Novo filme do cultuado diretor canadense Dennis Villeneuve, Os Suspeitos é um bom suspense de grande tensão: a procura de um pai por uma filha desaparecida, gerando grande conflito e envolvimento emocional em diferentes escalas dentro de um grupo de pessoas próximas.
Situado na fria e chuvosa cidade de Boston, Keller Dover (Hugh Jackman) leva uma vida feliz ao lado da esposa Grace (Maria Bello) e os filhos Ralph (Dylan Minnette) e Anna (Erin Gerasimovich). Em visita a casa dos amigos e vizinhos Franklin (Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), sua filha, a pequena Anna (Kyla Drew Simmons), desaparece. As famílias logo procuram a polícia e o caso cai nas mãos do detetive Loki (Jake Gyllenhaal) que prende um suspeito, Alex (Paul Dano), que logo é solto devido à ausência de provas. Alex é um adulto problemático e com sintomas de deficiência cognitiva, mas que parece ser o culpado para Dover, que irá ultrapassar os limites de tudo o que acredita para encontrar sua filha.
Começando já na escolha do tema (desaparecimento de crianças) o diretor acerta no objetivo de mobilizar uma plateia da mesma forma que qualquer um desses casos mobiliza a opinião pública. O infalível aspecto de pureza e inocência de uma criança torna qualquer ato contra ela abominável e irá aglutinar na comoção e condenação desse ato e seus realizadores grande parcela da sociedade, da mesma forma que acontece com o público do filme, que embarca na história e se pergunta a toda hora se faria algo diferente do que lhe é mostrado.
Emocionalmente falando, o filme então consegue compreender a dimensão devastadora de um caso como este, que não é incomum em nenhum lugar no mundo, e que mostra como toda a dimensão da tecnologia não é capaz de nos proteger dos terrores da própria humanidade. A sensação de impotência dos protagonistas é destacada a todo instante, assim como as brigas internas dos adultos, evidenciando em todo instante a frustração de não conseguir fazer nada. Também neste aspecto somos apresentados ao detetive Loki, que é deixado claro ser um policial típico de filmes de investigação: solitário, sem vida, obcecado pelo trabalho e empático com as injustiças sofridas pelas vítimas dos crimes que investiga. Loki e Dover são personagens interessantes, que por vezes se antagonizam, mas ambos buscam o mesmo objetivo, um dentro e outro a margem da lei, simbolizando o eterno conflito de “civilização x selva” que sempre vem à tona quando o assunto é a violência humana.
Também é interessante a construção de Alex, um personagem que é a todo instante tratado como culpado, e que parece culpado realmente. Em todo o calor gerado por comoções públicas, faltou ao diretor movimentar a história mais nesse sentido, e tornar a vingança egoísta e personalista de Dover como também parte da opinião pública, e não só pessoal. No entanto, faltou ao filme um trabalho melhor no que tratou da parte policial e investigativa. Ao contrário de outros clássicos do gênero, como “O Silêncio dos inocentes”, Os Suspeitos em alguns momentos falha em manter a expectativa da resolução do crime, e as pistas oferecidas dão ao espectador a chance de desvendar pedaços da história antes de Loki, enfraquecendo seu personagem, como na cena onde é utilizado o velho clichê da mesa destruída pela frustração e ali uma pista crucial é desvendada, quando um espectador mais atento teria reconhecido aquela pista vários momentos antes.
O mesmo se repete na cena final, quando detalhes importantes são ignorados a fim de se encerrar a história em um clímax instigante e que deixa no ar o que poderia ter acontecido, mas não a ponto de não responder exatamente isso ao “acostumado às respostas” público americano. Caso não se focasse na investigação policial em si, detalhes como estes poderiam ser relevados (Dover vai a casa da tia de Alex com mala, ferramentas e deixa várias pistas, que são ignoradas pela história quando a casa é invadida e revirada por policiais, e nenhuma resposta a essas pistas é dada), mas nesse caso, enfraquece a narrativa investigativa sob a perspectiva policial.
Apesar de uma fotografia muito bem construída, e também atuações dignas de grandes atores (talvez a melhor de Jackman), Os Suspeitos se alonga por muito tempo em redemoinhos narrativos (como a tortura de Alex por Dover) e que desgastam o choque inicial, travando o desenvolvimento da história. Quando o filme acaba, sobra uma sensação de “ainda bem” misturada a outra de satisfação com uma história que traz à tona discussões interessantes sobre paternidade, violência e sociedade, mas que poderiam ter sido levadas por um caminho mais ousado, questionando mais o valor da mídia e das decisões pessoais nesses casos, como faz magistralmente o longa dirigido por Ben Affleck, “Medo da Verdade” (Gone Baby Gone).
