Tag: Busca Implacável

  • Crítica | Busca Implacável 3

    Crítica | Busca Implacável 3

    Busca Implacável 3 - poster BR

    A busca pelo paradeiro da filha sequestrada em terras estrangeiras foi a trama que transformou o consagrado Liam Neeson em astro de ação. Naturalmente, o sucesso de Busca Implacável gerou uma sequência, inferior e carregada de exageros comuns em sequências que sempre tentam superar a história original. Após o lançamento desta segunda produção, Neeson deu prosseguimento ao seu potencial como ator de ação. Mais um filme sobre o preocupado pai familiar Bryan Mills seria inevitável. E mais: trilogias sempre são aceitas no mercado como uma espécie de obra maior dividida em partes e, dessa vez, Busca Implacável 3 poderia redimir a série da história anterior e apresentar um desfecho, ou mais uma situação limite para as personagens.

    Três anos atrás, o astro afirmava que não havia possibilidade de haver uma nova produção. Por fim, aceitou retornar ao papel com a condição de que nenhum sequestro fizesse parte da trama. Como na primeira história, Kim (Maggie Grace) está prestes a fazer aniversário, e o pai procura um presente para a garota. Desde as experiências traumáticas anteriores, Kim mantém uma relação unida com o pai, ainda que ele sempre veja-a como a pequena garotinha que um dia foi. Porém, adulta, morando na companhia de um namorado, a filha não precisa de proteção. A repetição do aniversário serve como um comparativo entre a passagem de tempo de uma história a outra.

    A mudança de paradigma é um dos pontos principais desta nova trama. Devidamente acusado pela morte de sua ex-esposa, Lenore (Famke Janssen), cabe ao ex-agente do governo fugir da polícia enquanto tenta provar sua inocência. Os papéis invertem-se e, em vez de caçar as pistas, a personagem deve desorientar seus perseguidores.

    A fluidez narrativa da primeira história ganha maior espaçamento temporal. Trata-se do filme mais longo da trilogia, e a trama desenvolve-se sem a urgência das anteriores. Bryan traça seu plano lentamente, primeiro informando a filha e os parceiros de suas intenções para, finalmente, entrar em ação direta com os prováveis responsáveis pelo assassinato de sua esposa. Há mais trama e menos ação, uma mudança que pode incomodar parte do público, mas  que é eficiente para equilibrar o enredo e superar o anterior.

    Neeson continua à vontade em sua nova composição de personagem, aproveitando seu porte físico. As cenas de ação foram realizadas sem nenhum dublê e mantêm as mesmas características das anteriores, com cenas rápidas prezando a melhor forma de neutralizar os inimigos. Há momentos de ação em uma quantidade suficiente para animar o público, e uma épica cena – que popularmente poderia ser definida como uma clássica cena massavéio – a qual somente filmes de ação poderiam nos proporcionar. É absurda, impactante e divertida.

    Mesmo com uma breve carreira na direção, com todos os filmes focados na ação, Oliver Megaton, que também realizou Busca Implacável 2, trabalha com competência estas cenas e entrega uma história que possui bons momentos de tensão e ação. Por tratar-se de uma história sempre atrelada a um ajuste de contas, torna-se evidente que pontas soltas e ameaças de vingança permanecem como futuras possibilidades. Feliz com o trabalho desta segunda continuação, Neeson já declarou que não descarta participar de mais uma sequência, demonstrando o quanto o ator deseja permanecer trilhando esta nova fase de brucutu badass.

  • Crítica | Busca Implacável

    Crítica | Busca Implacável

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    O filme de Pierre Morel (B-13 – 13° Distrito), com guião de Luc Besson e Robert Mark Kamen (roteirista também das franquias Carga Explosiva e Karatê Kid) começa com uma gravação em Super 8, remetendo a um passado um pouco diferente da realidade contemporânea de Bryan Neills (Liam Neeson). Sua atual situação era a de estar empregado num serviço mecânico e com poucas variantes, é rejeitado pela ex-esposa – o que é ainda mais doloroso se tratando de Famke Janssen. Na primeira oportunidade de ação, Bryan demonstra uma habilidade incomum, não antes avisada, e graças a isso encontra uma alternativa para consertar a ausência que exerceu na vida de sua filha, mas obviamente fracassa.

