Tag: Yōsuke Kuroda

  • Review | ID-0

    Review | ID-0

    A humanidade descobre um minério estranho chamado Orichalt, que gera muita energia. Isso possibilita explorar locais mais distantes no espaço, inclusive para buscar novas fontes de Orichalt. Nesse contexto, criou-se a profissão de mineradores, que utilizam uma ferramenta bem peculiar: as I-Machines. O minerador transfere sua consciência para esses grandes robôs humanoides, possibilitando seu controle. As I-Machines são as únicas formas de explorar e minerar ambientes perigosos e extremos.

    A jovem Maya Mikuri tem grande destaque na academia formadora de mineradores e já executa missões supervisionadas. Em uma dessas missões, ocorre um acidente que deixa sua I-Machine à deriva no espaço. Ela não consegue voltar a consciência para seu corpo.

    Maya encontra um grupo de mineradores clandestinos e tem como única saída se juntar a eles até encontrar um jeito de recuperar seu corpo para retornar sua consciência a ele.

    ID-0, dirigido Gorō Taniguchi e escrito por Yōsuke Kuroda, tinha potencial para ser um bom anime, mesmo sem grandes inovações ou história marcante. Porém, ele tenta ser algo maior do que devia.

    A trupe de mineradores clandestinos, por um motivo explicado posteriormente, ficam em tempo integral nas I-Machines, exceto pela filha do líder. Cada um tem uma personalidade bem distinta, e mesmo que estereotipadas, atendem às necessidades da narrativa. Existe um mistério em relação a Ido, que não tem lembranças de seu passado e não sabe dizer por que vai atrás de Orichalt.

    A princípio, a trama se desenvolve em torno da tripulação procurando Orichalt e sendo perseguida pelas autoridades, uma vez que fazem um trabalho clandestino. Não há grandes momentos, nem acontecimentos memoráveis, apenas o suficiente para se divertir, o que não é um grande problema. A questão vem a partir da segunda metade do anime, por volta do episódio 7.

    Houve uma tentativa de trazer alguns elementos mais complexos à trama, e alguns são até interessantes, principalmente o passado de Ido. Porém, se nos primeiros episódios a trama era bem focada em aventura, agora ela caminha para teorias da conspiração e motivações loucas. Até certo ponto funciona, mas depois o foco muda bastante e a reta final é bem fraca, especialmente o desfecho largado. Tinha potencial, boas ideias, personagens legais, e infelizmente não atingiu um bom resultado. Foi mal desenvolvido. Pelo menos uma coisa é inegavelmente positiva: a qualidade de animação, que tem boa fluidez, muitos detalhes e cores vivas.

    O universo criado em ID-0 é bacana, existia potencial, inclusive, para fazer histórias soltas no estilo de Cowboy Bebop . Mas sinceramente, após a essa fraquíssima primeira temporada, não me parece promissor continuar essa história. E se continuarem, por favor mudem a música de encerramento, que é muito ruim, chata e precisa ser suportada para conferir a pequena cena pós-crédito de todos os episódios. OK, o anime está na Netflix, podemos simplesmente pular, mas ainda assim somos obrigados a lembrar que aquela música existe. Enfim, não recomendo ID-0 a ninguém. Mesmo não sendo a pior coisa do mundo, foi uma boa ideia mal executada.

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  • Review | Highschool of the Dead

    Review | Highschool of the Dead

    Highschool of the DeadPeitos enormes em decotes inacreditáveis, micro-saias, personagens seminuas sem motivo aparente, personagem central com um sex-appeal mágico. Faltou alguma coisa? Faltou! Calcinhas… Calcinhas para todo lado, de todas as cores, tamanhos e mostradas de todos os ângulos imagináveis. Com estes atributos que listei acima, podemos ter uma ideia do teor de Highschool of the Dead e, num geral, dos ecchis como um todo. O Japão possui uma lista infindável de maluquices que ainda serão demonstradas aqui no Vortex, por hoje ficaremos apenas no Ecchi.

    E, na verdade, acho que o ecchi (lado-a-lado com os tentáculos) é a expressão máxima da bizarrice japonesa nos animes. Boa parte do material produzido no Japão flerta com a sensualidade e com a sexualidade, seja através de seios avantajados em decotes que desafiam a física, seja através de insinuações ou piadas sexuais. Provavelmente, se você está assistindo algum anime, em algum momento vai se deparar algum tipo de situação como essa.

    No ecchi, não há sexo explícito (quando há, o produto passa imediatamente à categoria Hentai). Há, entretanto, uma pesada carga de sensualidade expressa através do desenho ou dos diálogos libidinosos. Em Highschool of the Dead não é diferente.

    A obra original, escrita por Satou Daisuke e desenhada por Satou Shouji, foi publicada na revista Dragon Age, da Kodankawa Shoten (casa de outros mangás famosos como Slayers, Tenchi Muyo! e Neon Genesis Evangelion) em 7 volumes no ano de 2006. Em 2010, ganhou adaptação para as telas japonesas (e de computador, mundo afora) pelo estúdio Madhouse (o melhor estúdio de animação japonês, responsável por animes como Death Note, Gungrave, Trigun e Hunter X Hunter, dentre outros) através das mãos de Tetsurou Araki (de Death Note).

