Tag: Tye Sheridan

  • Crítica | Jogador Nº1

    Crítica | Jogador Nº1

    Steven Spielberg é um diretor antigo e premiado cuja carreira ainda está ativa. Por ter uma filmografia prolífica, coleciona filmes que variam muito de qualidade, dificilmente conseguindo lançar num curto período de tempo dois filmes bons. Após o thriller histórico The Post –  A Guerra Secreta, em que as atuações de Tom Hanks e Meryl Streep chamaram a atenção, a adaptação de Jogador Número Um, best-seller de Ernest Cline, chega as telas dois meses após a estreia brasileira do anterior. Uma produção cuja temática futurista ambienta uma história em que o mundo é desolado e as pessoas usam um jogo chamado Oasis para escapar de suas rotinas terríveis.

    O filme é narrado em primeira pessoa por seu protagonista, Wade, um garoto órfão, de origem humilde e que gasta muito de seu tempo e esforço dentro do jogo, através de seu avatar, Parzival. Ele é o resumo do que o homem comum faz, uma vez que sua rotina passa por utilizar do jogo para escapar de suas angustias e tristezas. Eis que se depara com a persona do criador de Oasis, James Halliday, vivido pelo oscarizado Mark Rylance, que basicamente deixou dentro dos detalhes do game uma série de chaves e pistas, que se fossem encontradas por alguém, dariam poder a essa pessoa sobre a empresa que mantinha Oasis no ar. Essa busca não era exclusiva de Wade, e sim de todos, inclusive de grandes corporações, que montavam seus clãs em busca de um item chamado Easter Egg, que seria a chave para a dominação do jogo e das ações da empresa.

    Spielberg acerta demais nos quesitos que são suas especialidades, tanto no escapismo travestido como ficção cientifica, quanto na vertente de um filme para o público juvenil. O longa é repleto de referencias (como o livro) mas é divertido e eletrizante, além de ter personagens bem carismáticos. A personalidade das pessoas reais não são suplantadas pelas mil e uma menções a cultura pop. Pelo contrário, pois estes acrescentam muito a historia e trazem carisma, com um fan service bem empregado. Para quem não entende todo o tom reverencial, ainda há um produto extremamente bem construído no quesito aventura, nesse ponto, se assemelhando muito ao recente Jumanji – Bem Vindo a Selva, ainda que esse seja mais graúdo.

    A produção consegue driblar até a caracterização sem personalidade de Tye Sheridan. O que falta de carisma nele, sobra nos personagens periféricos ou em seus avatares no jogo. Como há muito uso de efeitos digitais – aliás, primorosos, tal qual os antigos Jurassic Park e O Mundo Perdido: Jurassic Park do próprio Spielberg – se vê pouca a participação dos atores de cara limpa. Nesse quesito, Mark Rylance mais uma vez brilha em uma atuação bem diferente daquela vista em Ponte de Espiões – provando sua versatilidade – uma vez que seu personagem é um mentor, um homem a ser seguido, mostrado em várias fases de sua vida. Fator que também produz elogios a direção de arte que consegue, junto ao CGI, remonta-lo em fase mais jovem e também mais idoso, sempre muito bem represento.

    O filme é grandioso. As batalhas fazem lembrar demais o visto em Senhor dos Anéis : O Retorno do Rei, ainda que aqui haja muito mais apelo visual. A fluidez nas lutas travadas entre centenas de personagens de universos completamente diferentes é fascinante. Do ponto de vista da historia, pode até soa piegas em alguns momentos, mas a mensagem principal é passada de forma simples e objetiva, evidenciando a valorização de idéias revolucionarias em detrimento da mercantilização da vida em geral. Apesar de não ser tão incisivo em sua crítica – e de fazer propaganda obvia a tantas franquias – Spielberg consegue conduzir bem um filme eletrizante, extremamente divertido e que faz parecer tem bem menos que seus quase 150 minutos de duração.

