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  • Crítica | Se Beber, Não Case! – Parte II

    Crítica | Se Beber, Não Case! – Parte II

    Depois da arrecadação de bilheteria do primeiro filme era óbvio e evidente que Tod Phllips iria repetir a fórmula de sucesso. A continuação tem o mesmo esqueleto narrativo e os mesmos tipos de conflito, mas dessa vez em terreno selvagem e com uma interação um pouco maior entre os personagens. O escopo de escrotidão e exageros aumentou consideravelmente e, por esse motivo, Se Beber, Não Case! Parte II merece ser assistido.

    O roteiro pode parecer pueril e sem substância, mas toca em muitos temas capciosos, discutindo estereótipos raciais, uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas, overdose, amnésia alcoólica, utilização de medicação prescrita sem autorização médica, “homossexualismo”, violência urbana e crimes internacionais. Discute também a universalidade de piadas sexuais, que a priori seriam entendidas por qualquer um independente de nacionalidade ou idioma.

    As viagens e devaneios de Alan (Zach Galifianakis), especialmente quando está meditando, mostram um pouco de sua psique, e como enxerga de forma particular o mundo. Ao viajar por sua mente, enxerga a si e aos amigos (Chow, Stu, Phill e Doug) como crianças – essas cenas tornam croncreto o que já era óbvio ao público: a forma de Alan enxergar a vida é infantil. Mas até ele supera muitos obstáculos – como o medo de se distanciar de seus amigos – e perdas – como o chapéu roubado e o macaco baleado, com a clássica frase de despedida emocionada – “queria que macaquinhos usassem Skype, talvez um dia…”.

    A jornada do herói dessa vez é centrada em Stu (Ed Helms): ele continua inseguro mesmo após a experiência em Las Vegas, e considera aquele episódio um grande erro – mesmo que este tenha levado-o a se separar e encontrar sua nova esposa. Sua condescendência agora é exercida à figura do pai da noiva, que o humilha sempre que tem oportunidade. O roteiro mostra o desenrolar da recuperação de sua autoestima perdida, muito ligada à aceitação do que ele é: um sujeito que parece contido, mas que internamente abriga um demônio que o faz se envolver com prostitutas, e também possuindo o poder de resgatar memórias suprimidas pelo uso contínuo de drogas soníferas.

    Um fato curioso é que o tatuador de Bangcoc seria interpretado por Mel Gibson, mas graças às últimas declarações afáveis aos judeus, sua participação foi proibida pelos produtores do longa.

    A maior participação de Ken Jeong fazendo Chow torna o filme mais engraçado ainda: seu personagem rivaliza com Alan pelo posto de caracterização mais hilária e esquisita. Mais uma vez a química entre Cooper, Galifianakis e Helms é o ponto alto do filme, que, ao seu final, repete o desfecho do primeiro, mostrando as fotos da fatídica noite perdida. Se Beber, Não Case! Parte II é uma versão maior, melhor e sem pudor de uma comédia de erros.

  • Crítica | Se Beber, Não Case!

    Crítica | Se Beber, Não Case!

    hangover

    Um filme pequeno, sem grandes pretensões que alcançou o posto de comédia censurada para maiores de 18 com maior bilheteria da história do cinema – algo em torno de 458 milhões de dólares. Foi responsável por alçar seu diretor Todd Phillips e o elenco principal ao estrelato. A comédia de erros aliada ao humor politicamente incorreto e sem frescuras garantem a graça para praticamente todos os públicos, mas analisar o sucesso de Se Beber Não Case somente por isso é simplificar o bom trabalho da produção.

    O diferencial desta fita começa pelas filmagens in loco. Em tempos em que até séries de TV de baixo orçamento utilizam-se amplamente de CG, ver um filme com tamanha qualidade artesanal e sendo registrado nos cenários reais é no mínimo louvável. Poucas obras cinematográficas conseguiram capturar o clima e o espírito de Las Vegas como aqui, e isso empresta muita credibilidade à trama principal.

    Logo no começo é mostrado o “bando de lobos” metidos num apuro absurdo, e este é o lugar comum do grupo: em meio à agitação, loucuras, bebedices, prostituição, vida desvairada. O espectador é convidado a mergulhar na história junto com os “heróis”.

    Após acordar da ressaca, Stu – personagem de Ed Helms – é mostrado de frente por uma steadcam, imitando a sensação de tontura após uma noite de excessos, este é um ótimo recurso para mostrar como são os hábitos da trinca de protagonistas. A história explora basicamente a relação desse estranho grupo e como eles aprendem a viver suas vidas sem muito desprendimento moral.

