Willie (Morgan Freeman), Joe (Michael Caine) e Albert (Alan Arkin) são amigos há décadas. Levam uma vida sossegada de aposentados, o que inclui partidas de bocha. Até que inexplicavelmente param de receber sua aposentadoria. Numa ida ao banco para discutir a hipoteca de sua casa, Joe testemunha um assalto bem sucedido. E, querendo dar um fim a seus problemas financeiros, começa a pensar que cometer seu próprio assalto é uma boa saída. E chama Willie e Albert para a empreitada.
Remake do filme homônimo, de Martin Brest e estrelado por George Burns, Art Carney e Lee Strasberg em 1979, o filme – dirigido por Zach Braff com roteiro de Theodore Melfi – lembra algumas outras obras recentes que seguem a mesma linha: amigos de longa data, chegando ou já na terceira idade, que se reúnem para “viver altas aventuras” – por exemplo, Última Viagem a Vegas (de que Freeman também participa), Amigos Inseparáveis e Motoqueiros Selvagens.
Apesar de a motivação dos três amigos ser algo bastante sério, não há como não rir ao pensar nesses três senhores executando um assalto a banco. A essência do humor é justamente essa inversão de expectativa em eventos que contrariam a lógica. Parece simples. Contudo não é fácil conduzir um filme todo assim. Obviamente, o roteiro é uma sucessão de pequenas e (quase sempre) bem boladas gags. Mas amarradas num ritmo que não cansa o espectador e consegue manter a trama coesa. Infelizmente, no terceiro terço do filme, esse ritmo se perde um pouco e a narrativa fica um tanto arrastada. Ainda mais ao se contrapor à segunda parte, em que o longo se torna um “filme de assalto”, com o planejamento e a preparação para o roubo. Não chega a comprometer, mas deixa a impressão de que o humor se esgotou a essa altura.
A premissa é simples. A história, bastante previsível. E há algumas coincidências um tanto forçadas para garantir o desenrolar da trama. Mas fica claro que é essa a proposta do filme. Não há planos rebuscados, nem enquadramentos mirabolantes. A meta não é ser original e revolucionário, mas sim entregar algo fluido e agradável de assistir. E, logicamente, o elenco é garantia de que isso ocorra. “The three caballeros”, além do talento inquestionável, têm uma sinergia que transcende a tela, ao se comportarem como um casal antigo – discutindo por qualquer coisa, mas completando as frases (ou ideias) uns dos outros. Sem contar a ótima participação de Christopher Lloyd como Milton, responsável pelas piadas mais pastelão da história. A exemplo de Os Mercenários, é visível o quanto estão se divertindo fazendo o filme. E isso, sem dúvida, conquista o espectador.
No melhor estilo “sessão da tarde”, é um filme que funciona bem. Com mais altos que baixos, cumpre seu objetivo que é entreter descompromissadamente, mesmo levantando alguns questionamentos bastante atuais e relevantes. Não é o filme do ano, nem sequer a comédia do ano. Mas certamente não é esquecível como muitas outras.
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Texto de autoria de Cristine Tellier.