Tag: PS2

  • Review | Shadow of the Colossus

    Review | Shadow of the Colossus

    sotctop

    Uma extensa ponte dá acesso ao antigo templo. O jovem Wander, junto de sua égua Agro, carrega o corpo de uma mulher, Mono. Quando chega ao templo, Wander clama pelos espíritos antigos e implora para que revivam a mulher. Os espíritos aceitam o encargo em troca de uma “simples” tarefa: matar os 16 colossos daquele mundo. Quem é esse jovem rapaz? E a garota morta? Os espíritos são malignos? E o que é um colosso?

    Shadow of the Colossus, desenvolvido pelo Team Ico, trouxe uma aventura épica ao Playstation 2 que, posteriormente, foi remasterizada no Playstation 3. Os conceitos artísticos, aliados às batalhas grandiosas, fazem deste jogo uma obra única. O jogador precisará explorar aquele vasto local, encontrar os colossos e matá-los impiedosamente. Cada monstro possui uma forma e ações diferentes. É preciso observar seus comportamentos para descobrir um meio de eliminá-los. Cada monstro possui diversos pontos fracos espalhados pelo corpo, indicados por símbolos brilhantes. O jogador precisará, na maioria das vezes, escalar o corpo gigantesco e encontrar estes símbolos para golpeá-las até ceifar a vida da criatura. É interessante notar que os colossos têm pêlos em seus corpos, os quais serão necessários para a escalada.

    sttc1

    A jogabilidade não é um primor. Ela funciona bem para a proposta do jogo, mas algumas coisas são estranhas, em especial o pulo extremamente lento e a câmera. Os comandos respondem bem, apesar de serem um pouco travados. Apesar disso, as batalhas são inesquecíveis e propiciam uma experiência única.

    Wander utiliza uma espada para matar os monstros. Esta mesma espada emite um feixe luminoso que aponta a localização dos colossos, mas isso não facilita tanto a busca pelos monstros. O feixe aponta em uma linha reta, e não mostra o caminho exato que você deve percorrer. Isso torna alguns colossos um pouco difíceis de encontrar. Wander também carrega um arco e flecha, que será mais útil para caçar lagartos (que servem para aumentar sua resistência), pegar frutas (que aumentam seu life) e auxilia na batalha de alguns colossos.

    sotc2

    O mais interessante é que o jogo se resume a batalhas de chefes, mas possui um apelo artístico gigante. O design de cada colosso é bem peculiar, apesar da semelhança entre alguns. Os personagens se comunicam em um idioma fictício e a narrativa é minimalista, entregando apenas o essencial para que o jogador monte a história em sua cabeça. Não há pontos muito definidos, tudo é subjetivo, cabe a você interpretar da sua maneira. É tão bem feito que até hoje, uma década após o lançamento, os fãs debatem infinitas teorias sobre o jogo. As cavalgadas pelas vastas planícies da Terra Proibida criam momentos de solidão entre uma batalha e outra, levando o jogador a refletir “Por que eu estou fazendo isso?” enquanto vislumbramos os belos cenários. E que trilha sonora! Impossível ouvir as músicas de batalha sem vir à mente algum dos colossos.

    Este é um daqueles jogos obrigatórios que trazem uma experiência singular. Improvável que o jogador saia incólume após terminar esta grande obra de arte que resistiu bravamente ao tempo e ainda é capaz de emocionar. Fumito Ueda, junto de sua equipe, deu à luz a um dos jogos mais autênticos de todos os tempos. Os defeitos são esmagados pelas inúmeras qualidades. Um jogo de ação que exige paciência e raciocínio. Artístico e não pedante. Grandioso e minimalista. Uma verdadeira experiência.

  • Review | Metal Gear Solid 3: Snake Eater

    Review | Metal Gear Solid 3: Snake Eater

    mgs3top

    Quem foi Big Boss? Por que ele fez tudo aquilo que foi mostrado nos primeiros jogos da franquia, lançados originalmente no MSX2? Como ele atingiu o status de soldado lendário? Big Boss é uma das figuras mais intrigantes de Metal Gear, e detalhes de sua história, inevitavelmente, seriam contados mais cedo ou mais tarde. Hideo Kojima fez isso da melhor forma possível: nos permitiu jogar com o próprio Big Boss antes mesmo dele adquirir esse título.

