(Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).
No sexto número de Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior, a narrativa continua com a mesma tônica dos números anteriores: lenta, desenvolvendo os acontecimentos de maneira ordenada, um a um, sem uma urgência necessária para a invasão kryptoniana apresentada. A ação adentra levemente a narrativa central após a execução do plano de Bruce Wayne em produzir uma chuva artificial de kryptonita em uma Gotham tomada pelos vilões. Enfraquecidos, os mocinhos ganham a primeira batalha, ainda que a situação, provavelmente, ganhe alguma reviravolta, afinal, ainda faltam quatro edições futuras já que a DC Comics anunciou no ano passado que estenderia a série até a nona edição.
Novamente, Frank Miller coloca Superman como um coadjuvante. Seu retorno em potencial em The Dark Knight III: The Master Race #5, que poderia realoca-lo como um salvador dentro do contexto, é rebaixado a uma única ação nesta edição. Se por um lado o autor tem um histórico de sempre destacar o Cavaleiro das Trevas em suas obras em detrimento a outros heróis do panteão do estúdio, a tensão da trama exige a participação de outros heróis. Até o momento, porém, a maioria tangenciam a trama.
A esta altura, parece evidente que o roteiro é mais funcional como metáfora. Esqueça o desenvolvimento aparente da trama, ela é apenas sustentação para criticar o extremismo e apresentar a queda dos heróis, uma falência generalizada por personagens desencantados e a velhice de Bruce Wayne. Afinal, Batman parece o único que mantém a fibra em lutar, mas seu corpo está velho demais para combater o crime. O desfecho deste número ainda conduz o leitor para um dos ganchos mais comuns das histórias em quadrinhos: um ataque direto ao herói que, aparentemente, morre. Um apelo desesperado da trama para conquistar certo drama. Mas não funciona. Se a história foi desenvolvida até aqui segurando ao máximo a ação, a possível morte do Homem-Morcego demonstra apenas desespero dos roteiristas.
Em contrapartida, a segunda história se desenvolve com maior qualidade ao explorar os personagens isoladamente. Dessa vez, Lara, a nova Robin e Mulher-Maravilha são os destaques. Alem do roteiro, Miller também assina os desenhos desta parte e ao apresenta duas batalhas, ao menos, injeta um pouco de ação em uma história lenta. A primeira delas entre Lara e a Robin e a segunda entre Diana e a filha. A Trindade parece, finalmente, estabelecida e ativa na trama, ainda que considerando o anticlímax do enredo, é possível que a Mulher-Maravilha ainda não apareça na história central.
Com apenas três edições para o desfecho, a história poderia ser mais objetiva. Prolongada em excesso com diversos acontecimentos isolados, a obra parece se distanciar cada vez mais do consagrado universo de Cavaleiro das Trevas.
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