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  • Resenha | Asterix: O Escudo Arverno

    Resenha | Asterix: O Escudo Arverno

    Uma certeza? Nunca tire nada de Júlio César, muito menos uma prova de rendição a ele. A busca pelo Escudo Arverno que era de César já começou, e ele vai virar a Europa de pernas para o ar se for preciso, até encontrar esse item perdido da sua valiosa coleção de conquistas. O que a publicação das editoras brasileiras Cedibra, originalmente, e posteriormente, Record, comenta é a ganância de uma figura imperial que de tão desmedida, torna-se motivo de piada nas mãos dos autores franceses Albert Uderzo e René Goscinny. Fora que o escudo nem é tão lindo assim, mas como ele era de um herói gaulês, eis a prova material de que César conquistou até mesmo a enorme região da Gália.

    Só tem um pequeno detalhe: a Gália possui uma pequena tribo resistente, lar dos mais loucos (e eficientes) guardiões que, quando não estão bebendo e festejando como se fossem hobbits, protegem sua terra-natal mais do que qualquer exército sonharia em fazer. É claro que estamos falando de Asterix e Obelix que, ao ficarem sabendo da empreitada atrás do Escudo Arverno, vão fazer de tudo para chegarem nele antes dos romanos – afinal, foi forjado por um conterrâneo deles e derrotado em batalha por César. Assim, a história investiga o paradeiro desse pedaço de metal, desejado por uns como questão de honra, e por outros, por pura soberba de imperador.

    Será possível que uma guerra vai começar, só pelas confusões que envolvem essa busca? Asterix e Obelix não querem saber, e juntos do cãozinho Ideiafix, vão varrer a Gália (e testar sua amizade) para alcançarem a tal da relíquia antes. Uma aventura que não enriquece a mitologia das histórias da famosa dupla, amada mundo afora desde 1960, mas que prova também a magia e a graça de suas peripécias, caricaturas deste período histórico e suas personalidades. Com alguns momentos hilários beirando a histeria de sempre, vale tudo tanto pela superioridade em tempos de conquistas de território, quanto pela preservação dos símbolos nacionais, aqui na forma deste bendito escudo.

  • Resenha | Asterix: Asterix nos Jogos Olímpicos

    Resenha | Asterix: Asterix nos Jogos Olímpicos

    Ah, a Gália… a  enorme região da Europa conquistada pelos romanos. Isso foi antes de Cristo mas, graças a Asterix e Obelix, ela nunca será esquecida. Palco (ou apenas o início) de suas inúmeras aventuras malucas, a Gália nessas histórias resistiu ao Império pela astúcia e força física das criações dos cartunistas franceses Albert Uderzo e René Goscinny que, desde os anos 1960, vêm ganhando as gerações com o racional Asterix e o impulsivo Obelix, representando o que há de melhor no período do exército romano de Júlio César e os seus absurdos. Loucuras essas que, de tão megalomaníacas, já seriam ridículas por natureza. Asterix e Obelix sempre foi a mais deliciosa das caricaturas desse período histórico, e Asterix nos Jogos Olímpicos, não poderia ser diferente.

    Agora toda a Europa está em polvorosa: em poucos dias, na Grécia, o maior torneio de todos vai acontecer, e a Gália quer mostrar a força e a superioridade do seu povo – como se já não bastasse provar isso sendo o último território contra Roma (!). E enquanto os romanos tem um bonitão enorme para os grandes jogos, para a Gália sobrou… Obelix, com sua enorme pança, mas que com um soco faz o lutador romano subir na mais alta árvore, deixando até suas sandálias no chão. Sentindo esse poder, Roma não vai deixar barato, mas quem pode contra o poderoso (e falastrão) Obelix e um Asterix que, após tomar uma poção mágica do bruxo Panoramix, consegue correr mais rápido que o vento? Está armada mil confusões olímpicas, sendo claro que a rivalidade do Império contra a resistência nunca foi tão divertida assim.