    Metal Gear Solid 3: Snake Eater (MGS3) se passa na década de 1960, auge da Guerra Fria. O cientista soviético Sokolov, uma das principais mentes que levou Iuri Gagarin ao espaço, foi seqüestrado e obrigado a desenvolver aparatos bélicos de alto poder destrutivo. Para evitar uma ameaça futura, a CIA envia o agente Naked Snake (futuro Big Boss) para resgatar Sokolov e impedir que o desenvolvimento da arma continue.

    Este é o primeiro Metal Gear Solid com cenários em florestas. Snake precisará sobreviver às adversidades da natureza. Será necessário caçar animais para se alimentar, mudar de roupa para se camuflar aos diversos ambientes, tratar os ferimentos para recuperar a energia, retirando as balas e usando ataduras. Quem não jogou pode estar imaginando algo muito realista, mas não se engane, tudo é feito por menus, e a recuperação e troca de roupas são imediatas. Apesar disso, são inovações bacanas que deram um novo respiro às mecânicas do jogo.

    Paralelo a essas inovações, foi implementada uma barra de resistência (stamina) que precisa ser mantida em níveis altos para que Snake recupere sua energia. Um nível baixo irá prejudicar, inclusive, o combate, pois Snake não conseguirá firmar sua mão para mirar com as armas. Para recuperar a resistência, basta se alimentar. Neste momento, conhecemos as preferências gastronômicas do herói, gerando situações bem divertidas.

    mgs31

    O uso da camuflagem foi o aspecto mais interessante dentre as novidades. Dependendo do ambiente, você deverá mudar a cor de sua roupa e até mesmo da pintura facial para se mesclar com o cenário. No canto superior direito há o nível de sua camuflagem, medido em porcentagem. A camuflagem é essencial para vencer diversos trechos do jogo, afinal, o foco de Metal Gear é o stealth. O implemento da camuflagem enriqueceu bastante este elemento.

    As mecânicas de combate foram aprimoradas, principalmente na luta corpo-a-corpo. As habilidades de CQC (Close Quarters Combat) são utilizadas para bater, derrubar, estrangular e usar os inimigos como escudo humano enquanto atira nos outros. Snake também poderá interrogar os inimigos enquanto coloca a faca em seus pescoços. O CQC já existia nos jogos anteriores de uma forma mais simples.

    A maior variedade de cenários também foi uma grande evolução. Se repararem bem, os jogos anteriores se passavam quase que exclusivamente dentro de um grande local fechado. Desta vez os cenários são maiores e mais variados, criando a sensação de que Snake percorreu uma grande distância em sua missão.

    Outro ponto a ser destacado é a câmera. Ela continua no mesmo estilo dos jogos anteriores, mas desta vez não é tão fechada no personagem. É possível deslocar a câmera para todos os lados, ampliando um pouco o campo de visão do jogador. Posteriormente, como é de praxe, foi lançada uma nova versão do jogo (Subsistence) que possibilita deixar a câmera completamente livre, movendo-a ao redor de Snake. O modo de câmera pode ser alternado a qualquer momento.

    mgs32

    Diversos elementos dos filmes de James Bond foram inseridos, desde a maravilhosa música-tema até a tensão sexual entre o herói e a femme fatale Eva. O próprio Major Zero, oficial que comanda a missão de Snake, é um grande fã do agente 007. As referências cinematográficas continuam nas conversas entre Snake e Para-Medic, que indica vários filmes ao herói, de Godzilla a Jasão e os Argonautas. É muito divertido ver como ela se empolga ao falar da “perfeição” dos efeitos especiais, que para os padrões atuais são ridículos, uma brincadeira muito interessante para retratar a época em que o jogo se passa.

