Crítica | Entourage: Fama e Amizade
Dirigido por Doug Ellin, criador do seriado de mesmo nome, Entourage: Fama e Amizade começa frenético, sem pausas para explicações, como um grande episódio de retorno de temporada. Com mudanças drásticas nas relações do quinteto que envolve Vincent Chase (Adrian Grenier), o filme ignora as consequências dos eventos mostrados no traumático ano de cancelamento do telesseriado, em 2011.
Após uma mini-introdução, acompanhada de Superhero de Jane’s Addiction, música que também abria o programa, prossegue a história de Eric “E” Murphy (Kevin Connolly), Turtle (Jerry Ferrara), Johnny Drama (Kevin Dillon) e Ari Gold (Jeremy Piven), além do retorno de dezenas de coadjuvantes e, claro, algumas aparições de famosos, marca registrada do produto da HBO.
Retomando os temas da oitava temporada, (ou quase isso), estabelece-se o divórcio de Vinny, assim como a ascensão de Ari ao posto de chefe do estúdio, a despeito de suas belas intenções de dedicar mais tempo ao seu casamento. O argumento resgata grande parte dos plots do último ano, ainda que leve em conta a evolução dos personagens. O roteiro de Ellin e Rob Weiss resgata a vontade do ator em tornar-se diretor, usando o artifício como rito de passagem, aludindo as situações conturbadas que envolvem a produção de filmes, como os estouros de orçamento e pedidos recorrentes de mais aporte financeiro para terminar edição, montagem e pós produção.
A rotina do quarteto prossegue a mesma, com festas cheias de regalias, mulheres com pouca roupa, além dos dois estarem cercados dos agregados da fama de Chase, festejando sempre, mesmo diante de um iminente fracasso. A expectativa em relação a Hyde acaba servindo de comentário metalinguístico para a transposição do seriado para as telas de cinema, ainda que os motivos para um possível fracasso do longa ficcional passem longe da problemática de Entourage – Fama e Amizade.
A força do programa era pautada na multiplicidade de protagonistas, e o filme cai no erro recorrente das transposições dos dramas televisivos para o cinema ao dividir mal os dramas das personagens, que acabam por ser pouco interessantes ou caros. A profundidade que é bem trabalhada em 96 episódios parece frívola nos 100 minutos de duração do longa-metragem, especialmente graças ao script que não justifica o fato de ter sido filmado e executado desta maneira.
As sequências na premiação do Globo de Ouro guardam momentos que deveriam ser ternos e repletos de sentido para quem acompanhou a trajetória de “E” e Vince, mas que se perdem em meio a colagens de figuras extremamente famosas mal encaixadas em um filme que deveria ser sério, assim como ocorre na cena pós créditos. O longa de Entourage fracassa tanto em trazer um significado maior aos fãs mais antigos, quanto em nada significar para quem jamais viu a série. As figuras de destaque anteriormente nada brilham nesta nova versão, o que justifica plenamente a baixa bilheteria caseira e a falta de apelo do longa. Se Ellin tivesse entregue a direção a um cineasta mais imponente, talvez lhe sobrasse mais tempo para trabalhar no texto de continuidade no texto que lhe fez famoso. Mas, ocorre o contrário: seus esforços só fazem banalizar a trajetória dos agregados de Vince Chase, inclusive a do próprio showrunner e pretenso realizador.