Crítica | Hitman: Agente 47
Segunda versão cinematográfica baseada no jogo lançado pela IO Interactive em 2000, Hitman: Assassino 47 é uma nova tentativa da 20th Century Fox, mesma produtora do primeiro longa, de investir em uma franquia de sucesso nos consoles e PC. Uma fonte que sempre resultou em adaptações difíceis, sendo Resident Evil – Hóspede Maldito uma das versões mais conhecidas.
O grande desafio de adaptar um jogo para os cinemas se deve à fidelidade necessária à história e à construção de uma narrativa que mantenha o mesmo conceito conhecido por seus jogadores e tenha um alcance universal para o público em geral. Muitos jogos se baseiam em um argumento base e se desenvolvem em missões, transitando por temas semelhantes, um estilo que pode abarcar o cinema mas nem sempre representá-lo com qualidade.
Os preceitos fundamentais do game, sobre um assassino profissional clonado e modificado geneticamente, são estabelecidos nos minutos iniciais da produção, em uma narrativa em off. À semelhança da origem do herói Capitão América e o soro do Super Soldado (criado por uma equipe que morre logo após a experiência com Steve Rogers), o único homem capaz de reproduzir a experiência do Agente 47 está desaparecido e começa a ser caçado por uma agência para repetir a experiência e compor um exército.
Com o diretor estreante Aleksander Bach e uma trama escrita pelo mesmo roteirista do primeiro longa-metragem, é evidente que a série não é tratada como um produto de primeira linha com possibilidade de alta rentabilidade. Mas sim uma narrativa voltada para um alcance médio de público, capaz de pagar seus gastos e obter algum lucro. Inicialmente, a personagem inicial provavelmente seria de Paul Walker. Um provável desafio para o ator sorridente incorporar um papel fechado e normalmente inexpressivo, além de garantir um atrativo ao público. Infelizmente, Walker saiu de cena antes do início da produção e o britânico Rupert Friend assumiu o papel.
Com uma figura naturalmente apática devido a sua programação para se tornar um assassino de aluguel, a identificação com a personagem é difícil. A trama é claramente voltada para a ação com uma miscelânea de estilos diversos vistos em outras produções na última década: lutas corporais com golpes brutais, cenas bem ensaiadas como balé, exageros que desafiam a lei da gravidade, câmeras que acompanham a movimentação das personagens e imagens cujo impacto visual, com uso de reflexos e cores quentes, em contraste com a fotografia azulada, se destacam.
Objetivo ao extremo em sua narrativa, as cenas de ação ao menos se sustentam e seus personagens transitam de uma cena a outra sem muita evolução. Talvez se houvesse maior dedicação e elaboração no projeto, o produto seria melhor além de um filme de ação que peca pela falta de estilo próprio, mesmo que seu argumento base seja suficiente para ser bem trabalhado nas mãos de bons roteiristas. Como um encadeamento de cenas de ação, Hitman: Assassino 47 pode satisfazer e – de fato – sua bilheteria comprova que a produção foi capaz de pagar seu orçamento e ainda obter lucro. Porém, falta muito para que seja um filme minimamente considerável e, como a produção anterior, com Timothy Olyphant, será esquecido em breve, engolido por bons lançamentos do ano e, futuramente, adaptado por uma terceira vez ou sumariamente renegado aos bons jogos lançados até então.