Ao repaginar o Astronauta desde 2012, sob o selo Graphic MSP da editora Panini, Danilo Beyruth fez o que o personagem mais merecia: dar poder e emoção a combinação perfeita de ficção científica, e fantasia que suas histórias sempre tiveram, ainda no domínio criativo de Mauricio de Sousa. Se em Magnetar e Singularidade o efeito já tinha sido alcançado, em contos extremamente ambiciosos e visualmente delirantes, é em Assimetria que tudo se encaixa. Aqui, a impressão é que um arco do Astronauta se fecha, e outro logo se abre, com futuro e passado não apenas se encontrando, mas criando uma nova dimensão repleta de inesperadas possibilidades.
Assimetria é o mais próximo que o Astronauta já chegou de participar de uma história estilo “E se…?”. Sempre confuso com suas chances perdidas de morar com o seu grande amor, a doce Rita, o conquistador brasileiro do espaço abdicou tudo pela profissão. Em nome da ciência e nada mais, o cara já ficou perdido nos confins das estrelas e investigou buracos negros com toda a bravura que um homem pode ter. Mas, e se o Astronauta interferiu nas dimensões que existem nas extremidades desse buraco, e sem querer, mudou o rumo de sua vida? Agora, ao sair da Terra para verificar a origem misteriosa de um sinal que vem do polo norte de Saturno, nosso orgulho nacional vai ser dar conta que o sinal é um chamado de uma entidade perigosíssima…
… condenada a derrubar mundos inteiros (numa clara alusão ao Galactus, da Marvel). Como se isso não fosse o suficiente, o Astronauta descobre que essa força da natureza não apenas já exterminou um segundo planeta Terra, mas obrigou os poucos humanos sobreviventes a escapar para o espaço, incluindo o próprio Astronauta dessa realidade paralela – e destruída. Mais velho e bem menos impulsivo que o herói “original”, sua segunda versão casou-se com a Rita e juntos tiveram uma filha, a super corajosa Isabel – e um robô do Horário, útil nos piores momentos que todos irão enfrentar, juntos. Agora, todos possuem duas opções: impedir essa criatura interestelar de alcançar outras Terras, em especial a nossa, ou ver a história se repetir e tudo parecer diante de seus olhos.
Beyruth continuar a criar painéis de formas aliado as cores impressionantes de Cris Peter, que mesmo quando não ocupam uma página inteira em Assimetria nas cenas de maior aventura, deixam quaisquer leitores embasbacados nos instantes mais decisivos e poéticos, do livro ilustrado. O autor honra a confiança de Maurício de Sousa a cada nova reviravolta, ao entender e vibrar a personalidade de cada personagem, e ao simbolizar enfim e da maneira mais orgânica e criativa possível que o amor é a força mais poderosa do universo, ainda mais crucial que a potência que existe em equações frias, e códigos tecnológicos que nos fazem cruzar nossa atmosfera rumo ao desconhecido. Assim, os quadrinhos do Brasil tornam-se agraciados com os contos modernos do Astronauta, um ícone dos quadrinhos atualizado (e homenageado) com perfeição às novas gerações.
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