    A super-proteção que Bryan exerce sobre a filha logo é justificada com a viagem a Paris. A menina é raptada e o filme começa de verdade. O aposentado agente é forçado a voltar a ativa, mas ele é frio, calculista e nada enferrujado. Bryan ouve sucessivas vezes a gravação do antagonista desejando-lhe sorte – tudo para absorver a raiva e maximizá-la.

    A direção de Morel aliada a produção de Besson dá a obra o típico rótulo de action movie francês, com muito mais violência que os últimos exemplares americanos do gênero. As cenas de perseguição lembram muito a câmera na mão de Paul Greengrass nos filmes de Jason Bourne.

    -Estou aposentado, não morto! – Bryan não se sente como um homem velho, apesar do seu “retiro planejado”, quando o chamado à aventura vem, ele está pronto, suas habilidades não são somente o aprimoramento físico, mas também, talentos ligados a atuação, seu cuidado com as testemunhas é notório, restringindo o envolvimento destes a somente o necessário.

    A motivação e as habilidades de Bryan são parecidas com as de John Matrix (herói de Comando para Matar), mas muito de seu comportamento lembra o protagonista de Desejo de Matar, Paul Kersey, tanto no intuito de vingança e perseguição de seus inimigos, quanto na improvisação com objetos caseiros.

    Há até uma inteligência no roteiro, ainda que o foco não seja a discussão, o subtexto cita o tráfico de mulheres e a consequente prostituição das vítimas, além de envolvimento de ex-agentes corruptos, a abordagem aos temas não é suavizada, mas o que importa realmente é ver Bryan Neills em ação, invertendo o discurso presente em O Poderoso Chefão, considerando tudo pessoal.

  • Crítica | Busca Implacável 2

    Crítica | Busca Implacável 2

    Liam Neeson não é um ator novato. Há mais de 30 anos ele dá vida a personagens em Hollywood e o faz com bastante propriedade, diga-se de passagem. Desde 2000, entretanto, podemos dizer que os holofotes tem se virado muito mais brilhantes para ele. No curriculum, o inglês tem o orgulho de ostentar nomes muito poderosos. Nas telonas, nesses últimos 12 anos, o cara já viveu Qui-Gon Jinn, Ra’s Al Ghul e até o soberano do Olimpo, Zeus.

    O papel mais importante de sua carreira recente, entretanto, foi o não tão renomado Bryan Mills, protagonista do filme Busca Implacável (“Taken”, no título original). O fodalhão agente da CIA aposentado foi o personagem central de um filme que chegou bem quietinho aos cinemas mas causou um frisson em sua desesperada busca pela filha, sequestrada por uma rede internacional de prostituição e tráfico humano. Até 2008, ano em que o filme foi lançado, Neeson nunca havia demonstrado tamanha aptidão para representar um astro de um thriller de ação como fez naquele filme. Foi uma grata surpresa.

    Protagonista de uma das frases mais empolgantes do cinema deste século, o ator chegou a ilustrar, também, um meme relativamente espalhado através da comunidade 9gagger do planeta (você talvez não saiba o que é o 9gag, mas certamente já viu alguma pérola de lá traduzida na sua timeline do facebook). A célebre citação figura entre uma das minhas preferidas do cinema dos últimos anos (dos últimos anos!):

    “I don’t know who you are. I don’t know what you want. If you are looking for ransom, I can tell you I don’t have money. But what I do have are a very particular set of skills; skills I have acquired over a very long career. Skills that make me a nightmare for people like you. If you let my daughter go now, that’ll be the end of it. I will not look for you, I will not pursue you. But if you don’t, I will look for you, I will find you, and I will kill you.”