    O estória de HotD começa com Komuro Takashi, um aluno do 3˚ ano do colegial japonês, refletindo sobre alguns acontecimentos de sua vida na escada de acesso ao telhado do prédio escolar. Durante seu momento de reflexão, Takashi presencia uma cena inacreditável que envolve alguns membros da diretoria e um rapaz que aparenta estar bêbado. Quando o chefe da segurança vai expulsar o arruaceiro da frente da escola, entretanto, ele é mordido e vem a falecer em menos de cinco minutos. Takashi estremece ao perceber que o homem morto não permaneceria naquele estado por muito tempo. O homem morto levanta-se e ataca os funcionários da escola, dando inicio a infestação zumbi no colégio.

    HotD3

    Imediatamente, Takashi parte para a sala do segundo ano para buscar Mynamoto Rei, uma amiga antiga por quem ele tem uma queda. Em alguns minutos apenas, os zumbis tomam conta da escola e matam praticamente todos os alunos, tornando a tarefa de escapar da escola muito mais difícil. Takashi e Rei juntam-se à Busujima Saeko (uma campeã nacional de kendô), à enfermeira Mirakawa Shizuka (única adulta do grupo, mas meio lesada), a garota-gênio Takagi Saya e ao otaku militar Hirano Kouta. Juntos, os seis precisam enfrentar os desafios oferecidos pela escola e continuar sobrevivendo num mundo completamente infectado pela ameaça zumbi.

    O anime possui boa animação (não esperaria menos da Madhouse) e um enredo que lembra muito a famosa série da AMC, The Walking Dead. Na verdade, parece muito claro que a dupla de mangakás buscou muita referência para a série na HQ que originou a série da AMC, quando criou a história e os personagens de Highschool of the Dead. É muito evidente a mudança de comportamento dos personagens no decorrer do anime e essa alteração é dada pela situação em que se encontram, exatamente como o grupo liderado por Rick em TWD. Num primeiro momento, eles esperam ajuda para retornar às suas famílias mas, quando percebem que a ajuda não aparecerá, tomam as rédeas de seus próprios destinos e decidem enfrentar seus próprios desafios.

    O enredo trabalha muito bem a questão social e como os valores pregados por nossa sociedade são frágeis. Em diversos momentos da trama, o grupo central encontra-se em um dilema quando precisa ajudar alguém ou algum outro grupo de sobreviventes. Takashi e Rei são os primeiros a descobrir que os zumbis não são seus únicos inimigos e que para sobreviver eles precisam alterar sua visão de mundo completamente. Em alguns pontos, os personagens questionam sua própria humanidade frente aos perigos de um mundo ocupado por zumbis comedores de carne.

    Highschool of the Dead é o típico enlatado japonês que talvez não faça muito sentido para o espectador médio aqui no Brasil. As relações dos personagens, suas motivações e respostas para os problemas enfrentados são tipicamente japonesas e estão inseridas num anime de gênero que não é fácil de assistir. As atitudes dos personagens (como, por exemplo, a mania que as personagens femininas têm de tirar a roupa sem motivo aparente, ou ficar se insinuando para o personagem principal o tempo inteiro) são meio inverossímeis demais, mas são muito populares entre o público deste tipo de obra.

    Os desenhos são muito bonitos e os personagens são muito bem desenhados, com a animação fluida e sem confusão. As sequências de ação do anime são bem fáceis de compreender e a única diferença para a maioria dos animes mais populares é a posição da “câmera”. Em todos os episódios alguma das personagens de saia será filmada de baixo, ela cairá no chão e sua calcinha aparecerá ou um diálogo mais importante será exibido em segundo plano para deixar um par de seios ou uma bunda em evidência na tela. Os personagens do desenho passam boa parte do tempo cobertos de sangue e os desenhistas não economizaram, também, nas mortes violentas.

    A dublagem japonesa é boa, com vozes bem delineadas e sem muitos diálogos corridos que prejudiquem a interpretação (ou leitura das legendas…). Da trilha sonora, posso destacar a abertura que é muito boa, as OSTs durante os episódios são pouco empregadas. Uma diferença interessante em HotD é que a trilha de encerramento não termina o episódio, como a maioria dos animes fazem. Em todos os episódios há uma cena extra após os créditos que faz a ligação com o próximo episódio.

    Highschool of the Dead é um anime diferente dos outros que já vi. Possui diversas camadas de observação mas acaba fazendo mais sucesso entre os otakus pornográficos mesmo… Uma pena que uma boa estória como essa não tenha a devida atenção do público.

    A segunda temporada do anime foi confirmada numa convenção no ano passado, mas ainda não tem previsão de estreia nas telas japas.

    Highschool of the Dead poster