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  • Crítica | X-Men: Apocalipse

    Crítica | X-Men: Apocalipse

    x-men apocalipse posterA quarta empreitada de Bryan Singer na franquia dos mutantes da Marvel inicia-se um pouco atrapalhada, com a introdução ao personagem de En Sabah Nur, o primeiro mutante conhecido, que vivia no Egito como um deus, acompanhado de seus quatro cavaleiros, referência ao livro bíblico das revelações (Apocalipse). A sequência ocorrida no império egípcio, além de fraca, parece ter sido retirada das cenas adicionais de Deuses do Egito, mas logo recobra a sobriedade da franquia, quando remete a uma citação à abertura de X-Men: O Filme, também dirigido por Singer.

    X-Men: Apocalipse segue o rastro do início do reboot em X-Men Primeira Classe, retornando às origens da franquia, praticamente levando em conta somente os filmes que Singer fez parte do controle criativo, ainda que reinventando muito dos momentos clássicos. Já no início é mostrada uma luta na jaula, em muito semelhante à introdução do Wolverine, de Hugh Jackman no filme de 2000. Outro aspecto repetido é a importância do aprendizado, dessa vez usando Scott Summers, de Tye Sheridan, como a Vampira da vez, servindo ao arquétipo de orelha ao espectador como elemento novo desse universo já estabelecido.

    X-Men-Apocalipse

    Como já havia ocorrido em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, há uma exploração interessante para a discussão da discriminação, nesse caso utilizando o homo superior, ainda que a gravidade do conteúdo das discussões seja um pouco mais fraca. Os dois avatares principais dessa questão são a nova Ororo Munroe (Alexandra Shipp), uma ladra africana que está aprendendo a usar seus breves e pequenos poderes, se esgueirando pelos becos, e a tímida Jean Grey (Sophie Turner), que é vista com maus olhos até por seus colegas, graças às manifestações estranhas de seus poderes magnânimos – aspecto já demarcado em X-Men 2 e mal aproveitado no filme de Brett Rattner – e claro, pela atenção que ela recebia do Professor X (James McAvoy), que serve de mentor a ela e a muitos.

    Apesar de consumir um bom tempo com este novo elenco, fazendo funcionar muito bem a transição – que neste caso faz lembrar bastante o espírito de Star Wars: Despertar da Força –, o mesmo não se pode dizer dos membros antigos. Tanto a Mística de Jennifer Lawrence quanto o Magneto de Michael Fassbender se envolvem em tramas desnecessárias, com uma piora no caso da personagem feminina, que se torna uma figura digna de inspiração mas que não consegue sustentar esse ideal de lenda viva, mesmo que tal situação gere um argumento de dicotomia, desconstruindo a figura do herói idealizado.

    Nesse ínterim, é até esperado que um vilão que não tem qualquer carisma consiga dominar corações e mentes. A versão ressuscitada de En Sabah Nur (ou Apocalipse) ocorre após uma coincidência incômoda, quando faz despertar o personagem de Oscar Isaac em uma situação boba e que poderia ter ocorrida em qualquer momento da história, bastando somente que o artefato mágico recebesse luz solar, como aconteceu com a invasão de Moira MacTaggert (Rose Byrne).

    X-Men Apocalipse ciclope noturno jean grey

    Dentre os elementos irritantes da trama rivalizam a inteligência limitada de MacTaggert, que tanto nos quadrinhos quanto nos filmes anteriores havia se mostrado uma pessoa hábil e inteligente, enquanto neste revela apenas uma moça com bons contatos. Além disso, claro, o overacting terrível que Isaac desempenha, com direito a distorção de voz comparável aos efeitos usados por programas de entrevistas famosos a fim de esconder a identidade do interrogado. Apocalipse falha como figura de ódio e temor, especialmente quando recruta seus asseclas e exceto no trato com Magneto, convencendo-o não por força, mas por ideologia, se aproveitando da fragilidade de sua alma com a perda recente de sua nova tentativa de vivência normativa.

