O fato é que Walt Disney, o menino sonhador do estado do Kansas, nos Estados Unidos, pode ser considerado um dos grandes autores do Séc. XX. E até mesmo o mais querido, vide suas criações que até hoje conquistam as novas gerações com uma naturalidade e aclamação universal imbatível. Surpreendente mesmo é que seu personagem mais popular não seja uma bela princesa, ou um grande herói de estilo europeu, e sim um rato, uma criatura asquerosa que nas mãos de Disney, desde 1928, virou sinônimo de magia, encantamento, e grandes aventuras.
Com O Manual do Mickey (nome este dado a emblemática figura pela esposa de Walt, diante de outros nomes bem menos interessantes que ele bolou, na época), é junto de Mickey, sua namorada Minnie e o cachorro Pluto que passeamos pelos mais diversos cenários, idos e lendas, enfrentando com muita diversão e alegria as mais malucas situações. Sejam no mar ou em terra firme, sejam no espaço ou ainda em alguma dimensão criada sob medida para nos divertir, é claro, mas também, para tirarmos algum proveito intelectual desta experiência enriquecedora.
Aliás, Disney pode também ser considerado um dos grandes e poucos criadores de conteúdo em Hollywood a se preocupar mais com a qualidade autêntica desse conteúdo, do que com o lucro que deveria obter através de sua imaginação. Muito mais que Donald ou Pateta, percebemos como Mickey Mouse foi moldado para ser o porta-voz oficial da criatividade inesgotável do corajoso empreendedor que foi Walt, representando então a personalidade para sempre jovial de seu prolífico e incansável criador norte-americano.
Sempre visando o público infantil, tal um “professor pardal” da garotada de verdade, o inventor pretendia transmitir conhecimento para a turminha através das aventuras irresistíveis que ele, e seu departamento criativo, bolavam para uma mídia em especial: o cinema. E muitos anos depois, em O Manual do Mickey, conhecemos mais a fundo a dinâmica do velho oeste americano, os fundamentos da lei e da ordem sociais pós-revolução industrial, e os grandes aventureiros de antigamente, como se o nosso avô estivesse contando essas histórias para nós, numa tarde ensolarada de domingo.
É justamente essa a sensação pretendida, aqui, e plenamente alcançada. Assim, O Manual do Mickey reúne literalmente essa nobre ambição de Walt Disney em usar um dos mais famosos personagens da cultura pop que tanto ajudou a construir, desde seus primórdios, para nos deixar por dentro das grandes odisseias da humanidade e suas consequências para a evolução do homem, enquanto indivíduo, e das sociedades em si, desde o tempo das cavernas até os grandes roubos de bancos nas grandes cidades do mundo civilizado.
A publicação da editora Abril é um relançamento da obra de 1973, e chegou caprichada em 2016 no Brasil, repleta de desenhos originais, uma bela capa dura e com um acabamento gráfico impecável, garantindo por sua estética uma leitura mais que agradável a todos os públicos que se propõe a investigar a história dos gregos e troianos, da conquista dos polos, das Américas e até mesmo do nosso brilhante satélite lunar, e muito, muito mais. Tudo pela ótica mais amável possível: brincando, sorrindo, e se sentindo parte cativa dessa atemporal turminha do Mickey Mouse.
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