Tag: Eric Novello

  • Resenha | Imaginários – Volume 1

    Resenha | Imaginários – Volume 1

    A coletânea Imaginários da editora Draco foi lançada em 2009 e reúne contos de diversos autores, passando por gêneros como Fantasia, Ficção Científica e Terror. Forte ferramenta de divulgação da literatura especulativa fantástica brasileira, esse primeiro volume é organizado por Eric Novello.

    Uma pequena analise de alguns dos contos publicados:

    Alma explora um planeta longínquo que não deveria ter nenhuma forma de vida inteligente, pelo menos aparentemente. Simulacro e terror real se revelam na jornada da personagem título, na forma de um horror absurdo. O autor Osíris Reis deixa as questões aflitivas em aberto, o que pode gerar conclusões dúbias, levando o leitor a questionar se os acontecimentos foram reais, virtuais ou simples devaneios mentais. Osíris também publicou o livro Treze Milênios.

    Eu, a sogra – a autora se utiliza de feitiçaria para abordar a visão preconceituosa de alguns a imigrantes estrangeiros. A temática é a expectativa em encontrar um par perfeito, e brinca com as possibilidades dos bruxos em praticar um intervencionismo e romper com o livre arbítrio. Giulia Moon também escreveu a trilogia Kaori: Kaori: Perfume de Vampira, Kaori 2 e Kaori e o Samurai sem braço, e o romance Dama-Morcego.

    Jorge Luis Calife em seu Veio… novamente brinca com a paranoia de uma invasão alienígena, abdução e outros mistérios ufológicos, para no final, exercer uma virada, que mostra uma razão não belicosa da visita extraterrestre.

    Twist in my sobriety – trata de um futuro pouco esperançoso, onde o mundo entrou em colapso: os governos ruíram e a natureza sobreviveu mal aos avanços humanos. Aliado a isso, uma raça alienígena se apossou da terra de forma aparentemente pacífica. Com um final cheio de reviravoltas, o autor Flávio Medeiros toca em temas como voyeurismo, escravidão, alienação etc.

    Em Contingência ou Tô Pouco Ligando, Martha Argel aborda a temática do Multiverso e infinitas possibilidades de vida, utilizando seu personagem central pra discutir teorias Darwinianas. A autora usa um ser diminuto e uma cadeia de eventos decorrentes das ações deste para demonstrar a arbitrariedade e o acaso do universo. No final do conto, ela propõe uma discussão junto ao leitor. Argel publicou Amores Perigosos, O Vampiro da Mata Atlântica, Relações de Sangue entre outros livros e coletâneas.

    Richard Diegues em Planeta Incorruptível usa uma ficção científica de invasão interplanetária para discutir a fé, imperialismo, monoteísmo, a cegueira que a religião pode causar nos seres pensantes, além da velha questão Ciência x Mitologia. Traça um paralelo com mitos judaico-cristãos e narra um evento inusitado com os invasores, tornando-os causa de “Algo Maior” e vítimas disso também. Sua mensagem é de que a vida na Terra é como um círculo vicioso, não importa o que aconteça, a humanidade viverá tudo de novo inexoravelmente.

    Também fizeram parte da coleção os contos Coleira do Amor, de Gerson Lodi-Ribeiro, A encruzilhada da autora Ana Lúcia Merege, Por Toda a Eternidade de Carlo Orsi, Um toque do real: óleo sobre a tela de Roberto Sousa Causo, Tensão Superficial de David M. Gonzales.

  • Resenha | Extraneus Vol. 3 – Em Nome de Deus

    Resenha | Extraneus Vol. 3 – Em Nome de Deus

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    Convenhamos que discorrer acerca das atrocidades que nossos semelhantes cometeram e continuam a cometer em nome de um Deus, seja ele qual for, não é exatamente algo original. Entretanto, destoando de vampiros, lobisomens e guerreiros de capa e espada, o reflexo da crença no divino na vida mundana é uma temática desbravada ainda timidamente, que não se encaminha para o eminente esgotamento, tampouco se tornou blasé – e talvez isso jamais ocorra. Por quê? Ora, porque alienação, loucura, crueldade e demais mazelas que podem ser desencadeadas pela religiosidade são assuntos incômodos; inconvenientes dispensados por muitos. E é justamente esse o pertinente desconforto que os quatorze contos que compõem o terceiro volume da Série Extraneus, Em Nome de Deus, vem trazer ao leitor em suas 109 páginas.

    Narrativas dramáticas, de horror e suspense se intercalam nessa breve antologia, que abarca autores de diferentes idades e localidades, com diferentes bagagens culturais e visões de mundo, e que, consequentemente, expressando-se em diferentes estilos. O virar da última página de cada conto desperta certa apreensão, pois não se sabe o que virá a seguir; podemos desembarcar num futuro próximo ou na Lisboa do século XVIII. Assim sendo, a diversidade de experiências promovida pelo livro é, sem dúvida, seu maior mérito.

