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  • Crítica | Kareem: Minoria de Um

    Crítica | Kareem: Minoria de Um

    Documentário da Hbo Sports, Kareem: Minoria de Um é um filme lançado em 2015, dirigido por Aaron Cohen  que começa mostrando uma homenagem ao homem de 2,13m que fez historia dentro e fora das quadras. Acredita-se que nenhuma figura tão forte do esporte como ele era era na mesma medida tão complexa e até controversa quanto ele foi e é. Kareem Abdul-Jabbar tem  recordes de cestas, mas também uma historia diferenciada e inspiradora.

    Boa parte do estudo que é narrado pelo próprio Kareem, que tem presença e carisma. Imaginar que ele quando novo era tímido e excluído é estranho, uma vez que atualmente ele tem uma desenvoltura  monstruosa. A medida que ele foi se enxergando como negro, passou a ir ate o Harlem, mesmo que fosse longe de sua casa, para praticar basquete. As partes em que o ex-pivô fala dos primeiros campeonatos que participou (de maioria branca na época, aliás)  com 14 anos, é emocionante, pois ele percebeu tardiamente que não poderia chorar e se emocionar, pois nas competições adultas, isso era visto como fraqueza.

    Por mais que o documentário seja franco e rápido,  sua intenção é provocar reflexão sobre o tipo de pressão posta em crianças e adolescentes. Na oitava série,  ele conheceu seu idolo, Wilt Chamberlain, e aprendeu muito com ele, mesmo tendo quase a altura do jogador profissional já nessa época. É curioso como pouco ou nada se cita sobre seu nome de batismo de Kareem.

    Somente em narrações dos tempos de amador que se chama ele de Lew Alcindor – na verdade, seu nome era Ferdinand Lewis Alcindor Jr. – e todo o caminho até o Draft de 1969 incluindo seus problemas de visão são explicitados com uma certa riqueza de detalhes, ate mesmo na parceria que fez com Oscar Robertson, que já era um armador veterano quando chegou ao Millwaukee Bucks.

    Foi logo após o titulo que ele assumiu sua mudança religiosa para o islamismo, rompendo com uma tradição cristã, mudando de nome, causando um mal estar com as camadas mais conservadora dos aficionados e personalidades do esporte. Isto causou incômodo ate em sua família, mas a mudança foi politica também,  ele considerava que Alcindor era o nome de escravo dado aos seus, e Jabbar não, era uma pessoa nova, que sabia quem era.

    Kareem é um belo contador de historia, e é sentimental. Quando fala dos quatro anos em que foi treinado por Bruce Lee, onde declara que os dois eram muito próximos, semelhantes e quase almas gêmeas dada a dedicação que tinham com os esportes. E  1973, quando gravou O Jogo da Morte ele ainda jogava pelo Bucks, mas logo voltou para Los Angeles (ja havia jogado na UCLA) onde defendeu os Lakers, mas não sem receber duras criticas da imprensa e não sem enfrentar uma miríade de problemas pessoais. Incrivelmente, o documentário levanta a possibilidade, através do entrevistado Arsenio Hall, amigo do biografado  que o mundo o aceitou melhor após a participação de em Aperte os Cintos o Piloto Sumiu.

    O filme tem um formato quadrado, mas serve bem demais a quem não conhece nada sobre o ícone que Abdul-Jabbar foi, em especial as críticas que sofria por defender mal, mas o maior mérito obviamente envolve o louvor ao seu jogo, ao “gancho” que ele fazia, ao pular e se projetar 2 metros e 40 , admirado por tudo e todos, e indefensável segundo Larry Bird, seu rival de anos pelo Boston Celtics. Além disso, se dedica um tempo especial ao imparável Lakers com Magic Johnson, que tietava Kareem e outros  o ataque era bem distribuído, e por mais que os egos conflitassem , havia um espirito de parceria e cumplicidade grande ali.

    Uma coisa é indiscutível, com o tempo o jogo de Kareem se tornou mais plástico, mais bonito, ainda assim competitivo, ao ponto dele finalmente ultrapassar seu heroi Chamberlain como maior cestinha da historia. A descrição mais usada para si é de um balé. Também se destaca a decadência e retorno ao bom jogo em 1985, quando passou a se dedicar mais a defesa. Por mais que esteja longe da perfeição e soa datado mesmo sendo recente, Kareem: Minoria de Um é uma ode a um atleta que sempre foi solitário, e que entrou para a história do esporte mundial para muito alem de estatísticas e números, uma vez que ele ajudou a popularizar a NBA para outros nichos além dos que já eram fãs de basquete.

