Review | Ash Vs Evil Dead – 3ª Temporada
Terceira e aparentemente última temporada de Ash Vs Evil Dead começa mostrando Ash (Bruce Campbell) e Pablo (Ray Santiago) trabalhando em uma loja de quinquilharias do primeiro personagem, que alem de comandar o comercio, ainda protagoniza estranhos comerciais da mesma. A série volta quase dois anos após a segunda temporada, terminada em dezembro de 2016, e continua muito bem toda a galhofa que mistura terror, comédia e drama que já eram comuns a A Morte do Demônio, EUma Noite Alucinante 2 e Uma Noite Alucinante 3.
Antes até de anunciar os créditos iniciais, uma das versões de Ruby (Lucy Lawless) aparece socando o rosto de um sujeito comum, a fim de pegar o livro Necronomicon de suas mãos, esfarelando o rosto do sujeito e encharcando a tela com o sangue que dali sai. Infelizmente a personagem que normalmente fazia muita diferença na primeira e segunda temporada, aqui está um pouco apagada, tendo poucos momentos realmente épicos. Essa temporada começa após os personagens voltarem no tempo, até a cabana onde ocorreram os fatos do primeiro filme. A partir dali mostra-se Ash virando um herói adorado por todos, ao invés da figura de ódio que ele sempre foi.
Há cenas memoráveis, como a revolta de uma mulher que é “homenageada” por Ash, em um revista pornográfica quando o mesmo tentar doar esperma. O mal se manifesta a fim de impedir essa doação, uma vez que caso tivesse filhos, seria inconveniente para a criatura maligna, e faz a mão da moça que posou sair da revista enquanto o protagonista está se aliviando. A cena seguinte é uma briga em meio ao laboratório, com direito a efeitos de congelamento de materiais anti incêndio.
A cidade de Elk Grove é bem diferente do que se via antes, não só em relação ao heroísmo de Ash, mas também a incidência de ataques do Mal. Quando voltam a acontecer esses rompantes, normalmente é Kelly (Dana DeLorenzo ) quem segura a barra, ainda que sua presença também seja discutível quanto a sua filiação, uma vez que não se define completamente se ela está do lado dos mocinhos ou da coisa maligna.
O seriado continua com cenas asquerosas — no melhor sentido do termo —, e a diversão também extrapola os limites do “politicamente correto”. A quantidade de lutas que envolvem dilacerações, amputamento de membros e decapitações é praticamente incontável, há pelo menos uma por episódio e o desrespeito com as regras físicas e espirituais é enorme, tudo em nome do nonsense. Toda essa extrapolação só funciona obviamente graças a presença canastrona e carismática de Campbell,
Para variar o ano termina com mais uma versão do apocalipse, dessa vez apelando para um visual que lembra demais o que está na literatura de H. G. Wells, em especial Guerra dos Mundos, com monstros gigantes que parecem vindos de outro mundo. Ash deixa seus amigos distantes, junto com sua filha Brandy Barr (Arielle Carver-O’Neill), para tentar enfrentar essa nova versão do mal sozinho.
Ash Vs Evil continua divertida como sempre, e repleta de fan service para quem gosta de cinema trash e também de uma diversão descompromissada com sub textos. O fato de Ash ser o escolhido para lidar com o maior mal que o planeta já viu é no mínimo intrigante, visto as falhas enormes de caráter que o mesmo tem, além é claro de sua infantilidade tradicional. Alem disso, o protagonista é um sujeito falho e extremamente humano, fato que conversa demais com o público alvo, em especial com os de meia idade, que como Ash, tendem a aceitar melhor seus próprios defeitos sem receio de serem tachados de estagnados ou resignados, tendo então empatia natural por aqueles que abraçam seu destino, independente do quão trágicos e tortuosos possam ser esses caminhos, e claro, o vislumbre do que viria numa quarta temporada, em um futuro pós apocalíptico e arenoso como em Mad Max cria obviamente uma expectativa enorme em cima do que poderia vir antes do cancelamento precoce, restando apenas a esperança de que algum outro serviço (de streaming ou outro canal) salvem a série de um destino sem desfecho.
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