    Alan (Zach Galifianakis) é infantil, insano e algumas vezes até irracional, suas tiradas são a melhor coisa do filme: “Se masturbar no avião é mal visto graças ao 11 de Setembro, obrigado Bin Laden”, “Tigres adoram pimenta, mas odeiam canela.”, ou quando este encontra Chow, um personagem oriental que os ataca: “Pare de me bater, eu também odeio Godzilla, ele destrói tudo”. Seus hábitos, sua bolsa de Indiana Jones e trejeitos efeminados, além da clara falta de convívio social fazem dele um personagem riquíssimo, que foi incorporado a praticamente todos os papéis de Galifianakis. Phil (Bradley Cooper) é um professor casado e entediado, que busca uma noite memorável enquanto Stu vive sua vida mais ou menos, controlado por uma mulher que o destrata o tempo todo. Os três precisam de algo mais, principalmente a libertação de si mesmos. A química entre o elenco é o fator primordial para que a fórmula dê certo, Helms, Galifianakis e Cooper formam um time entrosado e tudo se encaixa graças a eles.

    O conjunto de absurdos que acontecem no desenrolar da trama e suas desventuras tornam tudo ainda melhor, pois a empatia pelo trio é quase automática da parte de quem vê.  Se o espectador mais crítico forçar um pouco, dá até para achar semelhanças entre o filme e “Os Boas Vidas” de Federico Fellini, obviamente deixando de lado o estofo da película italiana. Ambos têm temas parecidos, explorando a boêmia como estilo de vida e fuga da realidade, por vezes cruel – e claro que o caráter e a mensagem final são completamente diferentes.

    Próximo do final, Stu enfrenta seus fantasmas e tem uma atitude, demonstrando que após toda aventura, ele evoluiu. Os créditos finais com as fotos mostrando as lacunas perdidas devido à amnésia do grupo se consolida como um desfecho magnífico para a noite épica dos amigos.

  • Crítica | Se Beber, Não Case! – Parte III

    Crítica | Se Beber, Não Case! – Parte III

    the-hangover-part-iii

    O último capítulo da Saga Hangover começa de forma grandiosa, nas primeiras cenas o público tem uma prévia do que está por vir. Todd Phillips opta por fugir do lugar comum em que a franquia estava, sai de sua zona de conforto e explora pela primeira vez uma história fora de sua fórmula usual.

    Dessa vez a jornada heroica cabe a Alan – Zach Galifiniakis. Suas atitudes impensadas dão início a uma cadeia de eventos, que culminaria em uma tragédia familiar. Após o ocorrido, é mostrado um pouco do background do personagem, e escancara algo que antes já era apenas sugerido: os problemas de ordem mental de Alan. A situação se agrava pela recusa dele em tomar seus remédios prescritos. Stu, Phill e Doug voltam para tentar conscientizá-lo de que precisa se tratar, e as desventuras do grupo começam a partir daí. Os absurdos e as tiradas únicas do protagonista ainda são frequentes, as gags e piadas de humor ácido continuam afiadas, mas o foco na evolução do personagem mais memorável da série é o mais importante.

    Mesmo sendo uma fita de comédia, nessa continuação os gêneros acabam se misturando. Em alguns momentos é um filme de assalto, em outros é de espionagem, contém elementos de drama em quase toda sua totalidade, etc. O roteiro toca em temas pesados como psicopatia, esquizofrenia, assassinato, latrocínio, criminalidade internacional, rixas entre criminosos, assim como nos filmes anteriores, mas dessa vez o enfoque é um pouco menos superficial.

    A qualidade na direção aumentou muito, Todd Phillips evoluiu a olhos vistos e o seu script – unido a Craig Mazin – está mais maduro e assim como seus enquadramentos, o realizador parece querer demonstrar as suas influências, pegando emprestado estilos e modos de filmar de seus contemporâneos – o repertório de imagens emula desde Christopher Nolan, a Sam Mendes e Paul Greengrass, ainda que em um tom de paródia. Sua câmera deixou de ser tão estática, agora ela é móvel e viaja junto com os personagens. Certamente esse é o episódio mais épico e bem realizado da franquia.

    Mais uma vez a química entre Bradley Cooper, Zach Galifiniakis e Ed Helms provou-se eficaz. Mesmo as pequenas participações de Heather Graham e do Bebê Carlos enriquecem a trama. Ken Jeong e seu Leslie Chow ganha ainda mais destaque, seu personagem é o melhor explorado (fora o trio de protagonistas), e tem até bastante substância, guardadas as devidas proporções.

    O espectador que procura uma comédia despretensiosa certamente irá rir muito nesse Se Beber, Não Case! – Parte III, mas o filme é realizado para o fã dos personagens, pois demonstra como cada um dos integrantes da alcateia está após tantas aventuras juntos, o quanto a relação entre eles se fortificou e tornou-se algo estritamente necessário e simbiótico. E o final extraordinário mostra que não importa o quanto eles podem crescer e evoluir, não há como fugir ou negar a própria natureza.