Review | Star Wars: Guerras Clônicas
Animação pensada por Genddy Tartakovsky, criador do cartoon que misturava elementos futuristas com o classicismo da Japão Feudal, Star Wars – Clone Wars (ou Star Wars – Guerras Clônicas) iniciou-se de modo despretensioso, com episódios bem curtos, quase como vinhetas, que apesar da duração diminuta acrescentavam bastante em termos de roteiro, ao canône do que se veria na nova trilogia, na maioria dos pontos, adicionando muito mais a trama do que os combalidos dois filmes anteriores, A Ameaça Fantasma e O Ataque dos Clones.
Nesses episódios que se vê a evolução da relação entre Palpatine e Anakin, com a nomeação do ainda aprendiz a comandante, onde finalmente ocorre sua liderança em uma batalha aérea, fato que finalmente justificaria sua fama como bom piloto. Elementos clássicos também seriam resgatados, como a exploração da raça dos Mon Calamaris, os crustáceos que tem no Almirante Ackbar de O Retorno de Jedi o seu maior expoente.
Muitos outros elementos visuais são reutilizados, com a do caçador de recompensas Durge, que serve junto atropa do Gen’Dai, sendo este um ser bastante poderoso, com uma capacidade de regeneração fator que o transforma em quase indestrutível. O bodyhunter decide se alistar aos separatistas de Conde Dooku e aos separatistas. A exploração de sua figura se daria em outras mídias, assim como a da díscipula sith, Asajj Ventress, uma darthomiriana perita no lado sombrio da força, que empõe dois sabres de luz e que supostamente participaria de A Vingança dos Sith dirigido por George Lucas.
Os defeitos das sequências envolvem a sub utilização dos androides como elemento narrativo – fator comum ao programa de tv homônimo, com animações em 3D lançado em 2008 – além de subestimar algumas figuras retratadas com respeito, como o Capitão Panaka, facilmente persuadido pelos truques de controle mental jedi. No entanto, alguns bons momentos são flagrados, como uma utilização melhor da ação de Yoda em batalha, ainda que sua disposição em lutas seja algo contraditório para o arquetipo de mentor/mestre zen.
O acréscimo do General Griveous como figura de ameaça era estupendo, tanto que gerou nos fanáticos pela franquia a expectativa de um bom opositor, promessa jamais cumprida. O líder da Confederação de Sistemas Independentes se mostra um assassino voraz, encerrando a carreira de muitos jedi, em combates bastante violentos, mesmo para um desenho animado.
A proposta desta versão de Clone Wars é servir de prólogo, nem resultar em algo conclusivo por si só, já que o caminho do meio entre dois episódios fechados, mas curiosamente consegue resgatar mais alma principalmente em Anakin Skywalker, do que a versão em carne e osso de Hayden Christensen. As representações de povos nativos fazem lembrar até sucessos posteriores, como em Avatar. As três temporadas fariam tanto sucesso, que inspirariam mais spin offs, com direito a um longa-metragem, lançado em 2008, e mais uma série, de seis temporadas e 121 episódios, cuja proposta se tornou bem diferente do originalmente pensado por Tartakovsky.
O fato de algo organizado apenas para ser um entretenimento entre atos funcionar melhor e conter mais substância e material para discussão do que longas metragens inteiros, concebidos para passar na tela grande, demonstra não só a força de Guerras Clônicas, mas também a decadência terrível pelo qual passava George Lucas, que via em produtos feito por outros uma melhor interação com o universo que ele criou para si. No mais, a animação conseguia com quase palavra nenhuma resumir o caos que a galáxia estava em meio à guerra, não ignorando os inocentes que sofriam pelo estado bélico além de ter um conteúdo divertido e com aventuras escapistas bem interessantes e leves.