    O estilo narrativo frenético de Uderzo e o visual super expressivo Goscinny consagram-se a cada página como um primor das artes gráficas. Juntos a dupla teceu inúmeros álbuns coloridos de quadrinhos por anos e talvez Nos Jogos Olímpicos seja o mais irreverente de todos. Tal comédia dos costumes ainda arranja tempo para criticar a competitividade, a corrupção política e o etnocentrismo, já que os de Roma sempre se achavam superiores. E os de Gália também! Para todas as idades (e etnias), a publicação no Brasil da editora Record é perfeita aos colecionadores dessa dupla de gauleses e estimulante para o público infanto-juvenil que sempre precisa de um bom motivo para se encantar pela arte da leitura. Nem para isso, Asterix e Obelix falham.

  • Resenha | Asterix: Uma Volta Pela Gália com Asterix

    Resenha | Asterix: Uma Volta Pela Gália com Asterix

    Numa clara sátira ao Tour de France, uma competição anual de ciclismo que acontece desde 1903 na França, vemos agora os mais atrapalhados heróis europeus dando, literalmente, um rolê por um território que para os gauleses é proibido pelo império romano. Por isso mesmo, o sensato Asterix e o irritado Obelix fazem uma aposta valendo a reputação heroica da dupla para com os romanos: eles irão dar uma volta pela perigosa Gália, já dominada pelo império, com exceção da vila em que os dois protegem, agindo como resistência ao poder que os cerca, e trarão de cada região uma especialidade culinária, para atestarem sua bravura – e sua habilidade conjunta em se meter e se livrar de mil e uma loucuras.

    Esse é o mote principal nos quadrinhos de Uma Volta pela Gália com Asterix: uma fuga que pode ser bem-sucedida, ou não. Assim, Obelix (que não suporta ser chamado de gordo) e Asterix (o cérebro da dupla) partem com sua moral duvidosa a superar os obstáculos da jornada, colhendo os deliciosos ingredientes para o banquete que prometeram para todos da aldeia, e escapando dos oficiais romanos que estão sempre na sua cola, em todo lugar. Nisso, uma recompensa é garantida de 50 mil sestércios, a moeda da época na província romana, a quem capturar nossos gulosos “rebeldes”. Dois encrenqueiros a testar a força do império que, 50 anos antes de Cristo, ainda exercia controle soberano na Gália, a região francesa popularizada na cultura pop pelas icônicas aventuras de Asterix, e Obelix. Todas publicadas no Brasil pela editora Record.

    Eis então uma das mais engraçadas e espirituosas histórias da criação de René Goscinny, e Albert Uderzo, aqui reunida num encadernado de quase 50 páginas de pura criatividade e diversão, com cores esbeltas e expressivas permeando um primoroso trabalho gráfico da editora, e fazendo vibrar os tons do mundo medieval que os nossos amigos atrapalhados habitam, e as peripécias hilariantes que encontram pelo caminho (a forma como Obelix sempre quer resolver tudo no braço sempre rende boas risadas). Uma Volta pela Gália com Asterix é uma ode leve e juvenil não apenas ao valor da amizade perante um mundo hostil e injusto, mas uma celebração ao espírito de aventura universal que Asterix e Obelix representam desde 1959, e que tanto amamos acompanhar até hoje, seja nas suas pequenas reviravoltas, seja no seu humor e nos trocadilhos inofensivos, mas graciosos como poucos.

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  • Crítica | Asterix e o Segredo da Poção Mágica

    Crítica | Asterix e o Segredo da Poção Mágica

    Animação de Louis Clichy e Alexandre Astier, Asterix e o Segredo da Poção Mágica é mais uma adaptação dos quadrinhos de Albert Uderzo e René Goscinny e seus personagens clássicos Asterix, Obelix e os outros  gauleses. Os gráficos em 3d são muito bem feitos e servem bem ao formato curto de sua historia, não deixando nada a desejar aos outros produtos em 2d que estrearam pelo cinema. A historia aqui começa mostrando Panoramix (ou Caerme no original), um personagem cuja ligação com a natureza é grande o suficiente para que ele tente salvar um pequeno pássaro em perigo, ficando o próprio em apuros nessa tentativa.

     Logo após esse epílogo, vem uma sequencia musical que introduz os heróis em uma corrida  que envolve o cotidiano dos bravos gauleses, que preparam seus alimentos, trabalham com carpintaria ou serrando árvores, e vivem seus dias de maneira normal, cortados apenas pela ação do herói que dá nome ao filme e claro, por Panomarix, que se sente inseguro e deseja achar alguém para o substituir como druida da aldeia.

