nostalgia, família, política, mais nostalgia, mais política… O fato é que as crônicas são opiniões e constatações do autor em relação aos mais variados temas, e na esmagadora maioria das vezes essa opinião reflete a desilusão com a modernidade dos costumes, o desapontamento com a moral vigente nos dias atuais e o desencanto com a política de sempre.
O autor utiliza-se, no texto, do que sabe fazer de melhor: humor, sarcasmo, linguagem afiada e sem medo de ser politicamente incorreto; porém, o nome do livro não faz jus ao seu conteúdo. Parece que se trata de reflexões afetivas, mas trata-se de reflexões sobre tudo e sobre o nada.
Em suma, é uma obra divertida em algumas partes, fácil de ler, reflexiva, porém peca em outros momentos quando trata de política e algumas nostalgias com reflexões muito peculiares do autor, que às vezes tornam o texto bem maçante e chato.
Recomendo não tentar ler a obra de uma vez, como um livro normal. O ideal é ler poucos textos naquele momento em que não há nada para fazer, como em um metrô lotado.
Arnaldo Jabor às vezes é controverso, moderno demais, liberal demais em suas crônicas televisivas e radiofônicas; entretanto, vemos um Jabor bem diferente em suas reflexões neste livro, que não é um livro para ser de cabeceira, mas é ótimo para passar o tempo.
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Texto de autoria de Robson Rossi.
Eu não consigo imaginar nenhuma justificativa decente para alguém perder o seu tempo lendo um livro de Arnaldo Jabor.
Nessa época o Jabor ainda nem tinha enlouquecido.