Tag: Império Romano

  • Resenha | Asterix: Asterix nos Jogos Olímpicos

    Resenha | Asterix: Asterix nos Jogos Olímpicos

    Ah, a Gália… a  enorme região da Europa conquistada pelos romanos. Isso foi antes de Cristo mas, graças a Asterix e Obelix, ela nunca será esquecida. Palco (ou apenas o início) de suas inúmeras aventuras malucas, a Gália nessas histórias resistiu ao Império pela astúcia e força física das criações dos cartunistas franceses Albert Uderzo e René Goscinny que, desde os anos 1960, vêm ganhando as gerações com o racional Asterix e o impulsivo Obelix, representando o que há de melhor no período do exército romano de Júlio César e os seus absurdos. Loucuras essas que, de tão megalomaníacas, já seriam ridículas por natureza. Asterix e Obelix sempre foi a mais deliciosa das caricaturas desse período histórico, e Asterix nos Jogos Olímpicos, não poderia ser diferente.

    Agora toda a Europa está em polvorosa: em poucos dias, na Grécia, o maior torneio de todos vai acontecer, e a Gália quer mostrar a força e a superioridade do seu povo – como se já não bastasse provar isso sendo o último território contra Roma (!). E enquanto os romanos tem um bonitão enorme para os grandes jogos, para a Gália sobrou… Obelix, com sua enorme pança, mas que com um soco faz o lutador romano subir na mais alta árvore, deixando até suas sandálias no chão. Sentindo esse poder, Roma não vai deixar barato, mas quem pode contra o poderoso (e falastrão) Obelix e um Asterix que, após tomar uma poção mágica do bruxo Panoramix, consegue correr mais rápido que o vento? Está armada mil confusões olímpicas, sendo claro que a rivalidade do Império contra a resistência nunca foi tão divertida assim.

    O estilo narrativo frenético de Uderzo e o visual super expressivo Goscinny consagram-se a cada página como um primor das artes gráficas. Juntos a dupla teceu inúmeros álbuns coloridos de quadrinhos por anos e talvez Nos Jogos Olímpicos seja o mais irreverente de todos. Tal comédia dos costumes ainda arranja tempo para criticar a competitividade, a corrupção política e o etnocentrismo, já que os de Roma sempre se achavam superiores. E os de Gália também! Para todas as idades (e etnias), a publicação no Brasil da editora Record é perfeita aos colecionadores dessa dupla de gauleses e estimulante para o público infanto-juvenil que sempre precisa de um bom motivo para se encantar pela arte da leitura. Nem para isso, Asterix e Obelix falham.

  • Review | Roma – 1ª Temporada

    Review | Roma – 1ª Temporada

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    Roma. Ano de 52 aC. O General e triúnviro de Roma, Caio Júlio César é reconhecido por onde passa, deixando em seu caminho um rastro de grandes conquistas. O Senado Romano teme o poder de César devido ao carisma que tem com o povo e o respeito perante as legiões romanas e decide enviá-lo para uma campanha na Gália, um dos poucos territórios não conquistados por Roma, devido a grande dificuldade militar enfrentada contra o povo galês. Com isso, o Senado Romano esperava a derrocada de César, porém, levou-o para a campanha que o consagraria como um líder absoluto. É nesse cenário inicial que se inicia a primeira temporada de Roma.

    A HBO fez um trabalho extremamente minucioso e primoroso de todos os aspectos históricos, políticos e sociais do povo Romano, transformando a série Roma em um apoteótico relato da época. A série foi filmada na Itália e possui uma fotografia belíssima, passando desde os grandes palácios e mansões romanas e egípcias às vielas e ruas habitadas pela classe mais baixa, aliás, a diferença entre as classes é muito bem demonstrada durante a série, seja do ponto de vista militar quanto social.

    Conforme já falado, o início da série começa com o final das guerras gaulesas, alavancando o poder político de Júlio Cesar (Ciarán Hinds) e preocupando todo o Senado Romano. César por sua vez, teme um atentado devido a sua rápida ascensão e prepara um golpe, atravessando rapidamente o rubicão com sua principal legião, ele derruba do poder o Senado, que até então compunham a república, instituindo o posto de Ditador.

    Todos os fatos históricos são contados através dos olhos do legionário Titos Pulo (Ray Stevenson) e do centurião Lucius Vorenus (Kevin McKidd), personagens que realmente existiram, porém, na série são apenas vagamente inspirados nos originais, mas que são utilizados muito bem, servindo para aproximar os expectadores da história de Roma, o que é bem interessante, pois eles estão presentes em todos os grandes momentos, sempre em terceira pessoa, observando, além do que, suas histórias pessoais correm paralelamente aos acontecimentos históricos, tornando-os mais humanos que as grandes figuras romanas como Cícero, Brutus, Átia, Marco Antônio, e claro, César.

    Repleto de intrigas de estado, traições, alianças políticas, batalhas sangrentas e tórridos romances, Roma foi extremamente bem recebida pela crítica, apesar de conter cenas violentíssimas e muita nudez, ela alçou seu lugar dentre as produções com maior orçamento já feito, tendo custos elevadíssimo em cada episódio, sinal do esmero feito pela HBO.

