Crítica | Liga da Justiça (1997)
Começando como um programa televisivo de entrevistas, o longa metragem Liga da Justiça (Justice League of America, no original) seria o piloto de um seriado dedicado a mostrar as identidades reais dos membros da maior equipe de super humanos da Terra. O filme varia entre partes documentais e a exploração da previsão de um furacão causado por uma figura misteriosa que deveria ser impedida pelo grupo que dá nome a série – que não passou do primeiro episódio.
A catástrofe se torna oportunidade, aos olhos do doutor Arliss Hopke (Ron Pearson), chefe de departamento de Tori Olafsdotter (Kimberly Oja), futura personificação de Gelo. O grupo é formado pela personagem citada, pelo desempregado e sem teto Flash/Barry Allen (Kenny Johnston), o cantor e namorado relapso Lanterna Verde/Guy Gardner (Matthew Settle), a atriz fracassada Fogo/B.B. DaCosta (Michelle Hurd) e o professor universitário Átomo/Ray Palmer (John Kassir). As condições paupérrimas mostram as figuras que deviam ser o topo do universo DC guardando seus toscos trajes em mochilas de baixo custo, tão barateadas quanto os efeitos especiais engraçadíssimos.
O roteiro busca soluções cômicas para dramas que deveriam ser sérios, tentando aludir a fase clássica de Keith Giffen e J.M. DeMatteis com a Liga Cômica, mostrando o então quarteto vivendo ou passando a maior parte do tempo na mesma casa, enquanto analisam o estranho incidente envolvendo uma das primeiras manifestações dos poderes de Dora. Logo, eles conseguem uma aproximação e a interrogam, a fim de recrutá-la para o grupo. A personificação das personalidades dos vigilantes tem pouco ou nada a ver com suas contrapartes dos quadrinhos, além da manifestação de suas rotinas ser absolutamente previsíveis e genéricas.
As cenas em que a equipe age em conjunto são tão mal executadas que não deixam margem para qualquer conclusão que não seja o riso pela vergonha dos realizadores. A representação das relações é bastante caricata, com namoros inseguros e relações esquisitas. Os uniformes e figurinos são bastante patéticos, mas nenhum desses se compara com a personificação de Ajax/John Johnzz (David Ogden Stiers), que faz o marciano mentor da equipe. A quantidade exorbitante de cores saturadas demonstra imageticamente a sábia escolha de Bryan Singer em escurecer os trajes de seus X-Men – apenas três anos depois desse lançamento.
Toscas como a barriga do Caçador de Marte são as justificativas cafonas de heroísmo e união da Liga, que se tornam ainda mais gritante diante do péssimo uso das habilidades especiais que cada um dos membros do grupo possuí. A quantidade de semelhanças entre este projeto de piloto e os seriados tokusatsus, como Flashman e Changeman, é enorme, tanto na estrutura narrativa, quanto nos efeitos visuais. As poses, gestos e caretas são aspectos únicos dentro da péssima personificação que os diretores Félix Enríquez Alcalá e Lewis Teaguedeu em seus pouco menos de noventa minutos de fita.
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