    Ao menos no quesito ação, Bryan Singer está afiado. A cena de aparição de Wolverine é interessante e ajuda a explicar o elo deste com Jean e Ciclope. A violência da curta cena arrebata o público, e não tem qualquer pudor em mostrar sangue, adrenalina e a fúria assassina do personagem selvagem, ainda que seja moderada, quase como uma reprise de X-Men 2.

    X-Men-Apocalipse magneto

    Apesar de ser um filme de equipe, a jornada heroica certamente é mais focada em Xavier, em uma superação do patamar de herói clássico, que também ajuda a construir a figura de orientador e mestre. Na mesma medida em que Lawrence e Fassbender não são exigidos pelo roteiro, o desempenho de McAvoy consegue sobressaltar, inclusive, a falta de inspiração costumeira de Nicholas Hoult como Fera, servindo como peça fundamental não só da obsessão do vilão – aliás, único aspecto justificável em seu grandiloquente plano master – como também da relação com os alunos, em especial com a jovem Jean.

    X-Men: Apocalipse é a prova cabal de que a proximidade entre lançamentos de filmes semelhantes pode denegrir o produto, em especial para o público geral, que pode, ao final da sessão, entrar em outra sala para assistir a Capitão America: Guerra Civil, mesmo que seu tema não tenha tanto a ver com o de seus concorrente. Os retcons e mudanças na concepção soam mais irritantes que no filme anterior dos mutantes, e mesmo a versão de Singer para o mito da Fênix é tímida e explorada fracamente, possivelmente sendo guardada para o futuro.

    A pieguice toma a construção da conclusão, sendo o desfecho mais fraco da cine-série, mas que não denigre a parte escapista e descompromissada do drama. Com momentos de ação de tirar o fôlego e apuro bem competente nos efeitos especiais, também possui uma quantidade exorbitante de fan service, que, ao menos, são entregues em momentos cabíveis, compondo um filme óbvio, mas não decepcionante.

  • Crítica | Como Sobreviver a um Ataque Zumbi

    Crítica | Como Sobreviver a um Ataque Zumbi

    Como Sobreviver a um Ataque Zumbi1

    Se valendo da recente zumbiexploitation e apelando para uma qualidade de humor leve poucas vezes tão bem construída, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi começa anedótico e escrachado, com uma introdução mostrando o início da contaminação, em um hospital, debochando do conceito de marco zero, geralmente usado em teorias relacionadas ao apocalipse dos mortos vivos.

    Christopher Landon organiza seu filme a partir de uma premissa simples, utilizada ao extremo nos últimos anos, que guarda em si um número enorme de fracassos. A jornada do herói acompanha o trio de amigos, e escoteiros desde a infância, Ben (Tye Sheridan), Carter (Logan Miller) e Augie (Joey Morgan). Motivos de piada, Ben e Carter tentam fugir do acampamento para ir a uma festa secreta a procura de garotas, esforço ocorrido apenas para perceber que a cidade está infestada pelos mortos errantes.

    Todos os aspectos que lhe são proibidos graças a pouco idade, passam a não ser mais alvos de transgressão. Se em Despertar dos Mortos, Romero aludia a prisão do homem junto ao capitalismo selvagem, Como Sobreviver a um Ataque Zumbi serve de símbolo de libertação sexual para os adolescentes, claro, sem apresentar qualquer seriedade em sua proposta. O primeiro destino da dupla é um bar de striptease, onde o intento de ver moças nuas não é totalmente alcançado, ainda que a valia da visita garanta a eles a ajuda da voluptuosa garçonete Denise (Sarah Dumont), que ruma junto a eles na direção de uma possível saída daquele pandemônio.

    A coleção de clichês relativos aos personagens é completamente ofuscada diante das gags cômicas sexuais absurdas, que brincam principalmente com os hormônios em ebulição dos rapazes. Mesmo o uso de estereótipos é funcional, vide a cena da invasão da casa de uma senhora dos gatos, incluindo aí o ataque de felinos zumbis.

