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  • Na Vitrola: 30 anos de Bad, de Michael Jackson

    Na Vitrola: 30 anos de Bad, de Michael Jackson

    Cinco anos após o lançamento daquele que se tornaria um dos maiores álbuns de todos os tempos, Thriller, Michael Jackson retornava a parceria com o produtor Quincy Jones para uma terceira e última contribuição. Bad tinha a missão de manter a densidade sonora do álbum anterior, aliada ao sucesso musical.

    Trinta anos após o lançamento completado em 31 de agosto, o álbum permanece como uma das joias da coroa do rei do pop. Se os dois impecáveis álbuns anteriores funcionavam como uma desconstrução da música pop até então, com inserção de elementos novos e uma mistura bem pontuada de ritmos, Bad era a reconstrução, centrado em um pop mais tradicional sem deixar de lado o arroubo criativo.

    O sucesso de Thriller permitiu que um empolgado Jacko apresentasse diversas canções autorais. As composições somavam mais de sessenta e o músico cogitou a possibilidade de lançar um disco triplo. Quincy Jones, porém, convenceu-o a seguir o caminho tradicional em um disco com dez faixas que, posteriormente, ganhou a inserção de Leave Me Alone na versão em CD. De qualquer maneira, algumas das canções engavetadas foram resgatadas nos dois discos póstumos lançados desde a morte do astro em 2009.

    Embora tivesse uma sólida carreira ao lado dos irmãos e iniciado uma incrível carreira solo, Jackson tentava novamente se renovar nesse novo álbum. Depois de incendiar a disco em Off The Wall e quebrar barreiras musicais com o clássico disco com Billy Jean, fez um álbum com algumas canções de maior peso, mas centradas em seu universo íntimo. Um cronista pop.

    Bad já refletia o fervor em torno do ídolo. A exploração midiática que nunca lhe deixaria em paz, mesmo após morto. Com a imagem explorada e desgastada em jornais, revistas e em tabloides de fofocas, o álbum é como um direito de resposta de um jovem de 29 anos que cresceu diante das câmeras. Bem como representa a mudança física do astro, diferente daquela vista nas fotos do álbum anterior, com um nariz mais afilado e evidentemente mais branco, se causado por uma doença ou por desejo estético, nunca se saberá de fato.

    Para aprofundarmos sobre cada canção, realizamos um faixa a faixa.

    Faixa a faixa

    01 – Bad (Michael Jackson)

    Não a toa, Bad, o álbum, abre com a homônima canção manifesto baseada na história verídica de um garoto que sofria bullying. A letra ainda se mantem como uma metáfora daquele cantor negro que quebrou barreiras musicais, bem como funcionava como o elemento conceitual do disco. Os sapatos brilhantes e o chapéu de Billy Jean cediam espaço para uma jaqueta de couro, reestruturando a imagem do astro, aliada a icônica frase “Who´s Bad” do refrão. Uma deliciosa canção que abria o álbum de maneira tão incendiária como Wanna Be Startin’ Somethin, de Thriller.

    02 – The Way You Make Me Feel (Michael Jackson)

    A postura de machão do ídolo se mantém como um conceito. A segunda faixa é uma declaração de amor, pontuada pelo bom ritmo, em uma teclado que entra na melodia como um ataque, aumentando a densidade da música. A sequência de palmas no final, complementam a balada, demonstrando a busca pela pluralidade sonora.

    03 – Speed Demon (Michael Jackson)

    A canção que mais destoa do disco tem uma história cotidiana em sua inspiração. Atrasado para o estúdio, Jackson foi multado por excesso de velocidade. O baixo acelerado no refrão, quase sintetizado, soa anacrônico. Sem técnica se comparado as outras canções do álbum. A voz, porém, destaca-se entre o sussurro e a agressão, um equilibrio vocal na faixa mais tradicional do disco.

    04 – Liberian Girl (Michael Jackson)

    Com a participação da cantora Letta Mbulo, responsável pelos versos iniciais em swalli, Liberian Girl é outra canção de amor dedicada a uma personagem não identificada. Uma provável estratégia do astro para destilar seu lado amoroso sem revelar uma musa, ainda mais se considerarmos o exagerado olhar da imprensa em sua vida. A fama é representada no videoclipe da canção com uma câmera oculta, filmando diversos grandes astros da música e do cinema, que se revela no final como sendo o próprio Jackson.

