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  • Resenha | A Corrente: Passe Adiante – Estevão Ribeiro (2)

    Resenha | A Corrente: Passe Adiante – Estevão Ribeiro (2)

    a corrente - capa

    Quem nunca recebeu uma corrente via e-mail – de qualquer tipo – que atire a primeira pedra. Certamente hoje, com as opções de filtro de spam, a maioria de nós nem chegue a vê-las na caixa de entrada. Mas elas continuam circulando. Sempre há quem acredite, principalmente naquelas que envolvem dinheiro. E é a partir desse misto de lenda urbana e meme que a trama do livro é construída. Toda estória nasce de um “E se…”. Neste caso, “e se a ameaça for real e não apenas uma brincadeira de mau gosto?”. O autor faz bom uso dessa premissa para prender a atenção do leitor. Afinal, o pior terror – ou o melhor, dependendo do ponto de vista – é aquele que envolve situações cotidianas. O leitor identifica-se muito mais facilmente com uma situação já vivenciada do que com algo incomum, mesmo que esse algo seja mais interessante que o nosso dia a dia rotineiro.

    Eu sei que você deletou meus e-mails anteriores, Laura. É uma pena que tenha feito isso. Se talvez você tivesse lido as minhas mensagens…

    Laura sente a saliva tapar a sua garganta, enquanto os olhos secos por não piscar acompanham cada letra:

    … eu não teria que te matar!
    (pag.11)

    O prólogo é daqueles que agarram o leitor e o jogam para dentro da estória, sem preâmbulos. Passado o primeiro susto e recuperado o fôlego, a vontade é não parar de ler. A incerteza sobre se o que se passa é realidade ou delírio intensificam a inquietação do leitor e a preocupação com o destino dos personagens. A narrativa ágil, as cenas encadeadas de modo a aumentar a tensão tornam o livro bastante envolvente apesar de algumas falhas que não chegam a comprometer a leitura.

    As sequências de sonho são “certinhas”, coerentes demais para serem de sonho. Não convencem muito. E há alguns detalhes práticos incorretos que, talvez com uma pesquisa mais detalhada, poderiam ter sido evitados. Em alguns momentos, o leitor para e se pergunta “Mas, espera aí… Não é bem assim que tal coisa acontece na vida real.” E essas pequenas divergências causam um certo incômodo ao interromper a imersão na leitura. Além disso, há alguns trechos “difíceis de atravessar”, tanto pela perda da fluidez da narrativa quanto pela existência de cenas aparentemente truncadas. Por exemplo, sem dar spoilers, no clímax da cena em que um dos personagens está num Escort, atravessando uma ponte, algo parecia não se encaixar. Ao reler, percebi que não estava conseguindo situar espacialmente um veículo em relação ao outro. Tive de parar e ler tudo mais uma vez até que fizesse sentido e isso dificultou a apreciação da cena. São pequenas falhas que, contudo, não desabonam o todo.

    É inevitável a comparação com o filme O chamado. Porém, apesar de a ideia inicial ser semelhante, o desenvolvimento da trama segue outros rumos. É um thriller de terror que tem tudo para agradar aos fãs do gênero. Há suspense, tensão, desespero, muito sangue, descrições detalhadas das mortes – tão detalhadas que o leitor chega a espiar por sobre os ombros durante a leitura. Enfim, um prato cheio para quem curte este estilo de estória.

    Tuitei há alguns dias que, mesmo se não conhecesse o autor, provavelmente compraria o livro pela capa. Sim, eu sou dessas. Livros com capas que me chamem a atenção são sérios candidatos à compra. E a edição é bem caprichada. Quanto à diagramação, apenas uma ressalva: talvez se a mancha de texto fosse maior, seria possível aumentar um pouco o espaçamento entre as linhas, tornando a leitura mais confortável. Há alguns erros de revisão, mas nada comprometedor, praticamente passam batido quando o leitor está embalado na leitura.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Resenha | A Corrente: Passe Adiante – Estevão Ribeiro (1)

    Resenha | A Corrente: Passe Adiante – Estevão Ribeiro (1)

    correntecapaUm livro nacional que, a princípio, não me chamou atenção alguma quando o vi e que não fez muito quanto a isso enquanto eu seguia na leitura. Porém, convencido de que poderia me surpreender, apostei e comprei. Dessa forma, me deparei com uma obra repleta de sangue, mortes criativas, pesadelos e cenários assombrados com descrições físicas muito boas, mas que se perde na intenção de apenas colocar medo, aparentando assim ser apenas um roteiro genérico de algum filme de terror.