    É provável que MGS3 tenha a história mais humana até agora. As motivações dos personagens principais são críveis, apesar dos exageros que já estamos acostumados. O clima da Guerra Fria e a brincadeira com os fatos históricos criam uma empatia muito forte. A trama mantém a complexidade das anteriores de uma forma diferente. O jogo transborda política, mostrando a relação do governo com seus soldados, aqui representados principalmente por Snake e The Boss. O método de narrativa mantém a tradição, por meio de diálogos e cutscenes.

    Este é o jogo mais querido pela maioria dos fãs de Metal Gear. E não faltam elementos para justificar. O jogo em si teve muitas melhorias, e o clima de sobrevivência na selva é muito legal, alternando bem com ambientes internos das bases militares e construções diversas. Mas o ponto forte, pra variar, é a história. Hideo Kojima trouxe uma carga emotiva muito forte e apresentou The Boss, a mentora de Naked Snake, uma das personagens mais fortes (em todos os sentidos) da franquia. Sim, The Boss é uma mulher, outro ponto que surpreende. Ela é uma grande heroína militar dos EUA, mas em MGS3 acabou desertando para ajudar o grupo soviético que sequestrou Sokolov. A trama bate em valores, ideologias, motivações, aspectos humanos que vão da honra às convicções pessoais. Veremos como Naked Snake se tornará Big Boss, e começaremos a entender suas motivações para criar Outer Heaven.

    Cronologicamente, este é o primeiro jogo da franquia. Então pode ser o primeiro a ser jogado? Absolutamente não! Você precisa ter pleno conhecimento de todos os jogos lançados até aqui para entender a história. Neste você entenderá a origem de alguns elementos e de personagens que já apareceram nos títulos anteriores. O jogo explica muita coisa do que já foi apresentado, do tapa-olho de Big Boss ao embrião dos Patriots. Foi uma sacada de mestre Kojima transformar o grande vilão (?) em protagonista, além do que, geralmente os vilões são muito mais interessantes que os próprios heróis. Mais uma obra-prima lançada originalmente no PlayStation 2, e depois ganhou versões de PSP, Playstation 3, PS Vita, Xbox 360 e Nintendo 3DS.

  • Review | Obscure

    Review | Obscure

    obs

    Coisas estranhas têm acontecido na escola Leafnore. Muitos estudantes desapareceram e jamais foram encontrados. Um grupo de alunos decide investigar após o desaparecimento de seu amigo Kenny. E descobrirão coisas muito estranhas.

    Lançado para PlayStation 2, Xbox e PC, Obscure traz bons elementos do survival horror para um contexto teen. A trama se passa numa escola, é protagonizada por seus alunos e tenta criar uma atmosfera pesada e sombria. O visual e jogabilidade são claramente inspirados em Silent Hill, enquanto que as explicações dos ocorridos vão para um lado mais Resident Evil. Há uma certa mistura de ciência e sobrenatural que são boas nas ideias, mas pecam na execução, principalmente na estética dos monstros – salvo algumas exceções. Os gráficos são bons para a época que foi lançado (2004) e resistiram bem ao tempo. A trilha sonora é excelente e utiliza músicas do filme The Faculty, dirigido por Robert Rodriguez. Pena que a dublagem é fraca, o que não compromete tanto.

    O jogo não esconde suas influências, ao mesmo tempo que tenta criar algo novo. De certa forma, conseguiu. Não chega aos pés do clima aterrador de Silent Hill ou, comparando com um jogo posterior, aos momentos de tensão de Dead Space. Os cardíacos poderão curtir Obscure sem grandes problemas.

    obs1

    Como é de praxe, o jogador deverá resolver diversos puzzles. Nada muito desafiador ou elaborado, pois a solução geralmente está na sala ao lado e não exige grande raciocínio. É um ponto positivo para quem tem preguiça de pensar e só quer curtir o jogo. Os mistérios são revelados por meio de poucos documentos espalhados no cenário, mais um ponto a favor dos que não querem ler muito.

    A mecânica de combate não é das melhores, e em diversas vezes os inimigos aparecem do nada ao seu lado, aplicando dano imediato. A mira automática ajuda bastante. Os personagens morrem com certa facilidade, causando frustração em alguns momentos. O interessante é que, se um personagem morre, o jogo continua normalmente. O uso da luz para enfraquecer ou eliminar os inimigos também é um aspecto muito legal e pôde ser visto anos mais tarde em Alan Wake.