    05 – Just Good Friends with Stevie Wonder (Terry Britten, Graham Lyle)

    A única das onze canções que não atingiu mundialmente alguma lista de mais ouvidas. Estranho se imaginarmos que trata-se de um dueto com Steve Wonder, um dos grandes da Motown, revisado por Michael diversas vezes. A canção repete um embate parecido com The Girl Is Mine (em dueto com Paul McCartney) mas, dessa vez, o ritmo é dançante e a personagem feminina da história está indecisa com qual dos amores ficar, representada no título, o clássico “somos apenas amigos”. Diante dos singles anteriores em rotação nas rádios, talvez faltou espaço para essa boa canção que, de quebra, reunia os dois astros consagrados.

    06 – Anoter Part Of Me (Michael Jackson)

    Lançado na época do auge do vinil, a primeira faixa do Lado B foi estrategicamente inserida com Another Part Of Me. Fisicamente, o outro lado do disco e, portanto, outra parte de Michael Jackson. Uma das primeiras canções a dialogar sobre causas mundiais, uma das vertentes da música e do estilo de vida de Jackson que sempre foi um filantropo e havia, em 1985, produzido uma gigantesca parceira musical contra fome da Africa na excelente We Are The World.

    07 – Man In The Mirror (Siedah Garrett, Glen Ballard)

    Uma das canções mais significativas do álbum, Man In The Mirror não foi composta pelo cantor. A batida suave iniciada com os dedos estalando inferem uma balada terna, mas se tornaria uma das canções emblemáticas para compreender o próprio cantor.

    Michael tinha prazer em cantar essa canção sobre as mudanças pessoais e internas de cada um como fonte transformadora para um mundo melhor. Conforme a mensagem se adensa, a melodia cresce a contornos épicos, com um coral acompanhando a letra. Sentimental sem sentimentalismo barato e com a dose certa de reflexão. Com o tempo, a canção se tornou símbolo do próprio músico: um homem diante de um espelho, infelizmente, sem saber as vezes quem era.

    08 – I Just Can´t Stop Loving You with Siedah Garrett (Michael Jackson)

    As canções próprias retornam em outra balada, agora amorosa. I Just Can´t Stop Loving You é cantada em parceria com Siedah Garrett – uma das compositoras da faixa anterior – bisando uma relação amorosa. Não há nenhuma grande inovação musical, mas o dueto é potente e sintetiza um dos pensamentos do astro ressaltando o amor como filosofia, love is the answer, diz. Quincy Jones insistiu que Garett participasse do dueto, ainda que, inicialmente, houvesse o plano de convidar alguma cantora famosa.

    09 – Dirty Diana (Michael Jackson)

    Comparada com Beat It pelo peso da guitarra, Dirty Diana é a canção que mais se aproxima do álbum anterior pelo peso da sonoridade. Mas os versos sobre uma mulher fatal destruidora de corações apresentam um eu-lírico mais maduro. A canção emula uma gravação ao vivo, explicitando um lado roqueiro de um astro e suas groupies apaixonadas.

    10 – Smooth Criminal (Michael Jackson)

    Marcada como ponto de transição definitivo entre Thriller e Bad, Smooth Criminal é uma das canções mais lembradas, marcante em sua estrutura musical e visualmente estética no videoclipe envolvendo a máfia como tema. Uma canção sincopada pelo baixo narrando a história de uma garota assassinada por um atirador profissional.

    Um single perfeito para destacar as características elementares de Michael Jackson. A canção narrada em surruros, os pequenos gritos entre os versos, o destaque instrumental que, nos shows, dão espaço para a coreografia e, novamente, mais uma caracterização que se tornou clássica, onde o astro se veste como um mafioso. Se o disco finalizasse nessa canção, seria um desfecho brilhante. Mas no lançamento em CD, outra significativa canção foi inserida.

    11 – Leave Me Alone (Michael Jackson)

    Em Leave Me Alone há um Michael Jackson paranoico e incomodado com o excesso midiático ao seu redor. Embora a letra tente demonstrar que estava além das extravagâncias criadas pela mídia, é evidente o incomodo do músico e as bizarrices criadas em todos de sua personalidade. Tanto a canção quanto o clipe lidam de maneira irônica e cômica com a pressão de ser um grande astro. Pressão que um dia quase lhe fez sucumbir. Nessa canção, porém, Michael responde a altura as agressões da mídia em uma excelente faixa.

