Não há mediano no universo de filmes policiais. Ou a trama sustenta-se e consagra-se ou vira história mal contada com elementos de investigação. Atualmente, o cinema preocupa-se muito mais em criar uma atmosfera violenta, pelo choque que causa no público, do que conduzir uma boa investigação, coerente e instigante, mesmo que isso seja sinônimo de uma história mais tradicional.
O Colecionador de Ossos tornou-se um defensor de um estilo não mais em voga, preocupado em justificar a função de cada assassinato no enredo e nunca tirar de cena um dos elementos primordiais da narrativa de investigação: o detetive. Baseada na obra de Jeffery Deaver, a trama desenvolve a dinâmica de dois policiais díspares que, devido à importância do caso, são obrigados a trabalhar juntos.
A formulação da parceria entre as personagens é composta de maneira não usual. Promove um brilhante detetive forense, incapacitado por um acidente, e uma novata descontente com o departamento em que trabalha. Juntos, a unidade que a dupla produz se torna eficaz, utilizando a experiência de um homem preso a uma cama e um precoce instinto forense de uma policial novata, ainda não acostumada com a brutalidade dos crimes.
A interpretação de Denzel Washington impressiona pela limitação da personagem. O ator consegue, utilizando apenas o rosto e o tom da voz, expressar a amargura de um homem limitado fisicamente, ciente de que seu quadro clínico não será melhor, e o brilhantismo de um detetive dedicado, em anos de profissão, a estudar e compreender a difícil ciência forense, tornando-se uma referência no assunto e com vários livros publicados. Enquanto Angelina Jolie, ainda não glamourizada pela beleza ímpar, entrega eficiência entre certa beleza ordinária de uma policial bem composta, com personalidade forte, fundamentando credibilidade à trama.
O sucesso do filme se deu, em boa parte, pelo fato do público acompanhar com os detetives a evolução das mortes e a investigação do caso. Abstendo-se de revelações surpreendentes ou reviravoltas no roteiro como gancho. Preocupando-se em manter a coerência da história para que ela potencialize o suspense da investigação e a eventual revelação dos culpados.
Estranhamente, nunca houve uma continuação, embora os romances de Deaver deem sequência à parceria das personagens. O livro que originou esta produção foi o primeiro a apresentá-las e, também com estrutura tradicional, apresenta com excelência seu crime e seus desenlaces, sendo uma recomendação a quem gosta do gênero ou se interessou pelas personagens.
Acho esse o segundo melhor filme do gênero,o primeiro continua sendo o 7even.
Eu gosto muito desse filme.
Pois é há continuação pra todo tipo de porcaria hoje em dia.
Gostaria muito de ver mais histórias desses personagens de O Colecionador. Muito bom!