    É possível escolher até dois personagens por vez, cada um com uma habilidade diferente. O jogador poderá controlar os dois sozinho ou, se preferir, chamar um amigo para assumir o player 2, criando um modo cooperativo interessante. Não tive a oportunidade de experimentar esse coop, mas ele deve enriquecer bastante a experiência.

    No quesito diversão, Obscure surpreende. Mesmo com mecânica de combate razoável, puzzles simplórios e roteiro fraco, a narrativa flui muito bem, instigando o jogador em querer seguir. É possível finalizá-lo em menos de oito horas, não dá tempo de enjoar.

    Encare este jogo como um filme de terror adolescente, ou seja, não espere grande roteiro. Os personagens são rasos e não criam empatia alguma. Quando morrem, nem dá pena. O desfecho é interessante, mas o último chefe é meio ridículo, não pela ideia, mas pela execução. Faz sentido ele ser daquele jeito, mas não elimina o fato de ser estranhamente tosco. No mais, jogue sem compromisso, de preferência com um amigo, e garanta algumas boas horas de diversão.

  • Review | Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty

    Review | Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty

    metal_gear_solid_2

    Para quem esperava grandes evoluções técnicas em relação ao seu antecessor, Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (MGS2) decepciona. Houve melhorias, claro, a começar pelos gráficos. O salto de qualidade do PlayStation 1 para o 2 é notável. Infelizmente, as belas ilustrações das conversas via Codec foram substituídas por modelos em 3D, o que não é um problema, mas apenas uma questão de gosto pessoal. A opção de atirar com visão em primeira pessoa foi um acerto, melhorando sensivelmente a mecânica de combate. Também é possível executar rolamentos para esquiva, além de se pendurar nas bordas de plataformas, essencial para vencer alguns trechos. Os efeitos climáticos de chuva e vento deram um toque bacana ao visual. De resto, mantiveram a câmera fechada no personagem e o mini-mapa no canto da tela. Os inimigos permanecem com o campo de visão bem restrito, o que é bom, levando-se em conta a péssima câmera do jogo, deixando-nos muito dependentes do mini-mapa. Posteriormente foi lançado Metal Gear Solid 2: Substance, versão com vários conteúdos adicionais, disponível para PlayStation 2 e 3, PSVita, Xbox, Xbox360 e PC.

    E a história? Continua complexa e densa? Sim, e elevada à enésima potência. Eis um motivo para suportar os defeitos técnicos e se aventurar nesta obra. Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty trouxe um lado político-filosófico fortíssimo, aliado a tramas mirabolantes recheadas de personagens megalomaníacos e bizarros, às vezes flertando (aparentemente) com o sobrenatural. Nada tão diferente do game anterior.

    Após o incidente de Shadow Moses, muitas coisas importantes aconteceram. Revolver Ocelot adquiriu informações sobre a construção do Metal Gear REX e as vendeu no mercado negro para diversos países. Nastacha escreveu um livro contando detalhes do incidente em Shadow Moses, e mesmo com extrema dificuldade e censura, conseguiu publicá-lo. Solid Snake vai conviver com Meryl durante um período, mas os dois acabam se separando. O agente se junta a Otacom e Nastacha para fundar a ONG Filantropy, com o objetivo de combater a proliferação do Metal Gear. Roy Campbell se aposenta novamente.

    Passados dois anos de Shadow Moses, a Filantropy descobre que a Marinha está desenvolvendo um novo tipo de Metal Gear. Otacom confirma tais informações ao hackear o banco de dados do Pentágono. Com isso, Snake se infiltrará em um navio petroleiro que, secretamente, está transportando o Metal Gear. Ele quer tirar fotos da arma para divulgar ao mundo. Durante a missão, o navio é invadido por um grupo russo liderado por Ocelot, dificultando o trabalho do agente. É aqui que o jogo começa.

    Após diversos empecilhos, Snake consegue encontrar o Metal Gear, e devido a certos acontecimentos, o robô é ativado, ocasionando o naufrágio do petroleiro. Snake é dado como morto, recaindo sobre ele a culpa do incidente, e milhares de litros de petróleo são espalhados na água.

