Review | Star Wars Rebels – 1ª Temporada
Após terminar Star Wars – Clone Wars forçosamente, graças a compra da Lucasfilm pelos estúdios Disney, Dave Filoni teve que resumir suas ideias para um ultimo ano da serie animada, deixando muitos de seus arcos abertos. A continuação logo viria, com a primeira temporada de Star Wars – Rebels, focada evidentemente em um grupo de resistentes ao domínio imperial.
Antes até da primeira temporada, foram lançados alguns curtas-metragens. Um de 15 minutos – que na verdade é um compilado de vídeos breves, e é exibido na Netflix como um filme só – que não faz introdução alguma e tem uma linguagem semelhante a de um teaser, com pequenos insights dos personagens chave, e também A Fagulha de Uma Rebelião, que mostra o grupo formado pela pilota twi’lek Hera Syndulla, o sensitivo a força Kanan Jarrus, o lasatiano e brucutu Garazeb “Zeb” Orrelios, mandaloriana Sabine Wren e o carismático androide Chopper. O quinteto acaba esbarrando em Ezra Bridger, um menino órfão e desamparado, que comete pequenos furtos para sobreviver. É dele a trajetória que mais se aproxima de uma jornada de herói clássico, obviamente também por guardar semelhanças com o Luke de Uma Nova Esperança.
O fato de se focar em um único grupo de aventureiros facilita tanto a narrativa quanto o aprofundamento dos personagens, fazendo até os sub plots soarem mais importantes é bem construídos do que em comparação por exemplo com Clone Wars. O decorrer desse segundo ano de certa forma repete a formula dos curtas já citados, abordando os eventos sem enormes contextualizações, os acontecimentos são tão episódicos que fazem até perguntar se este não seria um programa procedural.
Quando Kanan resolve treinar Ezra é dada uma mostra de como funciona a tentativa de subsistir em tempos de crise, com o governo imperial reprimindo qualquer opositor. Kanan é um padawan caído, como visto em Kanan – O Último Padawan, e acaba sendo o mais próximo de um mestre jedi para um rapaz que é sensitivo também a Força. Há uma aparição bem conveniente em Rise of The Old Masters, que gera entre pupilo e mestre uma expectativa que não se cumpre, envolvendo a mestre jedi Luminara Undulli. Nesse momento a confiança mútua entre os dois é testada, assim como é introduzido no cotidiano dos heróis a figura vilanesca do Inquisidor, que no começo, soa como uma imitação de Asajj Ventress para Vader, mas aos poucos o antagonista ganha importância e sentido para ali estar.
Os cadetes imperiais são pegos ainda crianças, como dito por Finn em O Despertar da Força, e Rebels detalha isso. Os menino e meninas passam por provações duras, mas a maioria está lá de maneira voluntária, ao contrario do que é falado na época da Primeira Ordem. Essa diferença de versões talvez se justifique pela motivação básica de que, após O Retorno de Jedi e consequente queda do Império, partes importantes das falsas preocupações com direitos humanos foram simplesmente suprimidas, além de demonstrar que os discípulos de Snoke são mais extremos que os que se alistavam no conglomerado de Palpatine.
No episódio Path of the Jedi, Kanan e Ezra viajam até um antigo templo jedi, a fim de complementar o treinamento do jovem. Entre situações de privação de sentidos e de provação da sua própria confiança, Ezra se vê combatendo opositores bem mais fortes que ele, como parte de um teste de aptidão, que resulta em um prêmio que era consideravelmente raro em tempos de queda da República, em especial após a execução da Ordem 66. Ao ter o cristal kyber em mãos, e com as sucatas que lhe restam, para enfim construir seu próprio sabre de luz, sem o auxílio de terceiros. Esse rito de passagem mostra-o como um jedi em potencial, alcançando um patamar que não parecia perto de ser transposto por ele.
Há participações especiais pontuais no programa, algumas bastante carismáticas como a de Lando Calrisian (dublado por Billy Dee Willians), em um episódio que apesar de divertido, soa como um filler, e também do Governador Tarkin. Essa segunda pode parecer gratuita se falada fora de contexto, mas a participação do mandatário imperial serve tanto para fazer conexão dele com o Agente Kallus e o Inquisidor, quanto para mostrar que esse é o mesmo universo dos filmes, uma vez que, como em Rogue One – Uma História Star Wars, o personagem está lá para supervisionar a todos e dar início ao arco de captura de Kanan.
Um dos méritos de Star Wars – Rebels é antecipar que haviam pequenos grupos que não necessariamente respondiam a cúpula da Aliança Rebelde, estabelecendo essas pequenas células antes mesmo do advento de Rogue One. O último dos arcos peca um pouco em resolução, mas deixa espaço aberto para alguns ganchos que seriam melhores explorado já na segunda temporada, com o advento de Ahsoka Tano como personagem fixa e a rivalidade com o próprio Darth Vader. A primeira temporada de Rebels soa divertida e introduz muito bem a participação de cada um dos personagens novos, para enfim aprofundar o drama em anos posteriores.