Crítica | As Vantagens de Ser Invisível

As Vantagens

As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, EUA, 2012, Dir: Stephen Chbosky) é adaptação do homônimo livro lançado em 1999 escrito pelo roteirista e também diretor do filme, que por sua vez foi criador da série Jericho, cancelada após a segunda temporada.

Sinopse: um menino introvertido entra no segundo grau e é acolhido por dois meio-irmãos veteranos, que o ajudam a se adaptar às dificuldades da adolescência na rotina escolar e na vida.

Para entrar no universo de adolescentes/jovens perdidos, a direção de Stephen Chbosky tenta emular os filmes da Sofia Coppola, especialmente “Virgens Suicidas” (1999), e Bertolucci com o seu “Os Sonhadores” (2003). O problema é a falta de identidade a partir disso. Não há um plano marcante do ponto de vista cinematográfico que seja mérito exclusivo da direção, nenhum movimento de câmera, marcação de atores em cena, nada. A mise-en-scène blasé só consegue se sustentar por meio do roteiro, a única hora em que se pode ver o talento do diretor é na direção de atores: Chbosky consegue extrair boas atuações dos três atores principais, principalmente de Logan Lerman.

Diria que mais da metade da força que o filme teve perante seus fãs e admiradores veio da sua atuação de Lerman. Conhecido por ter interpretado Percy Jackson, o outro Harry Potter, Lerman mostra aqui que só precisava de uma chance fora do mundo blockbuster para mostrar o seu talento. Com uma interpretação contida durante a maioria do filme, ele consegue passar todas as características do seu personagem de forma sublime: angústia, medo, insegurança, amor, e, principalmente, os demônios internos que o atormentam. Se o ator der sorte de continuar a pegar personagens mais profundos e manter esse nível, talvez daqui a alguns anos poderemos ver surgir um novo Ryan Gosling.

Os outros atores interpretam bem o seu papel. Emma Watson, porém, não consegue ir muito além, ela é engolida pelo bom Ezra Miller, o Kevin, de “Precisamos Falar sobre o Kevin” (2011), e principalmente por Logan, que engole todo mundo que está em cena do meio para o final do filme. O resto do elenco cumpre bem a sua finalidade, com especial menção a Tom Savini, Paul Rudd e Joan Allen, que saem um pouco das suas interpretações usuais.

O roteiro sem grandes furos tenta conduzir a narrativa por um meio não convencional. De uma forma forçada tenta impôr o protagonista em um universo hipster e assume assim uma outra estrutura dramática, que só serve para acentuar o fato de que o adolescente deslocado encontrou pessoas esquisitas e com problemas semelhantes ao dele. Não à toa, ele os chama de “amigos” várias vezes ao longo do filme, logo o protagonista, que era conhecido por não ter ou saber fazer amigos.

E então vem o maior problema do roteiro, por consequência, do filme: a conveniência de voltar à dramaturgia convencional e sua estrutura quando ficou sem saída aonde havia ido antes. A briga no refeitório na metade para o fim e a “grande revelação” do final do filme exemplificam isso. É um roteiro covarde, frouxo, bundão, que fingiu uma audácia que não tinha, pois, no fim das contas, não se sustentou. Ou seja, pretensioso. Nesse sentido, “Meninas Malvadas” (2004) com a Lindsey Lohan, mesmo sendo uma comédia blockbuster cumpre melhor este papel, é um filme mais eficiente abordando a mesma temática no mesmo universo.

A fotografia quase o tempo todo usa filtros não realistas, como naquelas cenas que representam sonhos, o que impede um melhor trabalho de Andrew Dunn, que já havia fotografado os ótimos “Preciosa” (2009) e “Amor a Toda Prova” (2011). As únicas partes que ela se sobressai é quando os demônios internos do protagonista são retratados.

A editora Mary Jo Markey, também não consegue mostrar o seu talento, como já havia evidenciado nos filmes irregulares Star Trek 2 – Além da Escuridão, a série Lost e Super 8. A edição linear ajudou na narrativa, mas a única hora que se sobressai é semelhante à fotografia: ajuda a mostrar os demônios internos do protagonista.

Texto de autoria de Pablo Grilo.

Comentários

10 respostas para “Crítica | As Vantagens de Ser Invisível”

  1. Avatar de Flávio Vieira

    Pra ninguém falar que não existe democracia no vortex.

    1. Avatar de Pablo Grilo
      Pablo Grilo

      Tá bom.

  2. Avatar de Rafael Moreira

    Não li, e não gostei.

    1. Avatar de Pablo Grilo
      Pablo Grilo

      Porra!

  3. Avatar de Leonardo Zucareli
    Leonardo Zucareli

    Eu discordo em certas partes de sua critica a respeito de jogo de câmera, é um filme independente, não é um filme com um enorme orçamento Hollywoodiano, por isso não tem efeitos ou coisas fora do normal. O filme mostra o normal de uma escola, mais invés de atletas, rainhas do baile e populares do ensino médio, mostras os alunos normais que tem uma vida de certa forma interessante mas ninguém nota e por isso chamou a atenção de muitos fãs, porque nem todos somos populares, e não por Logan Lerman e sua (para mim) bela atuação. Isso que eu acho, é uma opinião como a sua na crítica, valeria no mínimo 4 estrelas.

  4. Avatar de Pedro
    Pedro

    E o cineasta Pablo Grilo consegue fazer melhor? É a pergunta que fica!

    1. Avatar de Pablo Grilo
      Pablo Grilo

      E o leitor do blog Pedro consegue escrever uma crítica melhor? É a outra pergunta “do milhão” que também fica!

      1. Avatar de Pedro
        Pedro

        Criticar é fácil pra qualquer um, até mesmo pra vc. Difícil é ter genialidade pra fazer um livro e filme incríveis e tão admirados pela CRÍTICA ESPECIALIZADA, repito, ESPECIALIZADA. vc já emplacou quantos filmes em Hollywood?

  5. Avatar de george
    george

    o filme não é bom. é muito bom. esse é o primeiro “´crítico” que vejo discordar disso. e comparar com meninas malvadas é covardia. diga também que “mal posso esperar ” é ruim, então.

  6. Avatar de Guilherme
    Guilherme

    Cara vc disse o outro Harry Potter eu nao entendi esse comentario

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