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  • Resenha | A Última História de Batman?

    Resenha | A Última História de Batman?

    A ultima historia do batman - capa

    Ainda lançada pela Editora Brasil-América (Ebal), a edição extra de A Última História de Batman reúne dois contos. Ambientada na Terra 2 (ou Terra Paralela, segundo a tradução brasileira original), a história homônima ao especial, com roteiro de David Vern Reed, começa introduzindo as figuras mitológicas das Feiticeiras do Destino, responsáveis por tecerem as linhas da vida, dando sua permissão ao prosseguimento da vivência dos homens ou pondo números finais à existência de Batman.

    Datada de Outubro de 1979, a realidade apresentada na revista é diferente da vista na Terra Ativa. Robin é adulto, ainda personificado por Dick Grayson, cujos trabalhos são esporádicos e estão à serviço especial da polícia da megalópole. Outra diferença é a configuração de Gotham, que engloba algumas das maiores cidades do leste dos Estados Unidos. Bruce Wayne é um pouco mais idoso, de mechas grisalhas nas laterais de sua cabeça, o que já denota visualmente que ele tem um pouco mais de experiência do que sua contraparte; Wayne é mais maduro e entende o mundo de modo diferente.

    A dupla dinâmica investiga uma trama espacial, semelhante ao visual da “nova” Gotham. O escapismo à la Space Opera toma a temática de subúrbio imundo comum às histórias clássicas do Morcego. O vilão, um sujeito desconhecido de face avermelhada, ataca o Cruzado Encapuzado num embate em meio ao espaço inócuo. Depois desse curioso confronto, o detetive retorna à superfície terrestre para investigar alguns suspeitos de sabotarem um dos lançamentos semanais de foguetes organizado pela prefeitura de Gotham.

    A batalha contra o (enfim) revelado bandido interespacial Spectrum é meio infantil e abobalhada, como toda a tônica da revista, mas é baseada na conclusão de que a história deixa de ser ordinária e se põe um degrau acima da mediocridade. Bruce revela ao seu parceiro que o desejo de se aposentar é cada vez mais frequente, como seria visto décadas mais tarde na áurea fase de Grant Morrison comandando as tramas do Bat-título. Mas neste ponto, o motivo é diferente da simples folga, pois Wayne pensa em se candidatar a governador, para ser mais ativo nas mudanças que pensa para a cidade.

    A maturidade prevista através dos cabelos brancos é evoluída em conceito para uma mudança postural. O herói enxerga que seu senso de justiça seria melhor aproveitado enquanto governante, e clama ao seu amigo e pupilo que entenda a sua retirada do ofício de vigilante. O último momento em que os quadrinhos focam Bruce é quando ele sai da sala, e são mostradas imagens que simbolizariam a nostalgia e o saudosismo que ele sentia por ter de abrir mão do batente de herói e das lutas do bem contra o mal. Os desenhos clássicos de Walt Simonson e a arte-final de Dick Giordano ajudam a assinalar ainda mais tal aura.

    Após deixar a “Turma Titã” por um tempo, Ricardito decide revisitar seu mentor, o Arqueiro Verde. Gerry Cornway mostra uma história passada após o flagrante que Oliver Queen deu em seu pupilo, que utilizava heroína, dando até mais dubiedade ao título de Herói Indesejado – que se passaria a priori na Terra Um. Mesmo sendo um pouco interessante, a segunda história não consegue rivalizar em importância com o tema-título.

  • Resenha | Batman 70 Anos: Volume 2

    Resenha | Batman 70 Anos: Volume 2

    Batman - 70 Anos - Vol. 2 - Os Segredos da Batcaverna

    O segundo volume lançado pela Panini Comics em comemoração aos 70 anos do Cavaleiro das Trevas é uma coletânea dedicada à Batcaverna, central de operações do Morcego desde a criação da personagem.

    A escolha das histórias não busca um panorama como na edição anterior, mas centra-se na época de ouro da década de 40 e 50 para apresentar aventuras que explicam diversos dos artefatos encontrados e destacados no interior da caverna, principalmente na famosa Sala de Troféus. Como um colecionador, Bruce Wayne mantém uma sala que recorda diversos crimes solucionados em parceria com Robin. Dessa maneira, descobrimos a origem de diversos objetos conhecidos na sala de operações, como o dinossauro mecânico, a moeda gigante de um centavo, entre outras curiosidades da infraestrutura de ser um herói milionário, tal qual a criativa gama de batarangues utilizada em ocasiões diversas. Itens que, vistos com distanciamento, não são coerentes com as atuais histórias sombrias, mas fazem parte da história do encapuzado.

    As 16 histórias apresentadas estão divididas formalmente em três partes: Troféus da Batcaverna, Origem da Batcaverna e Contos da Batcaverna. Ainda que as divisões sejam arbitrárias, apresentam tramas com o mesmo tema e sem nenhuma diferença.

    Em relação aos primórdios de Batman, as histórias ganharam maior agilidade, mesmo que continuem pueris. A personalidade do Morcego é bem definida por um senso cômico de fazer piadas com trocadilhos envolvendo os bandidos, um humor de época engraçado, mas sem soar agressivo. Mesmo que por meio de outra abordagem, há consistência nas tramas, as quais ainda atingem o objeto primordial de uma leitura de entretenimento.

    Em uma seleção dedicada à caverna, há um grande equívoco de se inserir nela a história O Homem do Capuz Vermelho. Embora seja uma excelente e importante trama, a primeira que modifica a origem do Coringa e lhe dá o passado do vilão Capuz Vermelho, ela não possui nenhum vínculo com a temática em questão.

    Somente três histórias são dos últimos 30 anos. Teatro de Sombras marca a volta de Wayne à batcaverna sob a mansão. Na década anterior, com Dick Grayson indo para a faculdade, Bruce realocou a caverna em um de seus edifícios na cidade. No retorno, a personagem presta ajuda à família de Robert Kirkland Langstrom, o vilão Morcego Humano, que, na época pré-Crise, era um fã de Batman e criador de um soro para obter os poderes de um morcego de verdade.

    O Homem Que Cai é uma das tradicionais edições que recontam elementos da origem da personagem. Com uma ambientação próxima da contemporânea e utilizando-se do roteiro de Danny O´Neil, a trama foca Bruce Wayne desde sua adolescência, no que se tornaria o ponto de arranque para a fundação da caverna, momento em o jovem cai em um buraco perto da mansão Wayne – cena repetida em outras histórias e vista também no início de Batman Begins, de Christopher Nolan.

    Publicado em janeiro de 82 em The Brave And The Bold #182, Interlúdio na Terra 2 apresenta, também pré-Crise, uma aventura de Batman na outra Terra. A aventura é bem executada e demonstra ao público pós-Crise como era a interação das diversas Terras ante a grande saga que modificou as estruturas da DC Comics.

    Finalizando a seleção, uma pequena história publicada em Bizarro Comics (2001), com roteiro de Paul Pope – que produziria depois o interessante Batman: Ano 100 – e desenhos de Jay Stephens. Uma narrativa doce em que um pequeno garoto descobre a existência real da batcaverna. Um argumento sensível que apresenta um viés raro da personagem sempre sombria.

    Sem a obrigatoriedade de histórias representativas de cada época, este segundo volume ganha coerência em relação ao primeiro e com a qualidade da Era de Ouro, ainda que muito diferente das atuais narrativas soturnas. Ao contrário da edição anterior, o segundo volume apresenta quatro páginas indicando as modificações da caverna através das décadas. Porém, a coleção continua sem nenhum texto introdutório e nenhuma outra informação extra deste rico material.