Resenha | Cavaleiro da Lua – Vol. 1

Cavaleiro da Lua - Volume 1

A construção de Cavaleiro da Lua sempre foi difícil devido a seu histórico psicológico, pautado em múltiplas personalidades, e a semelhança com a base de outros protagonistas, um milionário que ostenta um arsenal heroico. Criado por Doug Moench e Don Perlin e inserido como parte do heróis urbanos da Marvel, o personagem alterna revistas próprias e participações em diversas edições da casa, nunca atingindo um destaque definitivo.

Em 2011, Brian Michael Bendis e o parceiro desenhista Alex Maleev relançaram-no em nova revista mostrando argumento que dialogava com outros três grandes personagens do estúdio, história cancelada após doze edições. Após esse período, o alterego de Marc Spector permaneceu como coadjuvante, participando da revista de Demolidor em apoio ao herói na saga Terra das Sombras, estrelando a equipe de Vingadores Secretos liderada por Steve Rogers, aliando-se a personagens famosos mesmo sem destaque próprio, além de participar da saga A Era de Ultron.

Em sintonia com um novo começo da editora com Totalmente Nova Marvel, O Cavaleiro da Lua retorna em mais uma tentativa de conquistar popularidade e um novo público. Criador de grandes obras adultas para o selo Vertigo e outras histórias autorais, bem como da própria fase dos Vingadores na qual o Cavaleiro participou, Warren Ellis retoma a personagem nos seis primeiros volumes desta nova fase em edição publicada pela Panini Comics diretamente em formato encadernado.

O roteirista evita qualquer recomeço narrativo utilizando o repetido conceito de uma origem, optando por apresentar a personagem através de seus talentos de investigador. As seis histórias do encadernado são fechadas, focadas em missões específicas de Marc Spector, agora dividido entre duas personalidades heroicas, o conhecido Cavaleiro da Lua e Mr. Knight, ajudando a polícia local. No interior destas investigações, há a inserção de conceitos base sobre a personagem, a origem de seu poder partindo de um totem egípcio, e a loucura gerada a partir deste poder, responsável pelas diversas personalidades de Spector.

A intenção desta nova fase é conquistar o público pela ação enxuta, bem executada pelo roteirista que trabalha com qualidade o ritmo e a quantidade de informação inserida a cada página, levando em conta o limite máximo de vinte e cinco páginas. O formato de uma história fechada a cada edição se diferencia do mercado atual, apoiado em demasia em séries e arcos longos. Os traços de Declan Shalvey com cores por Jordie Bellaire ganham destaque na figura central. Como o manto trajado é branco, a dupla optou por evitar qualquer pintura em seu interior, deixando-o inteiramente preto e branco em cena, um conflito de cores que causa impacto e, de maneira simples, potencializa sua força e a mística em torno de sua figura.

Ennis foi escolhido devido a seu talento como roteirista e a seu nome, que carrega um histórico narrativo de sucesso. Sua intenção é promover um background de histórias de aventura para conquistar os leitores. Como elas não são interligadas, a leitura flui ainda que o formato, se seguido a longo prazo, possa se esgotar. Como um recomeço, o escopo da ação é uma abordagem interessante, ainda que seja necessário, em algum momento, um conflito maior e coerente para a personagem.

A nova versão de Cavaleiro da Lua durou dezessete edições e foi publicada no exterior posteriormente em três encadernados que a Panini Comics deve lançar na íntegra (o segundo volume foi lançado recentemente). Atualmente, uma nova revista se inicia pela Marvel com  Jeff Lemire e Greg Smallwood na equipe. Entre cancelamentos e releituras, a personagem se mantém ativa.

Cavaleiro da Lua - Ellis - 01

Comments

4 respostas para “Resenha | Cavaleiro da Lua – Vol. 1”

  1. Avatar de Skeleton King
    Skeleton King

    E eu diria mais: este arco do Cavaleiro da Lua é uma das melhores coisas da Marvel de 2014. O Warren Ellis foi uma escolha fenomenal pra explorar a crueza e a loucura do personagem. É uma HQ bem sólida e um personagem subaproveitado no geral. Acho que é uma das melhores coisas feitas por ele e a arte acompanha com primor a qualidade narrativa.

    1. Avatar de Flávio Vieira
      Flávio Vieira

      MENAS. BEM MENAS.

      1. Avatar de Skeleton King
        Skeleton King

        Acabei de perceber que cometi um erro no meu raciocínio: acho que é uma das melhores coisas feitas para ele (o personagem), e não uma das melhores obras do Ellis.

        Anyway, pau no seu cu, Flavio. Do que você entende? hahahahahahaha

        1. Avatar de Thiago Augusto Corrêa
          Thiago Augusto Corrêa

          Ahuahuahua. Do Cavaleiro creio que sim. E a continuação achei melhor, pois, dá sequência narrativa ao começo de ação do Ellis.

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