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  • Crítica | A Morte Te Dá Parabéns 2

    Crítica | A Morte Te Dá Parabéns 2

    A Morte te Dá Parabéns foi um filme de terror que fez um sucesso comercial considerável, arrecadando mais de vinte vezes seu orçamento original. Divertido, criativo e com um elenco que apesar de não ter estrelas, funcionou bem. Logo, ter uma continuação seria algo comum e mais uma vez Christopher Landon conduz A Morte te Dá Parabens 2, com Jessica Rothe reprisando o papel principal de Tree Gelbman, repetindo boa parte da fórmula.

    Como no primeiro filme, a trama começa com um jovem estudante acordando após uma farra, se dirigindo a universidade – a mesma Universidade de Bayfield do episódio original – onde Ryan (Phi Vu), um aluno nerd e de origem sino-americana se levanta, passa pelos corredores e também é assassinado, como foi com Tree, isso logo após passar pelo laboratório de ciências, onde ele mexe com o seu experimento, uma máquina que envolve alguma baboseira tecnológica mal explicada, que por sua vez tem como base a utilização de física quântica.

    O preso no looping é o próprio Ryan, mas já neste início se percebe a ligação com os personagens do primeiro filme, pois ele é o nerd que ocupa o mesmo quarto que Carter (Israel Broussard), e ele não demora a perceber as semelhanças de seu agouro com a lenda do dia da marmota, sendo perseguido por um assassino que se inspirou naquele do primeiro filme. Após contar a Tree e Carter o que houve, ele passa a ser ajudado por eles, e se nota um pequeno MacGuffin, já que a jornada a ser explorada seria a de Tree, outra vez no dia do seu aniversario – que também foi o de sua morte – em uma nova dimensão, com fatos bem diferentes dos correntes em sua linha temporal, onde até o assassino parece ser outra figura.

    Apesar de haver um sem número de explicações desnecessárias –  tantas que viram piada dentro do filme – há uma evolução de conceito e mitologia, que reúne elementos plantados no primeiro capítulo da franquia mas não foram devidamente explorados, como o fato de Tree ficar mais fraca a cada morte que sofre, fato que pode gerar severas conseqüências a si. Além disso, há paralelos com De Volta Para o Futuro, que inclusive é citado.

    Em alguns pontos esses paralelos soam cansativos, pois a expectativa do público, certamente, é com a quantidade de mortes e a criatividade do assassino, tanto no plano que montou como nas formas de atingir o seu alvo, e logo o roteiro se debruça novamente sobre essas questões, ainda que em alguns pontos as decisões dos personagens beirem o ridículo. Tree passa a agir como uma pessoa inconsequente, bolando formas criativas e engraçadas de morrer, que geram evidentemente cenas bem engraçadas, mas que pouco fazem sentido com a personagem que evoluiu tanto em pouco tempo, como ocorre no final de A Morte Te Dá Parabéns.

    O novo longa é bem mais audacioso e pretensioso que o anterior, e o fato de fazer muita piada com suicídio não colabora, não à toa seu lançamento foi alterado por conta de uma tragédia ocorrida nos Estados Unidos que faria aniversário no mesmo dia da estreia. No entanto, não há desrespeito e nem banalização de sentimentos, até a quantidade gigante de mortes tem um propósito bem explicado e todos os absurdos vistos em tela, como uma estudante pouco inteligente e fútil saber usar armas de fogo, servem como um tempero nonsense que faz desse um prato delicioso no combalido gênero slasher recente.

    Landon consegue conduzir bem o próprio roteiro, driblando bem o clichê de continuações descartáveis, mesmo não sendo tão criativo e divertido quanto o primeiro filme. Mesmo a abertura gananciosa que ele faz para algumas possíveis continuações – em uma cena pós-créditos divertidíssima – há uma inventividade ímpar na sua filmografia recente, além de uma sensibilidade ao tratar dos momentos mais sérios e nostálgicos da sua personagem principal, Theresa.

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  • Crítica | A Morte Te Dá Parabéns

    Crítica | A Morte Te Dá Parabéns

    Tree (Jessica Rothe) é uma menina popular dentro do campus da faculdade, apesar de sua má fama. Um dia ela acorda de ressaca no quarto de Carter (Israel Broussard), um menino desconhecido que passou a noite com ela. É aniversário da moça e eventos muito estranhos passam a ocorrer com a personagem nesse dia, sempre ocorrendo um tipo de morte diferente, causada pela mesma pessoa. A Morte Te Dá Parabéns é o quarto longa de Christopher Landon na direção, já acostumado a trafegar pelo gênero, como aconteceu em Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal e Como Sobreviver a um Ataque Zumbi.

    Diferente do comum em filmes do sub gênero slasher, aqui a heroína é completamente indócil e passivo-agressiva. Não há ninguém dentro do campus que não tenha uma opinião extrema sobre ela tampouco há quem fuja de seus julgamentos maldosos. Demora pouco mais de dez minutos para ela se deparar com uma figura esquisita, um stalker, munido de uma faca, como Ghostface da cinessérie Pânico, mas escondendo sua identidade através da máscara do bebê que é mascote do time da sua universidade.

