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  • Crítica | It: Uma Obra Prima do Medo

    Crítica | It: Uma Obra Prima do Medo

    Baseado no livro IT: A Coisa, de Stephen King, o especial para a TV dirigido por Tommy Lee Wallace,  IT – Uma Obra Prima do Medo foi lançado também em formato de longa-metragem nos cinemas. A história é contada em dois atos distintos, emulando o formato de minissérie em episódio duplo. A primeira parte narra a parte no passado dos sete protagonistas, em que um grupo de crianças é atormentada por uma figura amedrontadora e demoníaca, chamada Pennywise, interpretado por Tim Curry (Rocky Horror Picture Show).  A outra parte apresenta o presente, com os mesmos meninos já adultos.

    A história se passa na pequena cidade de Darry, enquanto Michael Hanlon (Tim Reid) investiga o estranho desaparecimento de uma criança, com as mesmas estranhas semelhanças que ocorreram no sumiço de um garotinho que era irmão de William Denbrough (Richard Thomas). Após o incidente, observa-se que pode ser uma ação do “palhaço dançarino”, ainda que cada um tenha uma visão diferente a seu respeito. Os adultos não veem os efeitos de ilusão causados nos infantes, e mesmo quando as crianças tomam consciência que aquilo é feito somente para afetá-los, eles não ficam imunes a essas investidas.

    A estratégia de filmar os personagens adultos relembrando suas contra-partes infantis é uma escolha esperta, mas a execução não soa tão boa, uma vez que a inspiração do elenco adulto é muito inferior a do adulto, sem falar que não há muitas semelhanças físicas entre os atores de ambas as fases.

    A maior parte das reações dramáticas do telefilme são risíveis, não restando quase nada a acreditar por parte do espectador, se mesmo os momentos traumáticos são executados de modo bobo e pueril, não há muito como se sentir conectado com as sequências. Em determinados momentos o que deveria causar pavor só faz rir, como na reunião dos protagonistas em volta de uma mesa em um restaurante, onde os biscoitos da sorte se transformam em miniaturas de suas fobias. A tradução do trauma para a tela soa engraçado ao invés de atemorizante.

    O plot no final é sub aproveitado. A questão de deixar o problema correr durante a vida empurrando a responsabilidade para frente faria mais sentido se todo o drama fosse bem construído, e não é. Os personagens são apenas seus arquétipos, e mesmo a docilidade e viradas do destino que ocorrem são igualmente bobas e infantis, o que é uma pena,visto o potencial do material original e todo o culto em volta especialmente de Pennywise, que é uma figura icônica. Fora a questão do palhaço, pouca há a se encontrar nesta versão de It, que certamente está impressa no imaginário popular graças a Curry e sua performance, e pouco pelo produto final em si.

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  • Crítica | It: A Coisa

    Crítica | It: A Coisa

    Pennywise (Bill Skarsgård), o palhaço mais assustador da cultura pop, está de volta em mais uma adaptação da obra de Stephen King (Leia nossa crítica de IT – Uma Obra Prima do Medo). Com roteiro de Chase Palmer, Cary Fukunaga e direção de Andy Muschietti, o filme conta a história do autodenominado “Losers Club” (clube dos perdedores), um grupo de amigos, pré-adolescentes, que moram na pequena cidade de Derry, no estado de Maine, que começa a investigar o desaparecimento de várias crianças e adolescentes.

    Enquanto tentam descobrir o que aconteceu aos desaparecidos, se deparam com Pennywise, o palhaço – uma encarnação do mal que tem espalhado mortes e violência na cidadezinha há séculos, desde sua fundação.

    Grupo de crianças e/ou adolescentes são personagens recorrentes nas histórias de King. Quem não se lembra de Conta Comigo? Não há dúvida que a identificação do público com os personagens é facilitada, ocorrendo de forma mais intensa, pois as situações vividas pelas crianças sempre encontram correspondência na própria vivência do espectador. E, lógico, devido a essa identificação, o público se importa muito mais com o destino dos personagens, com o risco que correm. Em consequência, os sustos e as situações de perigo provocam reações potencialmente maiores.

    O escritor também aproveita suas histórias para falar das dificuldades de ser criança/adolescente, dos percalços que a passagem à vida adulta traz. Em suma, suas histórias tratam basicamente dos ritos de passagem. No caso desta, todos os medos e anseios dos personagens são personificados de forma assustadora nas visões causadas por Pennywise. É um recurso bastante eficiente, que J.K. Rowling também usou – o Bicho-papão assumia a forma do maior medo de quem olhasse para ele. Mas com Pennywise, esse conceito é aplicado de modo exponencialmente mais horripilante, principalmente pelo fato de as visões serem muito mais realistas.

    Bons sustos não faltam ao filme. E, o que é melhor, mesmo para os espectadores de filmes de terror mais “experientes”, nem sempre é possível antever o momento em que irão ocorrer. Muitos filmes o gênero sofrem do que se pode chamar de “clichê precoce”: situações recorrentes em que é quase certo que o personagem tomará um susto e, talvez, o público também. A cena clássica do susto ao abrir a cortina do chuveiro é um bom exemplo disso. Contudo, o roteiro consegue manejar bem os sustos, não só por não deixar óbvio o momento em que ocorrerão, mas também por gerar o susto de formas inusitadas, em locais tão inusitados quanto um ralo de pia.

    Os roteiristas optaram por deslocar a história temporalmente para os anos 80 – no livro de Stephen King, ela se passa em 1958. E pode-se dizer que foi uma ótima escolha, já que essa década certamente gera um saudosismo muito maior do público atual. A reconstrução da época foi muito bem feita, desde o figurino, passando pelo cenário e até os programas de TV e as músicas tocando no rádio. Os espectadores que foram assistir E.T. – O Extraterrestre ou Conta Comigo no cinema se sentirão em casa.

    O elenco infantil é sensacional. A sinergia que possuem faz com que consigam transmitir tanto a força dos laços de amizade quanto dos conflitos entre eles. E vale destacar a atuação de Skarsgård, irreconhecível sob a maquiagem de Pennywise e simplesmente aterrorizante.

    Se você tem medo de palhaços, este filme definitivamente não é para você. E se você não tem, há grande probabilidade de passar a ter.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.