(Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).
Lançado em 29 de junho nos Estados Unidos, The Dark Knight: The Master Race #5 segue no anti-clímax estabelecido na edição anterior, The Master Race #4. Novamente, é necessário ponderar a intenção por trás dessa nova obra no universo de Cavaleiro das Trevas. Até esta edição, a simbologia da narrativa permanece superior ao próprio desenvolvimento e construção da história. É possível identificar que a batalha com a Raça Superior é metáfora sobre força e extremismo, a qual naturalmente a crítica associou a movimentos contemporâneos, principalmente no Oriente Médio. Porém, qual a superfície desta narrativa?
Como Batman é personagem principal da trama, a edição apresenta uma distorção na história para que o herói se torne o centro da futura ação. Superman retornou de seu exílio na Fortaleza da Solidão, porém foi momentaneamente destruído – preso em matéria negra – pelos vilões; Flash aparece rapidamente na edição anterior e tem seus pés destruídos; Mulher-Maravilha continua em Themyscira; Lanterna Verde, ainda desaparecido após ter os braços decepados; e Átomo se mantém preso em nível atômico. Em resumo: tudo coaduna para que um velho e cansado Bruce Wayne assuma ativamente o plano para destruir a raça mestre dos kryptonianos. Porém, mesmo considerando as personagens desaparecidas, parece inverossímil que Superman aceite ser – momentaneamente – derrotado e que o Cavaleiro se torne a única força de resistência a ponto de ser ameaçado pelos vilões.
Ainda que o plano executado tenha sido inteligente, provavelmente figurá em futuras listas elencando momentos em que Frank Miller reduziu a verossimilhança da trama para que a inteligência e perspicácia de seu herói se destaquem como supremas. O problema em utilizar tal recurso alimenta a dúvida de por qual motivo outros heróis continuam sem intervir diante de um grande problema como este? Os leitores reconhecem que em muitas sagas há a participação limitada de um grupo de heróis, porém a trama apresenta as personagens envolvidas nas histórias paralelas, mas ainda não as inseriu dentro da ação. Como metáfora sobre discussões atuais, é possível estabelecer bons parâmetros, no entanto a história em si continua caminhando devagar, alinhando personagens aos poucos sem nenhum ganho narrativo e, até agora, sem nenhuma ação de fato – a mudança mais significativa nesta parte é a promoção de Robin à Batgirl.
É possível observar também como as mídias se entrelaçam nesta nova edição. Devido ao seu corpo velho e debilitado, Batman volta a utilizar a armadura vista no Cavaleiro das Trevas original, a mesma que foi homenageada em Batman vs. Superman: A Origem da Justiça. Uma sintonia proposital unificando os prováveis futuros leitores que adquirem esta obra em razão do filme.
Neste número, há a terceira HQ desenhada inteiramente por Frank Miller, uma das aventuras que se passa de maneira paralela à trama central, lançada em um mini-gibi dentro das revistas. A personagem enfocada desta vez é Lara, filha de Clark Kent e Diana. Ainda que seja positivo observar que o autor se mantém na ativa com seus traços caracteristicamente desproporcionais, até mesmo esta trama – a qual normalmente é mais interessante que a principal – também pouco revela ao leitor, exceto o óbvio: o descontentamento da personagem ao acompanhar os kryptonianos e um futuro provável em que ela mudará de lado e lutará a favor de nossos heróis.
Prologando em excesso o anti-clímax, Dark Knight – The Master Race #5 começa a incitar dúvidas sobre sua qualidade narrativa. Há uma base simbólica em demasia perante uma narrativa ainda diminuta, revelando a escassez da trama. O desfecho será realizado nas próximas três edições. Ainda há tempo para uma ação concreta que ao menos encerre com qualidade a trama.
”Ainda que o plano executado tenha sido inteligente, provavelmente figurá em futuras listas elencando momentos em que Frank Miller reduziu a verossimilhança da trama para que a inteligência e perspicácia de seu herói se destaquem como supremas. O problema em utilizar tal recurso alimenta a dúvida de por qual motivo outros heróis continuam sem intervir diante de um grande problema como este? ”
Ele fez a mesma coisa no Tdk2