Resenha | Bravura Indômita – Charles Portis
Bravura Indômita, de Charles Portis, publicado pela editora Alfaguara por conta do filme de mesmo nome dirigido pelos Irmãos Coen — o romance teve sua primeira adaptação para os cinemas em 1969, dirigido por Henry Hathaway (A Conquista do Oeste) e estrelado por John Wayne — e é uma clássica aventura de faroeste de época. Protagonizado por Mattie Ross, uma menina de quatorze anos que abandona a fazenda natal para caçar o homem que matou traiçoeiramente seu pai e roubou seus pertences. Ela convence o agente federal Rooster Cogburn, e posteriormente, o Texas Ranger LaBoeuf a ajudá-la na empreitada. O resultado é uma aventura com toques de humor negro, surpresas e violência que resgata a atmosfera árida e agressiva presente durante a expansão da costa Oeste norte-americana de meados do século XIX.
Como muitos romances do século XIX e XX, Bravura Indômita foi publicado originalmente em folhetins de jornal durante o ano 1968. Por conta disso, é daquelas histórias que entretém a cada capítulo, porque, para garantir a edição do dia seguinte, tinham que fisgar o leitor diariamente em poucas páginas. Um sintoma da criação voltada ao jornal é o primeiro parágrafo da narrativa. Em duas frases extensas, Portis conta o motivo e o desfecho da narrativa, sobrando, ao público, acompanhar como uma garota de quatorze anos conseguiu sair de casa para matar o assassino de seu pai.
Os outros parágrafos do primeiro capítulo cuidam de informar mais sobre o pai da menina e a fazenda onde moravam, tudo para que os leitores tomem um lado: condenar o assassinato contra o homem de família. Assim, acompanhamos Ross,uma menina muito prática e decidida, mas também teimosa e mordaz, e é justamente essa vingança de onde menos se espera, com a companhia de dois anti-heróis, que torna a trama fabulosa e interessante.
A aventura é uma montanha russa. Entre se apresentar, convencer que a acompanhem na tarefa e chegar ao destino combinado, Mattie Ross ultrapassa barbáries, momentos trágicos, cômicos e mantém a compostura destemida de quem vai vingar o pai. Nota muito positiva aos diálogos; todos eles desvendam os temperamentos dos personagens e funcionam impulsionando a narrativa e complementando as informações descritas.
Frases, em geral, curtas, dão o movimento e força da aventura. Tudo é descrito de forma coesa, sintética, como a transparência única de um Oeste ainda não totalmente conhecido. É uma jornada de descobrimento, é bom que tenhamos certeza, e personagens bem feitos, situações das mais variadas e excelentes descrições nos mantêm ansiosos até o desfecho onde Mattie Ross finalmente encontra o nêmesis de seu pai. Apenas uma observação, os filmes de 1969 (Hathaway) e 2010 (Irmãos Coen) possuem um final diferente do livro de origem. Por isso, indico que leia a obra de Portis e se decida sobre qual o melhor desfecho para a história de Mattie Ross, Rooster Cogburn e LaBoeuf.
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Texto de autoria de José Fontenele.
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