Review | Brinquedos Que Marcam Época – 2ª Temporada
A segunda temporada de Brinquedos Que Marcam Época começa assim como a primeira temporada, com a engraçada reconstituição de dois funcionários de uma loja de brinquedos, e falando dos bonecos de Jornada nas Estrelas: A Série Clássica , este primeiro episódio brinca com o tema do piloto, que era Star Wars, e faz uso de uma vinheta da antiga franquia de George Lucas para relembrar o que era sucesso em material de divertimento infantil.
É fato que a Kenner faz muito dinheiro com a historia dos jedi, sith, império galáctico e antiga república, mas o que se discute nesses capítulos é um pouco da pré historia de merchandising de franquias de ficção científica / space opera, e o que se vê é diverso, pois em Jornada haviam tanto bonecos de Kirk com phaser (que são as pistolas dos federados) na altura da pélvis, até brinquedos genéricos da Renco, como armas, trens e outros veículos onde só se punham um adesivo com o prefixo astro, para simbolizar que eram espaciais, ou seja, pura galhofa e gaiatice.
É importante lembrar que a venda desses brinquedos se deu principalmente após o cancelamento do programa, quando ele entrou em sistema de syndication (consiste no ato de vender artigos de jornais ou revistas, fotografias, programas de televisão para outras organizações, para que possam ser publicadas ou exibidas em vários lugares), ou seja, esses brinquedos podem ser considerados como parte de um universo expandido da saga, tal qual os bonecos da Kenner fizeram com Star Wars, inclusive dando nome as criaturas que eram os ewoks.
Não faltam documentários sobre as séries e filmes de Star Trek, e esse episódio é mais um objeto que estuda e discute bem a formula de Jornada, seja como western espacial, que discutia por sua vez o cenário sócio político. Também destaca que o magnetismo de William Shattner facilitava a popularidade, assim como aponta a dificuldade de convencer Lucille Ball e sua produtora Desilu a fazer o programa, tanto que as naves, como a de escape, chamada Galileo, eram pequenas, e não cabiam humanos ali, fazendo os atores machucarem a cabeça ao tentar entrar.
A Mego só foi fazer brinquedos mais elaborados após Jornada nas Estrelas: A Serie Animada, e eram bonecas, com tecido revestindo seus corpos, e tinham semelhanças consideráveis com os atores do elenco original, ainda que com Gorn o caso tenha se tornado engraçado, com roupa dos klingons, cabeça do Lagarto (vilão do Aranha) e corpo de Urso (de Planeta dos Macacos), em outra variação do Boba Fett lançador de mísseis visto na primeira temporada do programa.
O documentário tem bastante cuidado ao tocar em algumas feridas, como a empreitada que deu errado com a Galoob ao tentar fazer produtos para crianças de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração quando a série discutia temas mais adultos, e também destaca as iniciativas com as da Diamond Select, que fez figuras e replicar de enfeites para colecionistas mais maduros.
O segundo episódio envolve Transformers e suas versões iniciais, assim como as de cinema. Se debruça pouco ou quase nada sobre os spin-offs (Beast Wars mal é citado), mas o episódio faz um bom dueto com o GI Joe do primeiro ano, que era outro baluarte da Hasbro. Surpreendente mesmo é o estudo sobre Lego, que vai desde a época em que os blocos nem encaixavam direito, até o apogeu como brinquedo mais rentável e lembrado do mundo como é hoje.
Os 40 e poucos minutos são bem empregados, desenvolve o uso de outras franquias como base e como isso atrapalhou a empresa – em especial entre 2003 e metade 2004, que não tiveram filmes de Star Wars ou Harry Potter, e que fizeram a empresa quase falir. Ao reinventar e investir em conteúdo próprio, Lego se tornou auto sustentável em matéria de temas de exploração, vide os filmes que foram produzidos com seus produtos, até 2019 tendo quatro longas metragens no cinema e dezenas de programas de televisão, vídeo games e material acessório.
O programa tem uma edição muito legal e moderna, e é maravilhoso e informativo para o fã das franquias abordadas, além de esclarecer bem ao não “iniciado” alguns belos detalhes de produção e pano de fundo dessas franquias. Neste segundo ano isso se massifica ainda mais, e seu ultimo capitulo prova isso, explorando a temática da gatinha Hello Kitty.
O conceito inicial era de “um pequeno presente com um grande sorriso”, e esse lema da Sanrio levava em conta a tradição do Japão de dar pequenos presentes em ocasiões sociais simples. A Sanrio pegou toda sua experiência em vender produtos do Snoopy e Peanuts e fez seu próprio produto original, para não precisar pagar royalties, e os derivados são tantos que a licença envolve tipos de papel higiênico para adultos, lancheiras, massageador de ombros, lancheiras e vibradores eróticos.
Brinquedos Que Marcam Época expande a ideia do colecionador e consegue traduzir bem essa tradição a quem não tem esse hábito, além de localizar bem como funcionam as franquias que dão origem a esses produtos, dando a elas importância e detalhamento sobre como são suas produções e porque elas estão imortalizadas no panteão da cultura pop, por mais estranho que algumas delas possam soar.
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