    O filme  captura de maneira inteligente, engraçada e carismática toda a atmosfera dos clássicos quadrinhos, as formas dos bonecos digitais são ótimas, expressivas e valorizam os traços exagerados, narizes protuberantes e olhos expressivos dos personagens clássicos. É uma ode a obra original em espírito e em visual, numa tradução que lembra o mesmo esmero do recente Peanuts.

    Há um pequeno problemas, com os personagens novos que são introduzidos. Eles não tem o mesmo carisma dos clássicos, mas não são de todo ruins, ao contrário, agregam bem a historia. O problema maior é acabarem por pegar boa parte do protagonismo que poderia ser dos justiceiros que os fãs estão acostumados a acompanhar, mas dado que as historias legais de Asterix e Obelix envolvem toda a aldeia dos gauleses, faz sentido ter o restante dos membros da comunidade agindo contra os malfeitores.

    Se o meio do filme perde um pouco de ritmo e qualidade dramática – o roteiro não é dos mais elaborados em matéria de trama – a batalha final compensa demais, é épica, mostra uma união de ex-adversários em torno de um inimigo em comum, com direito a momentos que lembram os filmes de heróis de quadrinhos, com uma pitada de tokusatsus, tudo ao estilo das HQs clássicas e das animações famosas do bravo povo gaulês. Asterix e o Segredo da Poção Mágica tem uma historia simples, até simplória em alguns pontos, mas é divertida e bem reverencial a obra original.

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  • Crítica | Astérix e o Domínio dos Deuses

    Crítica | Astérix e o Domínio dos Deuses

    Lançado no Brasil somente em 2016, Asterix e o Domínio dos Deuses foi a tentativa de reviver no cinema as versões animadas dos quadrinhos desde 2006 quando saiu Asterix e os Vikings.

    Em uma tentativa de derrotar a aldeia dos irredutíveis gauleses que tanto causam dor de cabeça, Júlio Cesar manda construir um resort em volta da vila de seus inimigos para incorporá-los ao mundo romano.

    Com o roteiro adaptado por Alexander Astier e Louis Clichy, também diretores do filme, e a colaboração de Jean-Rémi François e Philip LaZebnik, baseados nos quadrinhos lançado em 1971 pelos criadores René Goscinny e Albert Uderzo, respectivos roteirista e desenhista, a narrativa do filme mantém o ótimo argumento que discute diversos temas como a dominação colonial e cultural, além da globalização.

    Ao fazer com que haja uma invasão romana nas florestas para iniciar as construções das moradias, inicia-se uma discussão sobre o domínio de um país pelo outro e amplia-se o debate para uma dominação cultural ao transformar a aldeia dos irredutíveis gauleses de um comércio local autossustentável em lojas de turismo que vivem para abastecer os hóspedes romanos. Outro tema também importante como a resistência cultural como forma de combate aos invasores acaba se diluindo junto dos outros dois quando o roteiro prefere focar no planejamento e execução do plano de Asterix, Obelix e Panoramix de expulsar os romanos dali.

    Um problema extra do roteiro foi desrespeitar o material original. Em todos os livros de Asterix não existe traição dos cidadãos romanos à própria pátria, ainda mais feita de forma brusca e sem motivação como foi o caso da família de Petiminus, outra mudança mal realizada foi fazer com que o próprio Júlio César fosse até o local do Domínio dos Deuses. Ao inserir estas mudanças enfraqueceu o próprio mito de Roma que se construiu no universo de Asterix como um império fraco, quando na verdade é o maior adversário dos gauleses que são tão invencíveis quanto eles, que só não os derrotaram por não terem a poção mágica.

    A animação competente conseguiu dar vida aos personagens dos quadrinhos, respeitando a sua forma original e mantendo um padrão visual aos novos personagens acrescentados, além de permitir com que a sua forma de se movimentar fosse original.

    A edição de Soline Guyonneau manteve um bom ritmo, respeitando o tempo do espectador em assimilar a narrativa visual.

    Asterix e o Domínio dos Deuses é um filme que deve agradar quem não liga para o material original, ou pode ser uma porta de entrada para o mesmo.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.