    Há até um cuidado da produção em usar poucas armas de fogo, predominando armas brancas e bugigangas improvisadas, semelhantes as usadas pelos irmãos Gecko em Um Drink no Inferno. Tal aspecto parece bobo, mas demanda uma preocupação com a lógica, ainda que a ideia do longa seja fazer troça com o conceito pop dos zumbis. A classificação indicativa alta é devido a violência extrema, já que mesmo aplacado pela aura de comédia, há muito do gore, além das citadas referências sexuais.

    O resultado final de Como Sobreviver a um Ataque Zumbi é uma fita repleta de carisma, piadas inteligentes e repleto de celebridades como David Koechner, cujas situações não soam forçadas, por mais inverossímeis que possam parecer, com fatores que causam riso na platéia amarrados sob uma égide sacana, semelhante aos melhores e mais inspirados momentos de franquias como Porkys, American Pie e Picardias Estudantis, servindo como uma ótima paródia de um tema que se tornou tão popular nos últimos anos.

  • Crítica | Lugares Escuros

    Crítica | Lugares Escuros

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    Adaptação da obra de Gillian Flynn, Lugares Escuros é o sétimo filme do francês Gilles Paquet-Brenner, e tenta de maneira nada sutil emular as características do outro filme adaptado do romance da autora, passando longe de todas as qualidades positivas vistas em Garota Exemplar.

    O roteiro, assinado pelo próprio Paquete-Brenner, é bastante didático, mas não compreende as etapas interessantes do romance original, já que todo o arquétipo de moça traumatizada, presente no ideário de Libby Day, é discutido de modo bastante rápido. O passado da personagem de Charlize Theron mostra-se por meio de flashbacks que desenham um background profundo, ao menos em comparação com todo o restante da construção do seu ethos. O grave problema do roteiro é não oferecer ao público o interesse na realidade de Libby, já que ela não é uma figura charmosa, do alto de sua misantropia idealizada; pelo contrário: somente lembra uma mulher sem carisma, tanto na falta do usual quanto nas versões alternativas, como em sua fascinação pelo insociável.

    A aura do filme é bastante semelhante ao de outro filme de David Fincher, Zodíaco, especialmente pela fotografia de Barry Ackroyd, que emula genericamente os bons momentos de Harrys Savides. Os pedaços abordam o passado envolvendo Ben Day – vivido na fase adulta por Corey Stoll e na juventude por Tye Sheridan, já demonstrando fisicamente a diferença de ideários entre as encarnações – e seu suposto culto satânico, que revelaria aos poucos a realidade a respeito do crime.

    Outro fator errático é a falta de suspense em relação à autoria do massacre dos Day, explicitando de modo óbvio que o homem preso não é exatamente a figura que é pintada como o culpado-mor. O ódio do sujeito conservador é observado em discussão com a futilidade juvenil e rebeldia sem causa, mostrados ambos aspectos como fatores primos, com as faces da mesma moeda e partes inexoráveis do mesmo universo.

    No entanto, todo o entorno da personagem principal é demasiado sensacionalista e não consegue repetir os bons argumentos de Garota Exemplar. Lugares Escuros tinha tudo para ser o que Medo da Verdade foi para Sobre Meninos e Lobos, mas se perde em meio a uma condução confusa, que torna a história em uma busca frenética, desesperada e cafona por redenção e que usa o perdão como alicerce para um drama fraco. Um filme que serve para louvar ainda mais os méritos de Fincher, que conseguiu adaptar melhor a literatura de Flynn.

  • Crítica | Amor Bandido

    Crítica | Amor Bandido

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    O terceiro longa-metragem de Jeff Nichols começa utilizando a infância como alegoria para o início da existência, mas sem poupar o público, pois a mocidade é retratada sem muitas fantasias ou idealizações. A crise, os amores e relacionamentos mal resolvidos resvalam nos pequenos protagonistas, Ellis (Tye Sheridan) e Neck (Jacob Loflan) – e os influenciam negativamente na puberdade de ambos. O inferno astral a que Ellis é submetido o deixa anestesiado e carente, e por isso ele não estranha a presença de um elemento desconhecido nas redondezas de sua pequena cidade.

