(Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).
Em Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #07, tivemos o retorno de Bruce Wayne, após um brevíssimo período morto. Renascido no poço de Lázaro, o herói volta à ativa em perfeita forma, rejuvenescido. Um fator que poderia engatilhar, finalmente, o início do ato final da história mas, mais uma vez, o ritmo que domina a penúltima edição é o prolongamento desnecessário da narrativa.
Engana-se quem pensou que haveria uma grande cena de ação neste número. Enquanto Themyscira é invadida pelos kryptonianos, Superman e Batman estão na caverna do morcego e chegam ao local somente no fim da batalha, quando parte do grupo foi derrotado e outra parte fugiu. Ou seja, todos o desenvolvimento da história até aqui, incluindo o lento reagrupamento dos heróis, não teve nenhum objetivo evidente. Tudo indica que haverá mais uma batalha na última edição e, com isso, finda-se a trama.
Além de um argumento breve, estendido além do necessário, os erros na composição da narrativa são aparentes. Deixar todo o ápice para o último número é repetir um velho problema dos quadrinhos em que as histórias se encerram rapidamente por falta de um planejamento entre o que se pretende contar e o quanto de páginas estarão disponíveis para tal ato. Lembrando que somente durante o lançamento da série foi anunciado a ampliação da história para mais um número, inicialmente o enredo terminaria na oitava edição.
A prova da escassez temática também se evidencia na história paralela. A trama é narrada pela comissária de Gotham, investigando uma cena de um crime realizado por uma nova geração de Coringas, comandado pela antiga capanga do palhaço, a nazista Bruno. Não há nenhum motivo para inserir qualquer elemento extra a esta altura da história, a não ser revelar a falta de tema do argumento central. O mais improvável, porém, é que Batman aparece em cena para ajudar a comissária como se não houvesse urgência no problema com os kryptonianos. Ainda que seja coerente a ajuda do morcego, as densidades dos problemas são desnivelados, diante de uma catástrofe mundial, porque não colocar outro herói em cena para esse momento? E, mesmo sendo uma história paralela, é evidente que ela segue a temporalidade da trama principal, ou seja, invalidando a possibilidade de ser uma ação realizada durante outro momento do universo de Cavaleiro das Trevas.
Nesses prolongamentos desnecessários é que se observa o quanto A Raça Superior se tornou uma longa história com pouco argumento e, a essa altura, impossível de se salvar como uma boa revista. Mas, finalmente, depois de um hiato em número anteriores, chegou a hora do último e derradeiro capítulo final.
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