Resenha | Demolidor Por Frank Miller & Klaus Johnson – Volume 2
Após se responsabilizar pela identidade visual de Demolidor, Frank Miller assume também os roteiros e inicia sua revolução narrativa na história da personagem. Demolidor – Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 2 representa um dos ápices da composição do autor pelo título, destacando-se, sem dúvida, a morte de Elektra Natchios.
O Volume 1 termina após uma história em três partes envolvendo um grande conflito entre O Rei do Crime e Demolidor. Nas cinco edições desenhadas e escritas por Miller, a personagem de Elektra surge, o Mercenário se envolve em um grande embate com o Homem sem Medo, e o Rei do Crime demonstra sua força como um vilão cerebral. Miller realiza desde o início um planejamento com o protagonista e, neste número, dá prosseguimento a histórias breves, desenvolvendo outros vilões, enquanto trabalha em paralelo com a presença de Elektra na cidade.
Como o roteirista havia desenvolvido recentemente mudanças significativas no universo do herói, as tramas deste segundo volume se baseiam nestas circunstâncias anteriores, sem nenhum novo personagem como gancho. Há uma habilidade ímpar em conduzir o roteiro tanto em sua ação quanto no drama, uma agilidade que se equipara na composição dos quadros, nos desenhos e cores que evitam excesso de informação.
Miller parece compreender Matt Murdock, tanto o herói quanto seus medos internos, oriundos da perda do pai e da visão na infância. Enquanto a cada edição desenvolve uma aventura específica, tangenciando o conflito com Elektra bem como a relação amigável entre dois personagens em lados opostos da lei, os medos inconscientes são explorados na trama, resultando em uma excelente história na qual Demolidor procura novamente Stick, após um acidente que o faz perder seu radar. O mestre conduz Murdock a um labirinto interno de culpas e dores, aspectos que seriam responsáveis por seu desequilíbrio. Uma narrativa que resume a trajetória do protagonista e demonstra como, por si só, a figura do advogado é trágica e carregada de bom material para uma trama.
A amada Elektra permanece presente na maioria das histórias, mesmo quando não é personagem central. Inicialmente, age a favor do herói às escondidas, até ser contratada pelo Rei do Crime como sua nova assassina, já que Mercenário está encarcerado após um surto psicótico. Quando ela retorna à sociedade após uma fuga, o encontro de vilões resulta em uma das cenas mais clássicas da trajetória de Demolidor, uma morte causada por raiva pura, demonstrando que não há nenhuma psicologia por trás de Mercenário se não a loucura. Mesmo em batalha com uma ninja mortal, o roteiro desenvolve a luta de maneira crível, com subterfúgios que dão vantagem a cada um, equilibrando as cenas até a investida final.
Explorando também o viés urbano e político, o Rei retorna em cena tentando eleger um prefeito corrupto, popular por conta de campanhas fraudulentas e um sistema de corrupção e lavagem de dinheiro. Tentando eliminar vestígios e provas do crime, cabe a Demolidor, com a ajuda do amigo jornalista Ben Urich, a investigação para derrubar o prefeito antes de sua eleição. A atenção equilibrada entre Murdock e Demolidor é evidente e demonstra a intenção do roteiro em nunca transformar a personagem central em um homem com uma única faceta. Ainda que em outros quadrinhos o herói se sobressaia, ambos os lados são fundamentais na história, tanto como base quanto em argumento para dramas diversos.
Demolidor Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 2 mantém a qualidade narrativa em suas frontes e demonstra, mais uma vez, a importância de seus autores no cenário dos quadrinhos e diante desta grande personagem da Marvel. Um terceiro volume ainda será lançado, finalizando a primeira passagem de Miller na revista, um volume que se inicia colocando frente a frente o Homem sem Medo e Justiceiro, o embate central da segunda temporada da série da Netfix.
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