Resenha | Level E – Vol. 1
Do mesmo autor de Hunter x Hunter e Yu Yu Hakusho, Level E é um mangá repleto com os traços característicos desse autor, que cria histórias carregadas de densidade em uma trama séria que prende a atenção e simultaneamente divertem, com vários elementos de humor que aliviam e equilibram muito bem essa história entre humanos e alienígenas. Publicado pela Shonen Jump pela primeira vez de 1995 a 1997 (acredito que um pouco depois de ter terminado Yu Yu Hakusho) e sendo lançado atualmente pela editora JBC em três volumes.
Com pouca ênfase no desenho dos cenários (ainda que os que apareçam sejam muito detalhados) e nas cenas de luta, o foco é completo nos personagens que, por mais que os traços não sejam inteiramente únicos (ou incrivelmente incomuns), é evidente o empenho do mangaká ao dar ênfase nos sentimentos e nas expressões de cada um deles. Poucos mangás que já passaram pela minha mão foram capazes de passar de maneira tão precisa os detalhes faciais de cada personagem, seja quando estão irritados, indiferentes, tristes ou preocupados. Sem contar, claro, que desde Hunter x Hunter eu tenho certeza de que não existe alguém capaz de desenhar rostos tão ameaçadores quanto a dos personagens de Togashi:
Afora isso, gostaria de comentar também sobre seus personagens. Com bases e personalidades consistentes, todos eles carregam características únicas e, algumas vezes, inusitadas. Seja o personagem briguento que entende dos assuntos de marginais, mas que no fundo é uma boa pessoa ou o príncipe dos alienígenas que age feito uma criança mimada e é uma dor de cabeça para todo mundo. Todos eles carregam peculiaridades que divertem (ou irritam). Sem contar a inevitável atribuição de um misto de humano e excêntrico presente nos E.T.s da história que muito provavelmente te faz duvidar qual deles é o que tem mais sentimentos.
Outro aspecto interessante é uma linha muito tênue posta entre o bem e o mal. Afinal, os alienígenas estão na Terra e é nela que a história se passa. Nesse contexto, muitos não são realmente criaturas agradáveis ou até mesmo amigáveis, mas a principio o autor deixa claro que, às vezes, certos acontecimentos não são guiados pela maldade – ou pela loucura -, mas sim por algo incontrolável e a falta de escolhas, descobrindo que alguém que muitas vezes você acha que é o vilão da história é, na verdade, apenas mais uma vítima de algo que vai muito além.
Para finalizar, devo dizer que o primeiro volume mostra dois aspectos de um mesmo universo e nos apresenta uma história rica que promete muito para os dois volumes seguintes. Um mangá repleto de detalhes que lidam com a coexistência entre duas naturezas discrepantes, mas que ainda assim carregam similaridades. Sem contar, claro, que o único motivo de uma das raças alienígenas mais perigosas que já destruíram inúmeros outros planetas viverem pacificamente na Terra é: baseball. Com isso dito, deixo minha recomendação para todos que procurem um ótimo e curto mangá para acompanhar.
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Texto de autoria de Thiago Suniga.