Resenha | Sherlock Holmes: O Cão dos Baskervilles – Arthur Conan Doyle

Publicada originalmente em 1902, O Cão dos Baskervilles é uma das mais conhecidas histórias do famosíssimo detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle. Dentre as várias versões, traduções e até adaptações para outras mídias, esta resenha vai tratar da edição da Editora Melhoramentos, que conta com tradução de Antonio Carlos Vilela.

A trama mescla um mistério aparentemente sobrenatural com o habitual suspense investigativo das aventuras de Sherlock Holmes. A família Baskerville convive há séculos com uma fama de azarada, proveniente da lenda envolvendo um terrível cão demoníaco que persegue seus membros. Lenda esta que volta à tona quando Charles Baskerville morre sob estranhas circunstâncias, e tudo indica que seu sobrinho e herdeiro esteja em perigo. Entram em cena Holmes e o fiel Dr. Watson, aplicando os métodos racionais de observação e dedução num cenário que desafia a razão.

Complicado avaliar uma obra tão marcante e influente no seu gênero. Talvez O Cão dos Baskervilles compartilhe do problema de muitos clássicos, que, dependendo do momento em que são consumidos, tem muito pouco a surpreender quem já está familiarizado com o estilo. Outra possibilidade é que esta edição em si, nitidamente voltada ao público infanto-juvenil, tenha simplificado (ou até resumido) demais a linguagem e a história em si.

O fato é que o livro se revelou burocrático, raso e pouco estimulante. A maior parte da trama é apresentada em relatórios resumidos e reflexivos de Watson (que narra em primeira pessoa). Ou então em diálogos calmos e especulativos entre os personagens. Ação, movimentação, senso de urgência ou de TEMPO PRESENTE praticamente inexistem. Tudo acontece de forma rápida, personagens surgem e cumprem seu papel tão imediatamente que não há tempo nem para se ter qualquer dúvida a respeito deles. A intenção (se é que existia) de instigar o leitor, criar uma atmosfera inquietante e misteriosa, falha miseravelmente.

Para completar o desagrado da experiência, o livro apresenta algumas ilustrações que passam perto da vergonha alheia. A impressão é que imprimiram por engano os esboços não finalizados de um adolescente que mal começou a aprender a desenhar. Como aspectos positivos, infelizmente só é possível citar a fluidez da linguagem e o fato do livro ser curto (152 páginas). Até mesmo a célebre genialidade de Sherlock não consegue despertar um mínimo de diversão, devido ao modo frio e tedioso com o qual a resolução acontece.

Texto de autoria de Jackson Good.

Comments

9 respostas para “Resenha | Sherlock Holmes: O Cão dos Baskervilles – Arthur Conan Doyle”

  1. Avatar de Almighty

    Até assustei com esse review, eu lembrava que era um livro bom. Se bem que li há 15 anos, então…

    1. Avatar de Flávio Vieira

      É o Jackson polemizando. Está tentando tomar o lugar do Pablo.

      1. Avatar de Jackson
        Jackson

        Nem. Não sei se a culpa é da tradução/versão teen, mas achei bem merda mesmo.

        1. Avatar de Flávio Vieira

          Mas essa versão é realmente diferente da original? Será que é resumão?

          1. Avatar de Jackson
            Jackson

            Olha, fiquei com uma impressão fortíssima disso, principalmente pelo tamanho do livro.

            1. Avatar de Filipe Pereira
              Filipe Pereira

              Cara, se não for discriminado na ficha que ele é condensado, então não é resumido, a minha versão da Zahar que é comentada e ilustrada tem só 261 páginas, sendo que pelo menos umas 70 páginas são de notas de estudos do personagem pelas sociedades que o investigam. Acredito que o problema seja a versão Malhação que o Jack pegou!

              1. Avatar de Filipe Pereira
                Filipe Pereira

                O personagem está em domínio público, por isso qualquer um pode publicá-lo, até nós!

                1. Avatar de Almighty

                  Imagina uma editora do Vortex? Livros com prefácio escrito pelo Mario e pelo Pablo. #fikdik

              2. Avatar de Fauzer
                Fauzer

                A minha escola me obrigou a ler esse livro (provavelmente por ser um clássico) mas realmente é bem raso mesmo pra leitura infanto-juvenil é desinteressante

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