Crítica | Esquadrão Classe A
A introdução dos personagens é perfeita: o Coronel (Neeson), Bosco B. A. (Quinto Jackson), Cara de Pau (Cooper), Murdock (Sharlto Copley), além do furgão é claro – o panteão de personagens é muito bem reprisado e as consequências de ação iniciais são eletrizantes e já mostram a que vieram. A perseguição com helicópteros é muito bem filmada – até o anúncio dos créditos iniciais ambienta o espectador no mundo do A-Team, a aventura a ser mostrada é despretensiosa, escapista e descompromissada com qualquer mensagem mais profunda, o tom leve do seriado oitentista é muitíssimo bem atualizado por Joe Carnahan e seu elenco, muito bem encaixado, peça por peça. Esquadrão Classe A reitera todo o conteúdo humorístico da série original com uma competente aura moderna em torno de si.
Neeson faz um Hannibbal Smith parecido com o original, mas com um acréscimo de carisma tipico seu, ainda que sua especialização em filmes de ação não o faça repetir o mesmo estereótipo em filmes diferentes. Ele consegue passar a sensação de liderança que um mentor precisa ter, ao mesmo tempo que concentra em si o protagonismo da história – sua liderança se destaca ainda mais em meio a crise que o grupo passa os valores de unidade, amizade e companheirismo são as sensações focadas na fita de Carnahan. O resgate dos membros da equipe é tão eletrizante quanto as outras cenas de ação. A metalinguagem presente na fuga do Capitão Murdock é emocionante para os fãs da série original. As piadas internas, os medos do quarteto a ambientação, tudo é muitíssimo respeitado.
Até se ensaia uma reflexão mais profunda relativa a real necessidade de violência na resolução de conflitos e a natureza assassina dos homens fardados, mas o enfoque real é no clima de matinê, nos feitos incríveis e situações fantasiosas, com veículos que pesam toneladas transpassando o ar como se fossem feitos de papel ou repousando sobre o mar acompanhados de um para-quedas a tira-colo.
É lastimável que o filme não tenha ido bem de bilheteria nos Estados Unidos, o que praticamente inviabiliza uma continuação – mesmo com o gancho presente nos últimos minutos de ecrã. As referências, a reverência, as homenagens, tudo que é registrado pela lente de Joe Carnahan é absolutamente respeitoso – especialmente a cena pós-créditos – e atualizado para o novo público amante de filmes de ação, acostumado às fitas com Vin Diesel, Jason Statham e Dwayne Johnsonn. O diretor soube revitalizar o tema sem feri-lo ao ponto de torná-lo indistinguível do original, e o perigo era grande, vide o que ocorreu com a franquia Missão Impossível – e talvez o “erro” cometido por ele para que o filme não fosse sucesso de público, seja o de não incluir em sua fórmula os clichês teen típicos de seus concorrentes blockbusters de 2010, mas Carnahan prosseguiria realizando bons filmes como A Perseguição, além de estar cotado para dirigir o filme baseado no quadrinho de Mark Millar, Nemesis.