Crítica | Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro
Fabrício Bittar há pouco trouxe à luz Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, baseado no livro de Danilo Gentili e dividiu opiniões com esse filme, mais por conta da persona que o humorista e apresentador de talk show produz do que pela qualidade do seu filme. Pouco mais de um ano depois, chega a comédia misturada a elementos de terror Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro, também protagonizada por Gentili, acompanhado dessa vez por seus companheiros de The Noite: Léo Lins e Murilo Couto, além de contar com a presença de Dani Calabresa. Juntos, eles formam os Caça-Assombrações, um grupo de impostores, com Fred como líder ( Lins), o engenheiro Jack (Danilo), a paranormal Caroline (Calabresa) e o contra-regra Túlio (Couto), os quatro gravam vídeos ao estilo Reality Show e lançam no YouTube, mas tem tido cada vez menos visualizações.
O chamado a aventura começa quando eles recebem a ligação de um colégio, Isaac Newton, cujo diretor é interpretado por Siqueira Junior, onde aparentemente acontecem fenômenos sobrenaturais de verdade, aliás, mostrados em uma cena inicial bem violenta, repleta de sangue e bem pouco comum ao cinema de terror nacional recente.
Aliás, apesar de ser reverencial a filmografia de horror e a cena que o país tem – inclusive colocando easter eggs ligados a José Mujica – Bittar aparentemente revela uma verdadeira obsessão por uma cinematografia de terror gringa, para muito além do que é feito nos Estados Unidos. A forma como a história é conduzida e como o sangue é utilizado dramaticamente lembra os primeiros filmes de Peter Jackson como Trash: Náusea Total e Fome Animal, além de remeter também aos filmes italianos de terror como Holocausto Canibal (embora aqui não ocorra tantos assassinatos, mas manifestações do além).
Algumas falas e piadas se destacam, como quando Jackson antes de toda a ação começar diz que o grupo precisa amadurecer seu show e abordagem, e isso realmente é visto dentro do filme, até por conta do enorme volume de piadas infames e óbvias (nem todas são ruins, aliás, as ditas por Lins por exemplo tem um ótimo timing cômico), mas sim pela questão de não ter receio de produzir um filme sanguinolento, escatológico e que certamente o público mais moço não poderá usufruir, vide a classificação etária. Apesar do humor juvenil, certamente boa parte da plateia não poderá vê-lo, ao menos não sozinho e essa decisão é bem corajosa tanto da produção quanto da Warner Bros que ajudou a bancar o projeto.
A fotografia de Marcos Ribas ajuda a fazer toda a violência mais real, os efeitos especiais são excelentes, em especial os que tornam Pietra Quintela na vilã Catarina/Loira do banheiro. Os sustos são realmente engraçados, assim como as explosões, lesões e decapitações, além de ter pelos menos duas ou três cenas memoráveis, uma envolvendo um feto de laboratório, que lembra muito Uma Noite Alucinante 2 e Uma Noite Alucinante 3: Army of Darkness, e outra mais escatológica, protagonizada por Digão Ribeiro. De negativo, há a participação de Antonio Tabet no papel de sabichão, algo comum nos filmes de terror metalinguísticos, mas nada que impeça Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro de ser uma obra divertida, madura e muito bem resolvida.
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