A comprovação do talento de Jason Reitman, ou uma fortuita sorte, se deve ao fato de que seus três primeiros filmes – únicos, até então – são excelentes longas metragens. Histórias que mesmo em retratos diferentes equilibravam-se no drama cotidiano.
Em seu quarto filme da carreira, Jovens Adultos, Reitman retrata a problemática de adultos que, mesmo em uma idade madura, não saíram da fase adolescente. Seja pela negação de responsabilidades ou pela incapacidade de assumir sua maturidade.
Mavis Gary é uma escritora de uma série de livros para adolescentes frustrada com sua própria vida. Ao receber um convite em comemoração ao nascimento do filho de um ex-namorado, decide retornar a cidade onde foi criada com o intuito de tentar reconquistar seu grande amor do colegial.
Reitman sempre dedicou seu olhar a personagens imperfeitas de alguma maneira. O vendedor de cigarros que não se importa com as perdas humanas de seu trabalho, a adolescente que engravida sem a verdadeira percepção do fato, o homem que se sente confortável somente em aviões. Dentro das personagens aquebrantadas trazia a tona um elemento humano primordial que identificava o público.
A concepção infantil de Mavis chega a afastar de assustadora. Retira um elemento carismático de personagens anteriores pois explicita a frivolidade. Causa desconforto e não gera uma reflexão mais profunda como, até então, trabalhava o diretor, pois não há razão para o vazio da personagem além da negação de seu próprio fracasso.
Ao retornar a um instante anterior de sua própria vida, a escritora aos poucos percebe sua anacronia. Mas a composição de tal sentimento soa tão em descompasso que sua história chega ao fim sem identificar de fato sua mensagem. Se é que há uma.
Talvez desejando que dentro e fora de sua história existisse um vazio, a roteirista Diablo Cody – em seu quarto roteiro de longa metragem – tenha falhado na mensagem. A sensação é de que o material bruto continha uma história com mais força daquela que foi contada. Mas que não deixa de destacar o talento que, além de Reitman, a roteirista tem em explorar singularidades que abalam a todos.
Concordo que Mavis Gary é a protagonista menos cativante em um filme do Reitman. Acredito que nos anteriores conseguimos ter empatia pelos personagens mesmo em situações como a venda de um bebê por que, de alguma forma, há carisma neles. Em Mavis só fica clara a imaturidade e o ar de superioridade. Não acho o filme ruim, mas ele decepciona pelo que poderia ter sido.