Crítica | A Incrível Mulher Que Encolheu
A incrível Mulher que Encolheu, primeiro filme para cinema de Joel Schumacher, se vale de sua estrela Lily Tomlin para viver uma dona de casa suburbana dos Estados Unidos em uma comédia de costumes nonsense. Tomlin é Pat Kramer, a matriarca de sua família, uma pessoa do lar e que gasta seu tempo cuidando de sua casa, filhos e marido, o publicitário Vance Kramer (Charles Grodin), que tem em seu código ético, o ideal do modo de vida americano com a função de ser o mantenedor financeiro e moral de sua família, enquanto à sua esposa, cabe apenas verificar compras mensais, supervisionar o trabalho da babá latina e cuidar da limpeza da casa.
O catalisador da mudança são justamente os compostos químicos de amaciante, sabão em pó e toda sorte de produto de limpeza, pois ao manejar toda essa química, ela começa a gradativamente diminuir de tamanho. O filme era um produto pensado, inicialmente, para a direção de John Landis (Clube dos Cafajestes, Trocando as Bolas, Os Irmãos Cara de Pau). O final de Landis seria bem diferente, e as divergências criativas ligadas sobretudo ao orçamento, o fizeram sair da produção. Em comum com a versão de Schumacher, havia a ideia de discutir o papel da dona de casa, e como na sociedade moderna esse conceito estava defasado, mostrando isso de uma forma leve, engraçada e crítica.
É curioso que o longa tenha semelhanças com Edward Mãos de tesoura, ao mostrar o subúrbio como um cenário de cores muito gritantes e em tons pasteis, especialmente por ter sido Schumacher a ter substituído Tim Burton na franquia Batman. No entanto, por mais que hajam personagens bem caricaturais aqui, o tom de paródia é bem diferente.
Claro que a comédia é mais rasgada que crítica, mas Tolin segura o protagonismo, driblando inclusive a pecha de trocadilho, quanto menor seu corpo fica, mais ela aumenta sua relevância e mais vocifera pela injustiça química que lhe foi imposta. Ainda assim, a sua preocupação é mundana: salvar seu casamento da falência. No programa de televisão que ela participa muitas vezes é ignorada, e isso é uma clara reclamação do roteiro ao modo como se trata as mulheres pelos meios de comunicação.
A Incrível Mulher Que Encolheu gera um bom embate de ideias, entre cientistas e publicitários, sobre o modo como a química invade a vida do cidadão comum, claro, com um argumento tão exagerado que beira o ridículo. Seu final mistura alguns elementos de King Kong, digeridos de maneira jocosa e ainda abre possibilidade para uma nova história com valores diferenciados graças a clara evolução que a protagonista tem ao longo do filme.