    A leitura desse livro foi basicamente como assistir O Massacre da Serra Elétrica (a versão “nova”) quando o que você realmente desejava era ver Os Outros. As descrições físicas dos espaços, do sangue jorrando e das mortes grotescas são excelentes, mas senti que faltou aquela profundidade dos filmes de suspense que te deixam inteiramente tenso, com muito pouco foco naquilo que os personagens estão sentindo – medo, pavor, dedos trêmulos, silêncio opressor, visão turva, suor frio, calafrios, arrepios (e assim vai…) -, enquanto se prende mais no terror/horror das cenas, deixando de lado o suspense da atmosfera.

    Os personagens são interessantes, mas se você – assim como eu -, tiver um histórico razoável de filmes de terror, vai encontrar o desfecho do livro logo no começo. Pois, mesmo que a história seja diferente das outras, há muita similaridade na maneira que a história decorre, deixando assim uma sensação de que você já conhece aquilo, fazendo assim com que a empolgação se limite a certos pedaços da obra, ao invés de se estender por toda leitura. Muitas vezes tive a impressão de estar lendo a mesma coisa várias vezes, e isso foi um dos aspectos que mais me incomodou.

    O final não decepciona, mas também não surpreende. A parte mais interessante do livro é a história da antagonista, que é quando você realmente se perde na leitura e ela – enfim – começa a fluir, porque após isso você quer saber mais e mais sobre o que aconteceu e qual é o mistério que a envolve. Nesse aspecto, o autor soube muito bem como guiar os acontecimentos e manter esse mistério até o final.

    Dito isso, não posso afirmar que não gostei do livro, independente dos vários pontos negativos já citados. Não é uma história mal contada, nem com problemas de continuidade e acontecimentos contextualmente desagradáveis. Porém, me deixou com a evidente sensação de que esse é um livro para ser assistido ao invés de lido, seja pelo seu ritmo, pela história em si ou pela maneira que é contada.

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    Texto de autoria de Thiago Suniga.

  • Resenha | Os Passarinhos e Outros Bichos

    Resenha | Os Passarinhos e Outros Bichos

    Em 2009, o cartunista Estevão Ribeiro, enquanto aguardava pelo início de uma reunião, criou por acaso dois passarinhos em uma folha de papel. Com os personagens desenhados, o autor pensou que eles teriam potencial para boas histórias e, com o tempo, passou a publicar tiras com esses personagens em seu blog. O sucesso foi inevitável, e logo passou a publicá-las em formato impresso, na revista Mad.

    Um ano depois, veio a proposta para publicar um livreto com suas tiras para a inauguração da Balão Editorial. Assim surgiu Hector e Afonso –  Os Passarinhos. O livro foi um sucesso, esgotou, ganhou reimpressão com tiras inéditas e ainda foi indicado ao prêmio HQ-Mix de melhor publicação de tiras. Um ano depois, chegaria o segundo volume.

    Os Passarinhos e Outros Bichos apresenta novos personagens do universo concebido por Estevão, não focando apenas nos protagonistas, Hector e Afonso. Além de contar com o retorno de Piu Gaiman, Paulo, o Coelho e outros, novos personagens são introduzidos, como Damião, um joão-de-barro pedreiro; Agatha Triste; Patrício, o pato pobre e muitas novidades.

    Além disso tudo, o livro conta ainda com participações de grandes quadrinistas nacionais: Danilo Beyruth, Mario Cau, Lu e Vitor Cafaggi, Leo Finocchi são apenas alguns dos nomes que você encontrará neste segundo volume de Os Passarinhos.

    O trabalho de Estevão é brincar com as mais diversas situações do comportamento humano, mesclando o ar ingênuo de Hector com o sarcasmo de Afonso. Estevão ainda encontra espaço para fazer homenagens constantes à cultura pop e a outros quadrinistas, tudo isso num traço leve e descontraído. Altamente recomendada.

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