Os Suspeitos é capaz de entreter e tem uma crueza e aspereza condizentes com o tema retratado, mas que falha em desenvolver objetivamente seu ritmo e conduzir os protagonistas em um desenvolvimento que justifique o tempo de tela, assim como em produzir pistas e recompensas que causem mais do que um certo “eu já suspeitava” ao seu final, enquanto prometia algo além. É um bom filme, mas que não acrescenta muita coisa ao gênero, recheado de clássicos mais completos.
* Detalhe para a horrível tradução do título em português. Prisioneiros traduziria perfeitamente o que o filme quer passar, quando pais são prisioneiros dos captores de seus filhos. Os Suspeitos além de genérico e vazio, entrega que já há mais de um suspeito do crime.
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Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.
os suspeitos e a caça são os melhores filmes que assistir em 2013.
Os suspeitos é o melhor filme de 2013….a tempos que nao assistia um suspense assim..5 estrelas
Cara que belo filme. Não sei dizer qual é o melhor, se esse ai ou o do Affleck. Falar da atuação do Wolverino é chover no molhado, prefiro resaltar que a atuação do Jake me surpreendeu positivamente.
Eu gostei do filme, mas acontece o mesmo em “Incêndios”: acaba sendo um filme ok contando uma ótima história. A direção do Villeneuve é muito boa algumas horas, mas peca em outras. O roteiro é bom na maior parte do filme, mas peca muito nesses clichês que você ressaltou e principalmente na personagem da velha no final. Que clichê horroroso de vilão mal construído.
Nota 3 pra ele é bom.
Pois é, tb achei que o filme teve algumas falhas pesadas que acabaram prejudicando o total, mas ainda assim achei bacana. Uma baita fotografia pesada e tals. Mais ou menos os mesmos erros de Incêndios, não sabendo conduzir direito a história e os excelentes personagens dela.
Muito bom filme mas no final, deixou a desejar. …o sumiço de Dover….todas as pistas q ele deixou na casa da tia, nem sequer foi mencionado. …faltou o final
Poxaa, o filme é realmente ótimo, mas e o final? Deveriam ter terminado, o cara fez tudo pela filha e acaba num buraco? Acaba sem sabermos se o policial acha ou não ele? Se ele morre ou não? Preferia mil vezes ele preso (não sou a favor, o Alex poderia até ter sido vítima lá no começo, mas ele sabia aonde as crianças estavam e acabou sendo cúmplice), não acho justo um cara que fez tudo pelo amor a filha, morrer ou não ter um final para isso..
cara, na vida nada é justo
Otimo filme, mas sem final.
Bomm filme, mas o final deixou a desejar!
A dorei o filme mas também nao gostei do final. O pai ultrapassou todos os seus limites pra achar as duas crianças. E no final ele fica dentro de um buraco? Pera ai! Poxa lança logo o os suspeitos 2 . vocês me deixaram de agua na boca.com gostinho de quero mais. Parabéns.
Ficou obvio o que aconteceu, o suposto Alex, deixou naquele livro uma frase e disse para elas fugirem, acho que ele deve ter desamarrado, foi a última coisa q ele fez antes do Pai da Ana pegar ele. A Joy fugiu e a Senhora conseguiu pegar a Ana. Só queria entender o que era aquele líquido roxo que ela deu pra ele e injetava na menina. Acho que terá o Suspeitos 2. Me prendeu do começo ao fim.
Pelo que dá a entender, o líquido seria alguma droga natural, talvez alucinatória, paralizante, que deixava as vítimas em um estado de confusão. É um filme incrível mesmo.
Esse filme é foda
mano, eu assisti hj , dia 01/10/2017 (prevejo pessoas olhando o calendario e dizendo “foi um dia desses” ou “esse comentario é vlh pra caralhinhos em” so nao é mais vlh do que os outros abaixo de mim. Bom… o filme é foda, eu sou leigo(a) em filmes de suspense, achei bom, porem, da um gostinho no final de “pqp cade o resto vou pesquisar na internet, n é possivel”. Nao sei se agradeço a minha depressao por me deixar sem sono, ou agradeço pelo filme ser interessante ao ponto de eu não ir dormir(como mais um depressivo). Enfim… assisti na globo, e queria muito a parte 2, vlw flw