Quando falamos em história do Japão, mesmo aqueles que conhecem muito pouco têm alguns nomes que vem a cabeça como: Oda Nobunaga, Hideyoshi Toyotomi, Ieyasu Tokugawa, e claro, Miyamoto Musashi. Agora imagine uma história em quadrinhos contando a vida de um desses nomes. É isso que Vagabond é.
Vagabond, de Takehiko Inoue, conta a história de Miyamoto Musashi, baseado na biografia existente. Takehiko é extremamente conhecido por seu trabalho em Slam Dunk, com alguns prêmios para este titulo e com Vagabond também não é diferente, atualmente possui 3 prêmios.
Shinmen Takezo é um rapaz de uma pequena vila chamada Miyamoto que vai a guerra em busca de um nome para si, junto dele está seu amigo Hon’iden Matahachi que tem o mesmo objetivo. Sobrevivem por pouco da guerra e são ajudados por duas mulheres que roubaram as armas dos mortos na guerra, quando bandidos atacam a casa das mulheres Takezo enfrenta os bandidos enquanto Matahachi foge com uma delas. E assim começa a aventura solitária de Takezo, que logo mais tarde será rebatizado como Miyamoto Musashi.
Ao contrário do que muitos pensam mangá não tem sempre o traço do Astro Boy de olho grande, Vagabond é um excelente exemplo disso. O traço é bem diferente do que normalmente você vê por ai e a riqueza de detalhes é incrível, embora não seja um dos meus traços preferidos. Uma das coisas que o autor consegue fazer de forma excelente é pelo olhar do personagem passar o que ele está pensando e suas sensações, é possível ver pelo olhar de Musashi sua evolução durante todo o mangá.
Quanto à história, como disse, ela é baseada na biografia do Musashi e isso já bastante coisa, e o autor consegue traduzir o livro para quadrinhos de forma fantástica. Para quem gosta de mangá sabe que a forma narrativa é diferente das comics, quadros, imagens é tudo usado para a narrativa e para ambientar melhor a noção do leitor, e Takehiko faz de uma maneira extasiante em determinadas partes e calma em outras, fazendo a história correr extremamente bem. Para quem não conhece Miyamoto Musashi é um dos samurais mais conhecidos da história do Japão (se não O mais), grande estrategista e lutador, ele criou doutrinas tanto de comportamento quanto de luta e as escreveu em seu livro “O Livro dos 5 Anéis”, além disso, um dos grandes pontos de sua fama é o fato de ele ter ficado famoso em sua época por lutar usando duas espadas, uma em cada mão.
Um dos pontos fracos de Vagabond é seus personagens, enquanto a história é focada em Musashi e Matahachi e te mostra a vivência dos dois e suas evoluções, ele simplesmente ignora qualquer outros personagens. Personagens secundários não são emotivos e você não consegue pegar profundidade neles, eles simplesmente ali estão pois o centro do mundo é Musashi. Falta um trabalho melhor nos personagens secundários, alguns que aparecem bastante dentro da história ficam um tanto quanto chatos pelo fato de você não conseguir pegar a motivação deles. A história não possui antagonista certo, a cada batalha é um oponente, após ele ser vencido que venha o próximo, não há um grande inimigo, embora este não faça falta.
Vagabond é um mangá que conta a história de um personagem real da história japonesa, possui um excelente traço, uma narrativa empolgante e, embora os personagens secundários deixem a desejar, os personagens principais são carismáticos. Vale a pena para quem se interessa por história japonesa, vale a pena para quem gosta de história de samurais e vale a pena para quem gosta de boas lutas de espada.
Compre: Vagabond.
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Texto de autoria de André Kirano.
Grande post Kirano.
Pouco se fala de anime e mangá aqui no Vortex, mas eu ouso dizer que este é o melhor até agora!
Fico feliz em ver que cada vez se escreve mais de obras japones por aqui.
Quanto ao post:
Não lí vagabond.
Apesar de ser viciado em animes e produções japones, odeio ler scans e não sou muito chegado em ler mangás impressos(tenho apenas alguns títulos).
Por um lado, essa história do Musashi já foi trabalhada em várias obras diferentes e o cara é realmente muitissimo famoso e sua história em mangá deve ser excelente. Por outro lado, desanima totalmente de correr atrás de um material publicado com um editora que faliu e que não chegou a ser concluído nem no Japão…
Vale a pena conferir em SCAN, eu diria.
Inclusive pretendo fazê-lo em breve, graças a este post… 🙂
Parabéns pelo post.
Ja ne!
PS: Todo mundo sabe que o Hitokiri Battousai é MUITO MUITO MUITO mais foda que o Musashi… Chupa essa Shinmen!! :P~~
Mas também menos de 1 metro e meio, com força da aceleração no talo é uma apelação digna da DC.
Estava acompanhando a série pela Conrad, mas o hiato ocorreu pela editora brasileira e depois pela japonesa.
Bem é mais um da sindrome Berserk/Evangelion, autores escrevendo a cada meio ano e fãs esperando mais ainda por isso.
Parabéns pelo texto, Kirano. Muito bom. Mas discordo de você em um ou dois pontos.
Primeiro, ressaltar o valor biográfico de Vagagound não é, a meu ver, uma boa. Em suma, acho que o correto seria justamente o contrário. Pois, com as inúmeras e gritantes liberdades tomadas por Inoue ao decorrer da publicação, pouco do que se tem nos registros está transposto na obra, com exceção, é claro, de datas, nomes e locais, mas estes, no cotexto e caracterização expressos pelo mankagá, estão muito aquém do que a história conta.
Quanto aos personagens secundários, minha visão é quase oposta à sua. Não desempenhar um grande papel não significa ser raso ou mal-aproveitado; não obstante, uma das qualidades que mais aprecio em Inoue é a de definir de forma tão lívida e unilateral os personagens com os quais trabalha, mostrando bem suas convicções e estilo de vida – tal como os samurais devem ser retratados; o que, no caso aqui tratado, é feito magistralmente com os membros do clã Yoshioka, por exemplo.
Enfim, divergências à parte, é importante ressaltar que trata-se de uma obra excepcional. Mesmo em meio a peças de igual valor, como o recente Katanagatari, é sempre bom contemplar as raízes do “gênero” samurai, seja em filmes ou mangás. E Vagabond é, pelo que me consta, a obra contemporânea que melhor o representa.
Então, ao citar “Clã Yioshioka” fica claro o que eu falei, TODOS ali tem a sensação de dever e resto de samurai, PORÉM, não há individualidade. Aqueles que possuem individualidade são os oponentes de Musashi, assim se tornando personagens principais por algum tempo. E mesmo estes não possuem tal definição de personalidade e carisma que se possa vir a ter algum apego por eles.
Quanto a referencia biográfica, realmente faltou eu falar mais disso, porém não o fiz para não estender o texto e para conter spoilers. Pois é exatamente na luta contra os Yoshioka que, tecnicamente, ele deveria começar a usar as duas espadas, o que não aconteceu (o que comigo foi BEM triste, pois cada vez que ele ficava com duas espadas na mão eu vibrava esperando as cenas de luta).