    Porém, embora a proposta e o formato dados à obra sejam acertados, seu conteúdo deixa a desejar. Em Nome de Deus dá seu primeiro tropeço logo na 11ª página, na qual tem início o conto O Trevo de Quatro Folhas, o primeiro do conjunto. O “defeito” do texto – que não diz respeito ao escrito em si, mas à sua disposição na coletânea – chega a ser tragicômico: a estória contada por Bethania Amaro é de uma desenvoltura e sensibilidade que o leitor não tornará a ver no restante do volume, ou seja, por ser o mais factível, o mais surpreendente e, ao fim e ao cabo, o melhor conto do apanhado justamente o primeiro deles, as narrativas subsequentes acabam por ser prejudicadas.

    A partir daí, ainda que premissas interessantes se perpetuem por todo o volume, como nos intrigantes cenários criados por Eric Novello em Dúvida em Tânatos, ou por Fernando Salvaterra em Depois do Mar, falta aos autores a habilidade para quebrar os protocolos da linguagem demasiadamente rebuscada, travada, que jamais vemos aplicada no cotidiano, e das descrições didáticas. Longe da maturidade de um Joseph Conrad ao tratar da religião, boa parte dos contos se resume a sermões pessimistas, que, por vezes fugindo para o macabro, também falham em evocar com palavras a atmosfera encontrada nos relatos das referências imediatas do gênero, como Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft.

    A essência de Extraneus Vol. 3 – Em Nome de Deus é facilmente encontrada, quer analisemos a disfuncional e pouco criativa distopia apresentada em Determinação, Fidelidade, Sacrifício – Amém, de Daniel Cavalcante, que reproduz ideias que vão de George Orwell a Alan Moore, mas sem o brio dos originais, quer peguemos o insosso Um Lobo às Ovelhas, de Marcelo Augusto Claro, que mais lembra a construção do background de um personagem qualquer de uma aventura de RPG do que um registro literário. A ideia era boa. Já o que se fez dela, nem tanto.

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    Texto de autoria de Alexandre “Noots” Oliveira.

  • Resenha | Vaporpunk

    Resenha | Vaporpunk

    vaporpunk

    O steampunk surgiu como um subgênero literário e evoluiu para uma estética presente em diversas mídias, inclusive cinema e games. Pode ser definido como um cruzamento entre ficção científica e ficção histórica, apresentando realidades alternativas onde o avanço tecnológico aconteceu mais rápido, empregando o maquinário disponível na época (quase sempre o século XIX). Os cenários explorados costumam ser a Inglaterra Vitoriana ou o Oeste Selvagem norte-americano.

    A proposta de Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades, publicado pela Editora Draco, é um exercício de imaginação no mínimo curioso: como Brasil e Portugal seriam sob a ótica steampunk? Organizada por Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva, a coletânea consiste em oito contos (ou noveletas, como eles preferem chamar) de escritores dos dois países, que trazem diferentes e criativas visões sobre o assunto.

    A Fazenda-Relógio, de Octavio Aragão, trata de autômatos substituindo a mão de obra escrava nas lavouras de café do final do Império, e a revolta dos negros com a abolição que, na prática, os condenou a morrer de fome. Curtíssimo, o conto traz uma boa ideia, e só, pois não há espaço para se desenvolver.

    Os Oito Nomes do Deus Sem Nome, de Yves Robert (sim, ele é português) é uma história de espionagem com elementos sobrenaturais, com o steampunk como pano de fundo. Essa ligeira “fuga” da proposta, aliás, está presente em outras das noveletas. Nesta, vemos o que acontece quando Portugal se torna uma potência mundial graças a um sinistro acordo com divindades africanas.

    É impossível não pensar em A Liga Extraordinária ao ler Os Primeiros Astecas na Lua, de Flavio Medeiros Jr, disparado o conto mais massa véio do livro. Num contexto onde a evolução tecnológica antecipou a Guerra Fria e a corrida espacial (!), aqui entre Inglaterra e França, acompanhamos outra trama de espionagem, pelo ponto de vista de um agente duplo britânico que espiona para os franceses. Alguém se esqueceu de avisar o autor sobre a proposta da coletânea, pois Brasil e Portugal mal são citados. O que não tem a menor importância, pois ele, numa empolgação sem freio, mergulha em mil referências à literatura da época, com direito a H. G. Wells e Júlio Verne como ministros dos países rivais, e várias das criações de ambos dando as caras. Com um final surpreendente, Os Primeiros Astecas na Lua daria um filmaço.