    Na tentativa de conter os danos ambientais, o governo americano instala uma gigantesca plataforma no local, batizada de Big Shell, com o objetivo de  descontaminar a área. Porém, um grupo autodenominado Sons of Liberty, liderada por Solid Snake, invade Big Shell e faz inúmeros reféns, dentre eles o presidente dos Estados Unidos, todos rendidos enquanto visitavam a plataforma. Eles exigem um valor bilionário em troca dos reféns e, caso não sejam atendidos, irão afundar Big Shell causando a maior catástrofe ambiental da história. Diante da ameaça, a FOXHOUND, liderada por Roy Campbell e auxiliado por Rose, envia o agente Raiden para a missão de resgatar o presidente e reféns, além de evitar a destruição da Big Shell.

    A frequência 140.85 lhe é familiar?

    Espera um minuto! A FOXHOUND não havia se tornado um grupo terrorista no jogo anterior? Agora ela voltou a trabalhar para o governo e é novamente liderada por Campbell? E por que Rose, ex-namorada de Raiden, está auxiliando na missão? Como se não bastasse, o líder do Sons of Liberty se denomina Solid Snake. Que maluquice é essa!?

    Isto é apenas o início da complexidade do roteiro. Prepare-se para ser fuzilado por toneladas de informações, nomes, motivações e tretas políticas absurdas. A trama se desenrola em conspirações de nível mundial envolvendo um grupo chamado Patriots. A todo momento somos levados a acreditar em algo que, em um instante, vira de cabeça para baixo. Às vezes fica difícil acompanhar tanta informação ao mesmo tempo e reviravoltas tão repentinas, sempre contadas por meio de cutscenes e longos diálogos via Codec.

    A partir daqui, não adentrarei mais na história, pois o objetivo do review não é esse. Além disso, é muito difícil falar de MGS2 sem abordar temas políticos ou filosóficos. A complexidade da trama escrita por Hideo Kojima e Tomokazu Fukushima possui tamanha densidade que trará discussões longas e profundas sobre a sociedade moderna. O que falei até agora mal arranhou a superfície do que espera o jogador. A quantidade de detalhes é assustadora.

    Muitos fãs torceram o nariz com o novo protagonista, Raiden, e por isso desmereceram o jogo. Sinceramente, tal postura é muito injusta. O trabalho feito em MGS2 é algo pouco visto nos videogames, tamanha a riqueza.  Kojima foi muito corajoso em torná-lo protagonista ao invés de se apoiar no personagem já consolidado e querido pelos fãs. Na verdade, Raiden é o completo oposto de Snake: andrógino, inseguro, inexperiente. Um protagonista ideal para a proposta deste jogo.

    Metal Gear Solid 2 é uma verdadeira experiência. O jogador ficará em dúvidas sobre o que é real. Trará esse questionamento para fora do jogo, e será levado a refletir sobre o mundo, sobre a existência, sobre tudo que está à sua volta, sobre valores, ideias, política, mídia, a realidade em si. O roteiro transcendeu o jogo. Exageros e alegorias são utilizadas de forma brilhante para amarrar a história e dar um tapa na sua cara, não apenas pelas surpresas, mas para te fazer pensar. No final das contas, os problemas da parte técnica não importam, tanto que dediquei um mísero parágrafo a ela. Kojima tinha uma mensagem a passar, e conseguiu da forma mais visceral possível.

    Estamos diante de um jogo que pede o máximo de sua atenção e dedicação. O enorme volume de informações e personagens poderá confundir, mas não se preocupe, a internet está aí para te ajudar. Vale muito a pena se aprofundar e ver opiniões de outras pessoas. Há milhares de vídeos e textos para te auxiliar nisso. Sempre haverá algo novo a ser absorvido, a discussão é infinita. Não desanime por ser um jogo de 2001: ele resistiu bravamente ao tempo, especialmente nas ideias assustadoramente proféticas. Metal Gear Solid 2 é um debate político-filosófico travestido de jogo de espionagem, e por incrível que pareça, não é pedante. Estranho? Genial.