    Moonwalker e a Turnê Bad

    Embora o tema transmídia nem fosse citado na época, Michael sempre se revelou um artista múltiplo e sintonizado com a imagem além da música. O filme Moonwalker traz uma versão visual do disco com direito a um divertido jogo lançado na época. Trata-se de uma gigantesca peça publicitária que queria ser um filme mas falha, ainda que possua boas cenas musicais.

    Além do vídeo, a turnê de Bad foi a responsável por transformar Michael Jackson no Rei do Pop. Nos shows toda a grandiosidade cênica do astro era posta em prova e, fato raro nos astros pop de hoje, Jackson ainda cantava e dançava nos shows, sem uso de playback. Na celebração de 25 anos do álbum, um dvd registrando um dos shows da turnê foi lançado, demonstrando a grandiosidade e esforço do músico ao estar no palco. Na mesma ocasião, três novas faixas foram apresentadas: Streetwalker, canção com qualidade para estar na seleção oficial do álbum mas retirada pela qualidade superior de outras. Todo Mi Amor Es Tú, difícil versão hispânica com um cantor que claramente não dominava a língua e Fly Away, uma balada sem nenhum destaque.

    Mesmo com o grandioso sucesso, musicalmente Bad não consegue atingir a perfeição de Thriller. Mas estabelece bem o próximo seguimento de sua carreira e mostra um músico capaz de dialogar tanto com o tradicional quanto a inovar quando necessário.

    O disco fechava a trilogia com o produtor Quincy Jones e mantinha Jackson na trilha dos grandes astros e músicos contemporâneos. Demonstrando que o músico nunca parava de explorar a música, engrossando sempre que possível o caldo sonoro de suas canções. Na época de lançamento de Bad, Michael ainda causaria outras futuras revoluções, antes das queda midiáticas que fizeram muitos duvidar do Rei. Mas aqui temos um homem alinhado com sua própria arte, iluminado e brilhante. Who´s bad?

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  • [Na Vitrola] Top 10 – Melhores Discos Nacionais de 2013

    NaVitrola

    2013 foi um grande ano para a música brasileira, estabelecendo um período de renovação de diversas cenas musicais, como o rap, mpb, rock e outras produções musicais em geral. Um dos anos mais férteis para a música nacional, sem sombra de dúvida. Logicamente, esse cenário não é disseminado nas rádios e TV: para conhecer um pouco do que tem ocorrido fora da grande mídia, você precisará deixar a preguiça de lado para perceber tudo isso. Afinal, se você depende das emissoras de rádio e TV para conhecer o que tem rolado na cena nacional, ou você é muito ingênuo ou está assinando seu atestado de imbecil.

    Por essas e outras, deixo logo abaixo uma lista do que mais gostei em 2013. Uma gama de artistas, de grandes gravadoras a independentes, que passam longe de fazer concessões artísticas para que um número maior de ouvintes conheça seu trabalho.

    Bixiga 70 – S/T

    bixiga-70

    O segundo álbum de estúdio do Bixiga 70 potencializa tudo o que já foi consolidado no disco de estreia. Ao longo de nove faixas, a big band esbanja versatilidade, passeando por gêneros africanos e combinando temas jazzísticos ao melhor estilo Miles Davis. O Bixiga 70 faz um álbum instrumental que certamente agradará até aqueles que não gostam do estilo. Suingado até o último segundo. Ouça:


    Phillip Long – Gratitude

    Phillip Long - Gratitude

    Paulista de Araras, Phillip Long retoma à origem folk em seu novo trabalho, Gratitude. Long inscreveu uma marca bastante pessoal neste disco, criando composições de soluções simples, mas repletas de sensibilidade. Suas canções são intimamente pensadas, estabelecendo-se um registro sincero sobre o amor, seja ele um impiedoso afeto, aproximação espiritual ou sua banalização. Tudo isso sem soar piegas. Ouça:

    Emicida – O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui

    emicida

    Ao lado de Criolo, Projota e outros nomes, Emicida alcançou uma relevância maior no cenário atual do rap e do hip-hop que se resumia apenas a uma pequena e restrita cena musical. Em seu primeiro disco, após o lançamento de uma série de mixtapes, Emicida se reinventa e conversa com outros estilos sem perder a originalidade que o tornou conhecido, algo que parece ter sido influência direta da turnê ao lado de Criolo. O disco conta ainda com uma série de participações, de Wilson das Neves a Pitty. Discaço! Ouça:

