Crítica | Batman: Assalto em Arkham
De começo simplista, Batman: Assalto em Arkham segue a nova onda de animações da DC Comics pós-reboot, e diferentemente de outros pares como Liga da Justiça: Guerra e O Filho do Batman, esta foca personagens secundários do universo do Morcego, mais especificamente os vilões. A toada é diferenciada da estética dos Novos 52, já que logo no início é mostrada uma Amanda Waller ainda obesa, com a costumeira e bela construção de sua personagem antes da última “reinvenção”. A violência também é inserida no filme de maneira mais acentuada se comparada a de seus primos, com direito a sangue e dilacerações.
O mote da história varia nas referências, com momentos que lembram a série recente de games de Batman relacionados a Franquia Arkham e, claro, a formação do Esquadrão Suicida, idealizada pela membro do Projeto Cadmus. A velha máxima do grupo de bandidos é reafirmada, cuja sentença aparece em duas formas: a total cooperação deles em troca da remissão de seus pecados ou a morte.
A missão desta vez caracteriza-se por uma invasão ao asilo de Amadeus Arkham para recuperar o cajado do Charada, que poderia conter uma arma de destruição em massa. A desculpa para a ausência de Batman na história se dá por ele estar em outra missão, ainda que tal prioridade seja muito discutível.
O submundo de Gotham é um campo muito fértil para as desventuras do grupo de marginais, ao exibirem toda a a sua misantropia à procura das condições mínimas para a execução da missão a qual foram comissionados. No entanto, a postura dos personagens do ideário da cidade é curiosa e contrastante com a violência gráfica mostrada anteriormente.
O mafioso superpoderoso Pinguim é apresentado como um selvagem se alimentando de uma pilha de peixes crus, como fazia sua contraparte deformada e monstruosa em Batman: O Retorno – tal caracterização além de datada é contraditória por ser demasiada imatura, especialmente quando é precedida por uma cena de cunho sexual envolvendo Arlequina e o Pistoleiro.
Os ares do universo pré-Novos 52 são notados na escolha de dubladores, especialmente com o retorno de Kevin Conroy como dublador do Cruzado Encapuzado, o que não ocorria em longas desde Liga da Justiça: Ponto de Ignição. É curioso como o diretor Jay Oliva prossegue reverenciando o segundo filme de Tim Burton à frente do herói, com cenas literalmente copiadas e com o design do batmóvel muito semelhante ao veículo pilotado por Michael Keaton. Por mais que não seja o personagem que mais aparece em tela, o Morcego ainda envolve-se em cenas de luta impressionantes se analisadas sob o ponto de vista gráfico.
Alguns outros easter eggs são mostrados, entre eles máscaras dos palhaços capangas do Coringa de Heath Ledger. Do meio para o final da exibição, a tônica volta para os personagens mais conhecidos e carismáticos, primeiro remetendo à óbvia rivalidade de Batman com seu nêmese, depois com a reativação do romance protagonizado por Coringa e Arlequina – é esta relação, aliás, a responsável para que o caótico plano do Palhaço do Crime fosse às vias de fato. O caos do manicômio ganha as ruas da cidade, pondo-se além dos portões da casa de loucos.
O Coringa rouba a cena, fazendo do Asilo e seus arredores um zoológico ao liberar todas as feras enjauladas para desviar a atenção da bomba de Nygma, que ele resolve ativar só por diversão. Tudo ocorre em tempo o suficiente para o herói destravar todas as traquitanas de seu rival. Se por um lado há uma sobra de violência nos primeiros momentos, o roteiro de Heath Corson não consegue desenvolver algo mais elaborado quando se cobra uma visão mais adulta dos fatos.
Esse desequilíbrio entre o juvenil e o infantil denigre muito a fita, fazendo dela uma peça de gosto duvidoso e de público não definido. Seu caráter é de difícil distinção, e fora a bela coordenação de vozes de Andrea Romano e seu atores, pouco há para se elogiar no filme, claro, destacando a melhora aparente quando comparado com as animações que emulam os Novos 52.