Resenha | iZombie: repossessão – Volume 4
Quarto e derradeiro volume da narrativa de zumbis, lançada originalmente pelo selo Vertigo e criada por Chris Roberson e Michael Allred, iZombie – Repossessão apresenta os dez números finais da série, em interessante iniciativa da Panini Comics de trazer ao público brasileiro uma história relativamente nova do selo.
Após 18 edições dando maior destaque a elementos cotidianos e desenvolvendo brevemente uma história central, o último volume concentra sucessivos acontecimentos em cenas de ação e suspensão de descrença. O roteiro é linear ao extremo, sem nenhuma surpresa para o público e, devido a um tema levemente saturado, a obra também sofre com uma repetição exagerada cujo resultado é precário.
Ainda que o ritmo intercalando ações diversas se mantenha, bases fundamentais do roteiro não foram eficientes desde o início. O microcosmo escolhido para ambientar a história parecia amplo, mas o enredo exagerou em coincidências entre diversos personagens, sem uma motivação concreta, como se houvesse a necessidade de inseri-los na maioria das cenas, mesmo que parecessem aleatórios na ação. A premissa fundamentada é simples em demasia, apelando para uma entidade que surge na Terra como conflito, enquanto a vilã Galatea e a múmia Amon tentam dominá-la de alguma maneira conforme seus ideais.
Diante deste cenário, a personagem central, Gwen, se torna somente um detalhe no desfecho e, pouco antes do fim, ganha um papel fundamental para defender o planeta em uma saída nada criativa. A composição de uma entidade vinda de outro local é, por si só, repetida, claramente retirada de contos de H. P. Lovecraft, a ponto da personagem principal citar a obra do americano. Em um delicado equilíbrio entre homenagem e citação explícita, fica clara a ausência de um bom planejamento no roteiro. O tempo excessivo utilizado anteriormente para apresentar o cotidiano das personagens se demonstra desnecessário e retira a urgência desta invasão final. Quando ela é executada, além de rápida, insere novos personagens que surgem em cena para ajudar no desfecho sem explicação aparente para sua existência.
História fraca desde seu início, o final de iZombie não surpreende. De fato, seria interesse se houvesse uma reviravolta de qualidade. Mas a escolha final é coerente com a falta de criatividade durante toda a série. Encerrando uma história que nunca apresentou nenhuma boa progressão narrativa, salvos pequenos momentos em histórias solos de personagens secundários. Uma série que pode ser esquecida dentro da qualidade costumeira da Vertigo.