    O elenco é de alto nível, contando com um grupo de atores excelentes. O figurino, armamentos e costumes da época foram apresentados com um nível de detalhes incrível, o trabalho de edição é impecável e o mesmo vale para a equipe de direção que se encarregaram de tornar tudo isso mais crível para quem está assistindo todo esse show.

    Certamente uma das maiores produções já feitas para a televisão.

  • Resenha | O Imperador: Os Portões de Roma – Conn Iggulden

    Resenha | O Imperador: Os Portões de Roma – Conn Iggulden

    Primeiro livro de uma série de quatro. Livro que colocou Conn Iggulden no mapa de escritores de romances históricos ao lado de nomes como o de . Depois de décadas tentando publicar algo, Conn estava prestes a desistir de ganhar a vida no ramo literário e pretendia manter até a aposentadoria a sua profissão na época: professor. Felizmente isto não aconteceu e hoje temos a oportunidade de apreciar seus livros.

    Parte da aceitação deste livro pelos editores (e futuramente pelos leitores) se deu ao hype do filme Gladiador (lançado no ano 2000). Muitas pessoas queriam entender melhor o Império Romano, e Conn foi inteligente em usar este momento a seu favor. Portões de Roma é então publicado em 2003 e logo se torna um sucesso. O próprio Conn diz que deve muito ao filme pelo seu sucesso inicial.

    Inicia-se então a série que contaria a vida do governante mais famoso e importante do Império Romano. Caio Júlio César. Seu nome se tornaria mais do que uma referência, seria usado como título de governante em nações vindouras (Kaiser na Alemanha, Csar na Rússia, Tsar para os eslavos). Por 2000 mil anos depois do assassinato de Júlio César, houve pelo menos um governante usando seu nome. O herói grego Aquiles, que tinha como maior ambição ter seu nome imortalizado na história, com certeza ficaria impressionado com estes dados.

    Iggulden começa narrando a infância de um garoto chamado Caio e de seu amigo Marco. Ambos vivem em uma das muitas áreas rurais que circundavam Roma na época. Seu pai Júlio César é um cidadão romano com voz ativa no senado e por conta das responsabilidades para com a república, quase não acompanha o crescimento de seu filho.

    A primeira visita de Caio e Marco a Roma para acompanhar as lutas dos gladiadores é descrita com detalhes, o que nos dá uma visão do avanço tecnológico dos romanos comparados com outras culturas da época. Afinal é difícil conceber uma cidade de tempos longínquos com água encanada por exemplo. Mas também fornece dados para entendermos os principais problemas de Roma como uma grande metrópole. Sua sujeira, sua densidade populacional, sua violência transbordando pelos becos estreitos. Com a descrição de Iggulden, cheiramos esse fedor, nos sentimos espremidos pelos cidadãos romanos, e vivemos o medo que se esvanece, ou se concretiza a cada esquina. Mesmo assim, Caio fica embasbacado com tamanho esplendor e vivacidade. Mercadores, mendigos, legionários, políticos, todos dentro do mesmo cenário, fazendo parte do majestoso império.

    É nesta visita que tomamos conhecimento de um grande gladiador de Roma, que traçará um importante papel na vida dos garotos. Ele será responsável pelo treinamento de Caio e Marco na arte do combate, Rênio é seu nome.

    Seguimos o aprendizado dos garotos até que o destino os catapulta para uma série de eventos que resultarão em aventuras emocionantes para um, escolhas difíceis para outro. Em terras estrangeiras temos os perigos de emboscadas, rebelião de povos já conquistados por Roma e como não podia deixar de faltar, embate entre os legionários e os famigerados bárbaros. Dentro de Roma temos os perigos e sutilezas do mundo político. Suborno, conspirações e brigas pelo poder são os protagonistas da cidade das sete colinas.

    Conn alterna entre estes dois mundos com habilidade, convergindo os dois na medida em que a trama se intensifica. Essa alternância mantém o leitor preso aos acontecimentos seguintes, sempre ávido pelo desfecho.

    Apesar de tudo isso, este primeiro livro é bem introdutório se comparado ao primeiro livro da série O Conquistador. Talvez por ser mais curto (pouco mais de 370 páginas), ou talvez por ser o primeiro livro publicado pelo autor, muito do que vemos aqui é de certa forma contido se comparado ao volume O Lobo Das Planícies. As batalhas são descritas de modo menos detalhado, poucos personagens são realmente aprofundados no decorrer da narrativa e algumas viradas na trama não são tão surpreendentes como esperaríamos. Lendo sua série seguinte, nota-se a evolução de Conn como escritor ao tratar essas questões com uma abordagem diferente. Apesar disso, pelo que conhecemos da história de Júlio César, tenho certeza que os próximos livros da série trarão ainda mais emoção à estória. A tendência é que as batalhas épicas e as tramas políticas se intensifiquem, com a adição de personagens conhecidos por todos nós, como Cleópatra, Pompeu e Marco Antônio por exemplo.

    Recomendo o romance sem grandes ressalvas para o fã do gênero, e irei com certeza seguir a diante com a narrativa da magnífica vida de Gaius Iulios Caesar

    Texto de autoria de Amilton Brandão.