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  • Crítica | Magic & Bird: A Courtship of Rivals

    Crítica | Magic & Bird: A Courtship of Rivals

    Filme pra TV, da HBO, Magic & Bird: A Courtship of Rivals de Ezra Edelman começa com Larry Bird afirmando que não importa onde ele está, e a ocasião, ele é sempre perguntado onde está Magic Johnson. Das rivalidades do basquete, essa sem dúvida é a mais duradouras e respeitosa, e que fez mais tradição. O longa busca explorar isso, retornando a 1979, numa final NCAA. Os dois atletas, bem promissores estavam lado a lado, competindo de maneira assertiva e já em alto nível, mostrando a historia até o estabelecimento da ligação direta que jamais será quebrada e será levada para o tumulo.

    Narrado por Liev Schreiber, o filme se debruça sobre a infância difícil e pobre de Magic, a época apenas chamado Earvin, em comparação com Bird, que vinha de família um pouco mais abastada, mas também com uma série de restrições financeiras, em Indiana. Johnson afirma novamente que não imaginava ser possível jogar em alto nível, ele queria ser empresário, mas foi surpreendido pelo destino. Fato é que esse mesmo destino fez os dois competidores jogar pela seleção de seu país.

    O documentário tem um bom serviço, de informar não só detalhes da vida dos jogadores, como a limitação física que Bird tinha ao não conseguir pular muito, como também a situação estranha pela qual passava a NBA, que era cada vez mais olhada como uma liga marginalizada, onde usuários de drogas entravam livremente, além do crescente acréscimo de negro nela, fato que aviltava a mentalidade racista dos conservadores americanos.

    Larry recusava a pecha de salvador branco, do Celtics e da NBA como um todo, e é bizarro o choque racial ainda nesses tempos,  pois havia uma rejeição dos jogadores negros a ele – agravada diga-se pela timidez, caladice e falta de esforço físico dele – e intolerância de torcedores caucasianos em verem os negros em quadra, não só pela cor, mas também ao estilo de competição, denominado em inglês como Black Game.

    É incrível como, mesmo após tantos anos, depois de Wilt Chamberlain e Bill Russell, a ideia de Black Game ainda existia, assim como uma forma bem preconceituosa e tosca de enxergar os negros como mais propensos a utilizar drogas, até por isso, Jonhson era visto como radical contra as drogas, até sofrendo com uma pecha de ser Caxias. Bird, por ser menos midiático também não se envolvia muito em polêmcias, mas como Earvin era mais conhecido, ele acaba sendo também, e a rivalidade entre Leste e Oeste fez bem ao basquete nacional – até então, a maiorias das rivalidades eram internos nas conferencias, como as do Philadelphia 76ers e Celtics – mas ainda se apelava demais para a questão racial, esbarrando na mentalidade meio Apartheid que ainda imperava no esporte. O Celtics ainda era encarado como um time de brancos, basicamente porque sua estrela era Larry, mesmo que a maioria dos companheiros de Bird fossem negros.

    O fato de terem se tornado estrelas do esporte tornou os dois atletas ideais para comerciais e propagandas, e o fato disso não ser tão comum para a época. Isso foi uma quebra de paradigma, para o bem e para o mal. Eles passaram a ser julgados como vendidos, ao passo que também tiveram suas marcas elevadas a um enorme nível, viraram alvo de muita discussão, abordados até no filme de Spike Lee, Faça a Coisa Certa.

    A parte que aborda a soropositividade de Johnson é um pouco carregada de emoção, mas isso é melhor abordado em outro filme, da HBO também, O Anúncio (The Announcement), e Larry sentiu uma vontade enorme de falar com seu adversário de quadras, em choque, por isso ter ocorrido com um dos seus. Com o tempo a relação dos dois evoluiu para a camaradagem.

    É justo que os atos finais do filme em homenagem a rivalidade e ao bromance, seja no Dream Team que conquistou o ouro em Barcelona, logo após a primeira aposentadoria de Johnson, onde pela segunda vez pós 78 os antigos inimigos estariam juntos. Se o filme de Edelman é um bocado quadrado e desconstrói pouco o racismo que imperava e impera nos EUA, há sobras de emoção e sentimentalismo, e essa barreira é difícil de romper.

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