    Vespas Mandarinas – Animal Nacional

    Vespas Mandarinas - Animal Nacional

    Animal Nacional tem tudo para se tornar um clássico do rock nacional. Se ele irá se tornar, é outro assunto, o fato é que a Vespas Mandarinas, em seu primeiro álbum, entregou um disco de rock and roll muito distante daquelas bandinhas indies que brotam em cada esquina e cujos integrantes não sabem nem afinar os próprios instrumentos. Coeso, com peso na medida certa, ótimas letras e bom entrosamento entre os músicos. Se você sente falta de uma boa banda de rock nacional, Vespas Mandarinas é uma ótima dica. Ouça:


    Wado – Vazio Tropical

    Wado - Vazio Tropical

    Vazio Tropical, produzido pelo hermano Marcelo Camelo, é um trabalho que causa admiração e surpreende o ouvinte a cada audição, dado o riquíssimo trabalho melódico e harmônico de cada canção. Os menos de trinta minutos de duração do disco vão de emoções leves a densas ao longo das onze faixas. Um álbum que certamente não passará despercebido. Ouça:


    Rashid – Confundindo Sábios

    Rashid - Confundindo Sábios

    Michel Dias da Costa, ou melhor, Rashid, é mais um nome que surgiu no cenário atual do rap nacional. As comparações com Emicida de fato existem, seja pelo timbre de voz ou o compromisso do rapper com o estilo, contudo as semelhanças param por aí. O trabalho recente de Rashid é muito mais combativo que o do parceiro Emicida. Seu discurso põe o “dedo na ferida” em temas cotidianos da periferia, sem os clichês do gênero. Confundindo Sábios é um disco de um artista que tem muito a dizer. Ouça:


    Hamilton de Holanda – Trio

    Hamilton de Holanda - Trio

    Com André Vasconcellos no baixo, Thiago da Serrinha na percussão e liderado pelo virtuose Hamilton de Holanda e seu bandolim de 10 cordas, Trio é um disco intimista que reúne ótimos músicos e comprova uma entrega impressionante por parte de cada um deles, deixando de lado o vômito de notas, como é costume de alguns álbuns instrumentais. Hamilton está mais interessado na espontaneidade e beleza de cada canção do que em demonstrar sua tecnicidade a quem queira ouvir. Ainda bem. Ouça:

    Marcelo Jeneci – De Graça

    Marcelo Jeneci - De Graça

    Após o ótimo Feito Pra Acabar, de 2010, Marcelo Jeneci retorna com De Graça, seu segundo álbum solo, e novamente acerta ao entregar um trabalho repleto de canções sutis sobre sentimentos e cotidiano. As composições transitam entre baladas que tocariam facilmente em qualquer rádio e canções mais introspectivas e melancólicas. No final das contas, Jeneci comprova que ainda é possível fazer um pop de alta qualidade sem se render a padrões estabelecidos por gravadoras ou empresários. Ouça:


    Lulu Santos – Lulu Canta & Toca Roberto e Erasmo

    Lulu Santos - Lulu Canta & Toca Roberto e Erasmo

    A carreira de Lulu Santos vive de altos e baixos, contudo é um artista que vive se reinventando, e é, acima de tudo, competente naquilo a que se propõe. Algo difícil de se ver em um músico com mais de 30 anos de carreira. Observamos nesse álbum de covers que está além de uma simples releitura: Lulu vira do avesso as composições de Roberto e Erasmo Carlos, cria arranjos originais e se envereda por diversos estilos com a competência de sempre. Você pode até não gostar do cara ou a proposta deste álbum, mas a inquietude que percorre a carreira de Lulu é surpreendente. Ouça:

    Móveis Coloniais de Acaju – De lá Até Aqui

    Móveis Coloniais de Acaju - De lá Até Aqui

    O Móveis segue com seu terceiro disco e novamente temos em mãos um trabalho diferenciado de uma banda que sempre procura buscar novas inspirações e estilos. O som dos caras continua o mesmo: rock com aquele tempero regional. As influências de Beatles e do rock inglês continuam cada vez mais fortes ao mesmo tempo em que a presença do soul, marca registrada da banda pelo uso de metais, se perde um pouco neste terceiro álbum. No entanto, o amadurecimento musical da banda parece cada vez maior. Altamente recomendado. Ouça:

  • [Na Vitrola] A rebeldia inspiradora de Brian Jones

    Os Stones são conhecidos, por muita gente, como a maior banda de rock do mundo. Não por ser a banda mais técnica ou criativa, mas por carregarem o espírito do rock and roll, puro e simples. Bandas como os Stones influenciaram e influenciam movimentos e tendências em todo mundo. Dentro dos Stones existia um cara que exalava transformação, e ele não era o Keith Richards, muito menos Mick Jagger. Estou falando de Brian Jones.