    O filme foi um sucesso tão grande e inesperado ao redor do mundo, que obviamente não passaria sem uma continuação. Em 2012, chegou as salas de cinemas Busca Implacável 2.

    Na sequência do thriller de ação de 2008, Bryan Mills precisa enfrentar o pai de um dos homens que ele executou no primeiro filme e que trama uma vingança contra ele. Em busca de retaliação pela trilha de cadáveres que o ex-agente havia deixado no primeiro filme, o pai de Marko sequestra ele e a esposa. Enfrentando uma grande quantidade dos homens do albanês Murad, Mills precisa evitar que a filha seja também sequestrada e salvar a ex-esposa das garras do inescrupuloso pai colérico.

    O personagem de Neeson continua brilhante, sereno e estrategista, três das características que garantiram o sucesso do primeiro filme. Todo o restante do elenco, entretanto, começa mal e decai fortemente no decorrer da trama. A bela Maggie Grace (Emili Warnock no “horrível/terrível/não veja” Sequestro no Espaço) vive novamente a filha de Mills, que foi sequestrada no primeiro filme e que parece ter superado bem o trauma gerado pelos efeitos de seu violento sequestro. Famke Janssen (a Jean Grey da trilogia X-men) interpreta a ex-exposa do agente Mills mas não convence, como não havia convencido na primeira vez que interpretou a personagem.

    O ritmo do filme segue mais ou menos a pegada do primeiro, mas desta vez ele demora um pouquinho mais para acelerar. Dividindo um pouco genericamente, eu diria que enquanto Taken demora uns 20% do tempo para acelerar, Taken 2 leva 50% do tempo na tela para ganhar ritmo e tornar-se propriamente um filme de ação. Mesmo quando entramos na parte mais porradeira do filme, ainda, ele perde em adrenalina para a primeira obra, o que prejudica um pouco a avaliação geral do filme.

    O roteiro das duas produções é, também, bastante distinto. Enquanto a primeira filmagem ocupa-se unicamente em mostrar o personagem principal em sua “Busca Implacável”  (sacou, sacou?!) pela filha, o segundo mostra um Bryan Mills não tão infalível e que envolve, vejam só, a própria filha em sua escapada do cativeiro. Há, sim, alguns momentos muito interessantes que mostram o quanto o agente é um gênio e como consegue reagir inacreditavelmente diante situações de crise, mas a trama se sairia muito melhor com o personagem salvando o dia sozinho novamente.

    Existem situações pontuais da trama que mostram uma certa incoerência com a construção do personagem principal feita no primeiro filme, e estas questões fazem deste um filme muito abaixo do primeiro. Isso sem falar das falhas grosseiras como, por exemplo, o agente disparar sua pistola uma quantidade impossível de vezes com o mesmo cartucho de projéteis. Há uma ceninha de luta desarmada no final que também é totalmente desnecessária e fora do comportamento padrão deste que foi um dos personagens originais mais impressionantes que vi nos últimos anos.

    A sequência de Busca Implacável só está nas salas hoje graças ao sucesso inesperado do primeiro filme e por isso não acho descabida a óbvia comparação com o primeiro título. Maggie Grace trabalha melhor no primeiro filme, quando é apenas uma vítima dos acontecimentos que precisa ser salva pelo personagem principal. Em alguns momentos da trama, ela chega a trabalhar como uma parceira do pai em sequências que, apesar de serem até bem filmadas pelo diretor Olivier Megaton, desviam-se bastante do que emplacou o sucesso do primeiro filme.

    Não é a primeira vez que Megaton (que tem o pseudônimo mais sem sentido que eu já vi na vida, seu nome de batismo é Olivier Fontana) recebe uma continuação forçada pela indústria para dirigir. Ele é o diretor do fraco Carga Explosiva 3, e já deveria ter aprendido a lição. Hollywood precisa aprender a deixar seus sucessos em paz. Infelizmente, ao que tudo indica, a continuação de Busca Implacável virá até as telonas, mas já não posso mais afirmar com tanta certeza que irei conferi-la no cinema.