    Gerson Lodi-Ribeiro apresenta em Consciência de Ébano um mundo onde Palmares evoluiu de quilombo para uma grande nação independente que divide espaço com o Brasil dos portugueses e uma colônia holandesa no Nordeste. Uma pena que não haja nenhuma pista sobre como isso aconteceu, pois é um cenário bastante interessante. O foco é em um agente de uma organização secreta palmarina, que decide trair sua missão e destruir a arma secreta de seu governo: um vampiro indígena. Aqui o steampunk (presente com a construção de uma hidrelétrica) é uma mera desculpa para se contar uma história sobrenatural densa e pessimista. Vale mencionar o esforço do autor em relação à linguagem empregada, que simula perfeitamente algo escrito no século XIX.

    Unidade em Chamas, de Jorge Candeias, mostra um corpo militar português às vésperas de uma guerra. O diferencial é que tais soldados estão em uma grande frota de dirigíveis, chamados aqui de “passarolas”. Pelo ponto de vista de um recruta, vemos a dureza do cotidiano dos soldados, se preparando para um combate que eles nem sabem direito contra quem ou por que, além da tensão racial provocada pela união com outra tropa reunida e treinada em segredo nas colônias. Ainda que peque pela narrativa excessivamente descritiva ao tratar do treinamento e do funcionamento das aeronaves, nas entrelinhas percebe-se um cenário fantástico, de modo que esta noveleta sem dúvida merecia ser expandida em um romance.

    Uma interessante discussão moral/ética sobre se criar ou mesmo reproduzir a vida através da Ciência pontua A Extinção das Espécies, de Carlos Orsi. Protagonizada por um jovem Charles Darwin, em sua célebre viagem a bordo do HMS Beagle, a história também foge um pouco da ideia do livro. Há uma passagem pelo Rio de Janeiro, mas o foco mesmo é na Patagônia argentina, onde os gaúchos estão em guerra contra os indígenas da região. Conceitos de armas biológicas, robótica e até nanotecnologia rendem alguns momentos perturbadores.

    O nível cai um pouco com Os Dias da Besta, de Eric Novello. A trama parte da investigação sobre a presença de uma criatura metamorfa no Rio de Janeiro. Mas aí vemos um Brasil próspero e se destacando na corrida tecnológica sob o governo de D. Pedro II, Conde de Tunay com um super agente secreto/inventor, Princesa Isabel aviadora liderando um grupo de piratas, diversas invenções mirabolantes, intrigas internacionais… falta foco. Ao jogar tantos conceitos poucos trabalhados, a história parece um aleatório capítulo do meio de algum livro.

    João Ventura, mais do que qualquer outra coisa, presta uma homenagem à figura histórica do inventor português Padre Manuel Himalaya com O Sol é que Alegra o Dia… Abordando a energia solar em diversas aplicações, este é de longe o conto mais leve da coletânea. Interessante, porém incomoda um pouco o tom documental adotado pra contar um grande período de tempo em pouco espaço. A impressão é estar lendo um livro didático ou um artigo de enciclopédia.

    Mesmo com a oscilação de qualidade entre os contos (até porque seria injusto e ingênuo esperar o contrário), Vaporpunk só teve a ganhar com essa diversidade enorme entre as histórias. Cada autor soube imprimir seu estilo, tom e interesse específicos, seguindo (ou desviando elegantemente) a linha-mestra do steampunk em terras lusófonas. Leitura mais do que recomendada.

    Texto de autoria de Jackson Good.

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  • Agenda Cultural 12 | Steampunk, True Vampires e Fantástico Blues

    Agenda Cultural 12 | Steampunk, True Vampires e Fantástico Blues

    Agenda Cultural com a participação do escritor/tradutor Eric Novello (@cericn), Amilton Brandão (@amiltonsena), Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Mario Abbade (@fanaticc) complementam os participantes desta edição.  Confiram o bate papo sobre captura de movimento nos games, vampiros (de verdade!) na TV, o septuagésimo ano do maior detetive de todos os tempos… e muito mais.

    Duração: 54 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    Batman 70 Anos

    Literatura

    Evento – Fantasticon
    Vapor Punk – Eric Novello
    Neon Azul – Eric Novello
    Histórias da Noite Carioca – Eric Novello
    Dante, O Guardião da Morte – Eric Novello
    Necrópole: Histórias de Bruxaria – Eric Novello e outros autores (contos)
    Paradigmas Vol. I – Eric Novello e outros autores (contos)
    Imaginários Vol. II – Eric Novello e outros autores (contos)

    Para maiores detalhes sobre o trabalho realizado pelo Eric, acesse http://ericnovello.com.br/.

    Games

    PS Move
    Xbox Kinect
    Nintendo 3DS

    Música

    The Black Keys
    Cyndi Lauper – Memphis Blues
    Mario Abbade no show da Cindy Lauper

    Série

    Review True Blood

    Cinema

    O Pequeno Nicolau
    15 Anos e Meio
    Vittorio de Sica – Minha Vida, Meus Amores
    Entrevista com o cineasta Laurent Tirard

    Extra

    Copa do Mundo

    Produto da Semana

    Cinto Massageador Physical Fat Reducing