    O diferencial do longa é no paradoxo temporal estabelecido após um evento traumático. Tree parece estar num looping temporal de repetição. Logo a sensação é deixada de lado, a fim da comprovação de que ele está de fato revivendo os fatos pregressos a sua morte. É curioso como se desenrolam as sequências pouco antes de suas mortes, com situações criativas para o fim dos seus dias, normalmente com pouca ou nenhuma evolução de sua moralidade, uma vez que ela continua sendo egoísta em cada uma de suas ações.

    O tom de comédia do longa não parece ser involuntário. O humor negro é movido via ironia, a começar pela repetição cíclica e pela sensação de que vive em tempo real um pesadelo tangível. Também é corajosa a aposta em mostrar uma história focada em uma vítima repleta de defeitos éticos sérios, fugindo da pecha de pobre coitada normalmente visto entre as scream queens.

    A direção de Landon consegue estabelecer bem a sensação de inevitabilidade do destino, com cenas de assassinatos que ora se valem de um suspense parecido com o visto nos filmes de Dario Argento, ora apelando para os jumpscares típico dos filmes recentes de James Wan.

    Mesmo quando apela para um lado mais cômico, o filme consegue retornar rapidamente para a angústia típica dos thrillers de perseguição entre gato e rato. Do meio para o final, há um decréscimo de qualidade na trama, com um final adocicado, que tenta restaurar a moralidade. Parece que Landon tem de repetir essa questão de terminar suas comédias com desfechos meio bobos, sendo quase um refém destas conclusões. Apesar disso, A Morte Te Dá Parabéns contém uma dose forte de sarcasmo e possui uma identidade ímpar, fato que ajuda a determinar o estilo de seu realizador.

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  • Crítica | Como Sobreviver a um Ataque Zumbi

    Crítica | Como Sobreviver a um Ataque Zumbi

    Como Sobreviver a um Ataque Zumbi1

    Se valendo da recente zumbiexploitation e apelando para uma qualidade de humor leve poucas vezes tão bem construída, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi começa anedótico e escrachado, com uma introdução mostrando o início da contaminação, em um hospital, debochando do conceito de marco zero, geralmente usado em teorias relacionadas ao apocalipse dos mortos vivos.

    Christopher Landon organiza seu filme a partir de uma premissa simples, utilizada ao extremo nos últimos anos, que guarda em si um número enorme de fracassos. A jornada do herói acompanha o trio de amigos, e escoteiros desde a infância, Ben (Tye Sheridan), Carter (Logan Miller) e Augie (Joey Morgan). Motivos de piada, Ben e Carter tentam fugir do acampamento para ir a uma festa secreta a procura de garotas, esforço ocorrido apenas para perceber que a cidade está infestada pelos mortos errantes.

    Todos os aspectos que lhe são proibidos graças a pouco idade, passam a não ser mais alvos de transgressão. Se em Despertar dos Mortos, Romero aludia a prisão do homem junto ao capitalismo selvagem, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi serve de símbolo de libertação sexual para os adolescentes, claro, sem apresentar qualquer seriedade em sua proposta. O primeiro destino da dupla é um bar de striptease, onde o intento de ver moças nuas não é totalmente alcançado, ainda que a valia da visita garanta a eles a ajuda da voluptuosa garçonete Denise (Sarah Dumont), que ruma junto a eles na direção de uma possível saída daquele pandemônio.

    A coleção de clichês relativos aos personagens é completamente ofuscada diante das gags cômicas sexuais absurdas, que brincam principalmente com os hormônios em ebulição dos rapazes. Mesmo o uso de estereótipos é funcional, vide a cena da invasão da casa de uma senhora dos gatos, incluindo aí o ataque de felinos zumbis.

    Há até um cuidado da produção em usar poucas armas de fogo, predominando armas brancas e bugigangas improvisadas, semelhantes as usadas pelos irmãos Gecko em Um Drink no Inferno. Tal aspecto parece bobo, mas demanda uma preocupação com a lógica, ainda que a ideia do longa seja fazer troça com o conceito pop dos zumbis. A classificação indicativa alta é devido a violência extrema, já que mesmo aplacado pela aura de comédia, há muito do gore, além das citadas referências sexuais.

    O resultado final de Como Sobreviver a um Ataque Zumbi é uma fita repleta de carisma, piadas inteligentes e repleto de celebridades como David Koechner, cujas situações não soam forçadas, por mais inverossímeis que possam parecer, com fatores que causam riso na platéia amarrados sob uma égide sacana, semelhante aos melhores e mais inspirados momentos de franquias como Porkys, American Pie e Picardias Estudantis, servindo como uma ótima paródia de um tema que se tornou tão popular nos últimos anos.