    Se Brian estivesse vivo, hoje ele faria 70 anos. Jones ficou conhecido não apenas por ser o lider dos Stones durante o início da banda, mas também pelo seu comportamento transgressor e autodestrutivo. Sua importância na formação dos Stones é gigantesca, sem ele é impossível conceber que os Stones sequer sobrevivessem aos anos 60.

    Jones sempre foi o melhor e mais versátil músico da banda, aos 10 anos já tocava piano com sua mãe, que era professora. Além do piano, Brian tocava clarinete, executando um concerto de Weber para clarinete aos doze anos. Quando conheceu o jazz, abandonou a música clássica e passou a tocar Sax e aos 15 anos saiu de casa e começou a fazer dinheiro tocando em bares.

    Brian acabou se apaixonando pela guitarra ao ouvir um disco de Muddy Waters, o que acabou motivando o músico a formar uma banda pra tocar este tipo de música. É importante lembrar, que nessa época, Brian já era conhecido como um grande músico, apesar da pouca idade. Em uma dessas apresentações, Brian conheceu Mick e Keith. Keith ficou maluco pela forma como Brian tocava slide guitar, enquanto Brian fica extremamente feliz por encontrar jovens de sua idade com o mesmo interesse musical que ele.

    No entanto, enquanto Mick e Keith ainda moravam com seus pais, Brian já tinha dois filhos com duas mulheres e não era casado com nenhuma delas, havia saido de casa há muito tempo. Tudo isso influenciou o que viria a se tornar os Rolling Stones.

    Algum tempo depois, Brian convida Jagger para tocar com ele, este só aceita se Keith pudesse participar também. A primeira formação oficial da banda era Brian e Keith nas guitarras, Ian Stewart no piano, Tony Chapman na bateria, Dick Taylor no baixo e Jagger nos vocais. A banda foi batizada de ‘Rollin’ Stone’ em homenagem a canção de Muddy Waters, segundo Brian, o nome era uma referência ao trecho “A Rollin’ Stone gathers no moss (pedras que rolam não criam musgo). Daí pra frente a história virou lenda.

    Não quero aqui comentar sobre as maluquices de Brian e seu temperamento violento com os outros e consigo mesmo, e sim relembrar a importância desse músico para a história do Rock and roll, do movimento beatnik e da contracultura. Brian foi genuinamente tudo o que representa (ou representava) o rock and roll. Sem ele os Stones jamais teriam existido. Brian influenciou seus amigos de banda, desde o visual andrógino de Mick à rebeldia de Keith; ditou moda; foi um multi-instrumentista dedicado a novas sonoridades e extremamente versátil; e dono de uma personalidade forte.

    Brian Jones morreu em 03 de julho de 1969 aos 27 anos e até hoje sua morte é rodeada de mistérios e teorias da conspiração, mas como essas bobagens pouco importam para a música, vamos celebrar o que Brian deixou de melhor. Logo abaixo, confira algumas perfomances de Brian.


    The Last Time – Riff clássico de guitarra 


    No Expectations – O slide guitar da faixa é de Brian 


    Under My Thumb – Brian tocando marimba


    Ruby Tuesday – Brian compôs a melodia em um piano e ainda contribuiu com a flauta doce da faixa


    Jumping Jack Flash – Guitarras épicas de Keith e Brian se complementando  


    Paint it Black – Atacando com uma cítara


    Lady Jane – Brian utiliza um dulcimer


    Em um belo solo de slide guitar em Little Red Rooster do blueseiro Howlin’ Wolf


    Dear Doctor – Contribuição com a bela gaita que se ouve na faixa


    Brian toca guitarra e mellotron em She’s a Rainbow. Além disso, os backing vocals são de ninguém menos que Lennon e McCartney, com um arranjo de cordas de John Paul Jones 


    Brian toca saxophone em ‘You Know My Name’ dos Beatles