Resenha | Foras da Lei…
Você vai curtir essa coisa maluca (no ótimo sentido da palavra): Foras da lei barulhentos, bolhas raivosas e algumas outras coisas que não são tão sinistras, quem sabe, dependendo de como você se sente quanto a lugares que somem, celulares extraviados, seres vindos do espaço, pais que desaparecem no Peru, um homem chamado Lars Farf e outra história que não conseguimos acabar, de modo que talvez você possa quebrar esse galho. O candidato a livro com titulo mais extenso é uma compilação de 11 contos contemporâneos da editora Cosac Naify.
Um livro estranho com trabalho gráfico lindo e duas capas (uma delas destacável). A capa fixa tem apenas a foto de um monstrengo verde numa convenção perdida de cosplayers falidos. A destacável tem este imenso título ordenado em cores brilhantes e, na parte interna, um mini conto incompleto do autor Lemony Snicket (Desventuras em Série e Quem Poderia Ser a Uma Hora Dessas?), convidando (provocando) o leitor a completar a trama (na própria capa) e enviar para a editora (algo que não sei se funciona, já que o livro foi lançado em 2012).
Dito isso, a tônica é infanto-juvenil, mas tem um pé adulto e peludo no desenrolar dos contos fantásticos. Pudera, com esse time: Clement Freud, George Saunders, James Kochalka, Jeanne Duprau, Jon Scieszka, Jonathan Safran Foer, Lemony Snicket, Neil Gaiman, Nick Hornby e Sam Swope. Todos equipados com convidados ilustradores pra dar um toque imagético entre as páginas.
Não basta o diferente na parte física do livro, alguns dos contos têm também propostas visuais inusitadas, como uma história em quadrinhos maluca de James Kochalka e um miniconto de Jon Scieszka feito todinho com slogans de produtos norte-americanos.
Destaco o conto de Neil Gaiman: O pássaro-do-sol. Se o ler e não o amar, você está morto por dentro. Leitura de diversão que flutua por pouco mais de 3 horas. Se você estiver saindo de algum livro denso, use este como refresco, certamente não se arrependerá. Colecionadores de conto: saiam um pouco das antiguidades e constatem a qualidade de quem vive e escreve no agora.
Então, a partir de hoje, após pensar muito em como resenhas são chatas e, às vezes, longas e líricas (!?!), inauguro com esta minha proposta de analisar apenas livros de contos, de forma rápida e tentando acrescentar algo diferente. Blargh… Vamos em frente. Beijos, beijos.
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Texto de autoria de Sergio Ferrari.