Após passar alguns anos dedicando-se aos blockbusters de uma popular e milionária franquia, um cineasta resolve respirar novos ares. Orçamento baixo (estimado em 26 milhões de dólares), roteiro baseado em fatos reais… é de se imaginar algo mais intimista, mais “cabeça”, talvez? Não quando estamos falando do explosivo Michael Bay. Dinheiro e efeitos especiais à parte, a alma do diretor permanece em Sem Dor, Sem Ganho – uma divertida comédia de ação que até surpreendeu os detratores deste gênio incompreendido.
Situada em meados dos anos 1990, a trama acompanha um trio de fisiculturistas de Miami que decide tentar um grande golpe pra mudar de vida. Daniel Lugo (Mark Wahlberg) é um personal trainer que assiste a uma palestra de auto-ajuda e sai iluminado: ao invés de ficar reclamando da vida, ele vai agir para ter aquilo que julga merecer. Com isso, entenda-se sequestrar um endinheirado frequentador da sua academia (Tony Shalhoub) e “convence-lo” a transferir seus bens pra ele. Os parceiros de crime de Lugo são Adrian Doorbal (Anthony Mackie), um simplório marombeiro que enfrenta problemas de disfunção erétil; e o ex-presidiário arrependido e hoje cristão, Paul Doyle (Dwayne “The Rock” Johnson). Atrapalhados até dizer chega, os fortões agem na base do improviso e tentativa e erro (e são muitos, muitos erros), e acabam tendo que se dedicar mais a consertar as próprias furadas do que a aproveitar o sucesso do plano.
Como citado anteriormente, Michael Bay não deixou de lado suas marcas. Aspectos visuais impecáveis, apesar do orçamento reduzido, algo que faz lembrar da estreia de Bay em longa-metragens. O primeiro Bad Boys, de 1995, também se passava em Miami e trazia a ensolarada fotografia que aqui se repete. Ainda que Sem Dor, Sem Ganho tenha consideravelmente menos cenas de ação (pelo menos para o padrão do diretor), o ritmo ainda é frenético, com cortes e diálogos rápidos. Mesmo em cenas expositivas, a sensação de correria permanece. E claro, estão lá as câmeras lentas, a luz do sol estourando em diversos reflexos, e até mesmo uma explosãozinha básica, com direito ao trio de “heróis” de costas para ela, andando lentamente.
O que acaba sendo um diferencial do filme é que o roteiro justifica – ou pelo menos acompanha – esses exageros visuais. Quando algo se anuncia como “baseado em fatos reais”, nossa reação normal é ligar o desconfiômetro e considerar a velha “magia do cinema”. Mas neste caso isso não afeta tanto, primeiramente porque ninguém duvida que os norte-americanos sejam capazes de maluquices. E depois, porque o filme se assume, desde o início, como um causo insanamente divertido, sem exibir qualquer pretensão documental/moralista.
Nessa pegada, é uma diversão à parte especular até que ponto foram intencionais as zoações com o Sonho Americano. Começando com o protagonista dizendo que os EUA passaram de “um punhado de colônias mirradas” para “o país mais bombado do mundo” através de muito suor e trabalho duro. Conceitos de auto-ajuda tipicamente rasos se fundem tão bem, não só com o ideal capitalista estadunidense do “self-made man“, mas também com o simples (e povoado por mentes simples) universo da musculação. Impagável. E provavelmente involuntário, ou alguém acredita que Bay e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely se preocuparam em trabalhar camadas de ironia?
Os atores que acompanham toda essa proposta escapista estão muito bem encaixados em seus papéis. Mark Wahlberg meio que repete seu papel em Ted, como um palerma que não se toca do quanto é estúpido. E, por se levar a sério e agir de acordo, acaba sendo muito mais engraçado do que seria se tentasse fazer humor. Abandonando um pouco a pose de fodão, The Rock também diverte como o incrivelmente ingênuo Doyle. Seja se entregando a Jesus ou à cocaína, ele consegue ser o mais tapado do grupo. Anthony Mackie e Rebel Wilson, ambos estereótipos, nada de especial. Ed Harris, ok trabalhando no automático. E Tony Shalhoub, o único que atua no filme, consegue fazer um personagem tão asqueroso que não desperta simpatia em momento algum, mesmo sendo uma vítima inocente. Ah, sim: a gatíssima Bar Paly confirma a habilidade de Michael Bay de transformar magrelas em deusas da gostosura na telona.
Sem Dor, Sem Ganho não é, como alguns exagerados apontaram, o melhor trabalho de Michael Bay (isso só mostra que chega a ser irracional o ódio que muitos têm dele). É uma aventura descompromissada, um entretenimento bem executado. E deixa a interessante lição de que limites podem fazer bem ao diretor. Resta saber se ele entendeu isso, afinal, o quarto Transformers vem aí.
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Texto de autoria de Jackson Good.
QUARTO TRANSFORMERS NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO !
hahaha…. Sabia, SABIA!!! que Jackson Good tinha se gozado todo assistindo esse filme, Faltou colocar um #CHUPA HATERS DO MICHAEL BAHIA! o final. rsrs
Pow, Jakson. Meio que discordo. Apesar de todos os elementos Michael Bayzísticos tarem nesse filme. A montagem e os cortes do filme tão muito bem feitos. As narrativas em off juntamente com a introdução de personagens no meio do filme tão muito bem feitas. Forçando bastante a amizade, chegou a me lembrar o Scorcese. ahahaha.
Mas, me junto à horda de odiadores cegos do Michael Bay, então, aos meus olhos, essa foi a primeira vez que o cara fez cinema de verdade, ehehehhe.
Gosto sinceramente do primeiro Transformers, e acho que o terceiro tem coisas aproveitáveis. E voltando pro começo da carreira dele, acho Bad Boys 1 e A Rocha bons filmes (sempre tendo em mente a palavrinha mágica PROPOSTA). E ousando mais, quando vi Armageddon na época achei foda pra caralho, e preferi deixar assim, nunca mais revi.
No fim das contas, o Baía não é uma merda completa e absoluta, como a galera gosta de pintar.
Cara eu dei umas risadas dos esteriótipos de academia, mas achei os personagens caricaturados demais, até mesmo pra americanos idiotas/frequentadores de academia/da comunidade 40 cm de braço.
Apesar das piadinhas, do visual, montagem, edição, etc eu não consegui terminar de ver o filme, bem fraquinho mesmo, e olha q as piadinhas com os esteriótipos fazem parte do meu universo, imagino que a galera hipster, comunistinha de faculdade ou allstar verde tenha passado longe desse filme, da próxima eu tb passarei…
Não tenho ódio do Michael Bay, só acho que os dois últimos Transformes são uma bosta, o resto de seus filmes eu gosto, é um diretor meio desmiolado mas que filma muito bem e cria ótimas cenas de ação.
Porém acho sim esse o filme mais cerebral dele, não que isso queira dizer muita coisa, mas é sim um bom filme e com certeza seu melhor.
Tomara que faça mais filmes assim que me arisco a dizer pode até ganhar um Oscar no futuro, por que não, até Ben Aflect tá ganhando.