    A casa de Galen (Michael Shannon, mais uma vez em um filme de Nichols), tio de Neck, é a representação visual da decadência típica da cidadezinha: um lugar sujo, imoral, hostil, e pervertido. Até o sexo, que poderia ser algo belo, é tratado de forma degradante, sem o mínimo de romantismo ou tato. Os habitantes do lugarejo parecem parados no tempo, estacionados no pior momento de suas vidas.

    O anti-herói, personificado por Matthew McConaugh, está foragido e utiliza a floresta como esconderijo, onde se encontra com a atenção máxima em tempo integral. O único auxilio e as únicas mãos amigas que encontra, até então, partem dos dois meninos. Mesmo sem conhecê-lo, Ellis se doa inteiramente para que o enlameado Mud fique o mais confortável possível – a procura do infante é por alguém do mundo adulto que não o fira sempre que houver uma tentativa de aproximação de sua parte. As tonalidades escolhidas por Nichols para retratar os locais comuns ao menino sintetizam suas sensações: enquanto que em sua casa, o local incômodo, predominam as cores marrom e cinza, as cenas na floresta onde ele está com o seu igual são vivas, prevalecendo o verde e o amarelado da blusa do novo amigo.

    O modo como Mud pensa e desenvolve sua vida demonstra que ele não tem todas as propriedades de raciocínio típicas de um adulto. Apesar de não possuir a inocência dos meninos, seu discernimento é igualmente imaturo e inconsequente, e este é o motivo que o faz se identificar tanto com eles, pois ambos carecem de uma segura figura paterna – o presente do fugitivo poderá vir a ser o futuro do jovem rapaz.

    O ancião Tom, interpretado por Sam Shepard, é uma das poucas vozes lúcidas perto do personagem-título. Suas palavras evidenciam o quão imprudentes e levianas são as motivações de seu antigo protegido, e ao receber a verdade, Ellis nega tudo, como sua contraparte mais velha faz. Mud não consegue mudar, somente se enreda no círculo vicioso em que está. Sua decepção com a rejeição coincidentemente ocorre em paralelo com a bronca do pai em Ellis, e ambos se mostram como excluídos dos sentimentos e relações que tanto apreciavam. A aproximação dos dois serve como uma simbiose.

    Juniper (Reese Witherspoon), a antiga namorada do protagonista, é a representação da covardia humana e da falta de coragem para arcar com os desejos do coração, não só para o homem, mas também para Ellis. O menino se decepciona com tantas rejeições e culpa a si mesmo – no caso, a contraparte do que poderia vir a ser: Mud. Na fuga que tenta fazer de si mesmo, o anti-herói cai num covil de serpentes, onde é envenenado, numa simbologia clara à inexorabilidade do enfrentamento de seus próprios problemas. Fugir, no caso, é a pior das soluções. Ao ver o menino em apuros, o personagem principal larga o arquétipo anti-heroico e veste a capa do clássico salvador. Mal pensando em si, corre para acudir o amigo e se torna visível para aqueles que o procuram, mas, dessa vez, não se preocupa em ser finalmente pego.

    Após todas as reviravoltas, Ellis vê a chance de mudar sua vida. O rapaz, que antes temia o divórcio dos pais, se vê nesta situação e parece não ter mais receio da nova condição. Assim como Mud, ele resolve deixar os medos e o passado de lado para finalmente evoluir e viver a própria vida, ainda que as agruras e os erros futuros estejam garantidos.

    Amor Bandido é um filme sobre deslocamento, sobre a tentativa de encontrar um lugar no mundo. Mensagens presentes também em Shotgun Stories e O Abrigo do mesmo Jeff Nichols, mas que em momento algum são repetitivas, em razão da ótima forma de abordar as necessidades humanas com a qual o realizador exerce em seus roteiros autorais.