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  • Resenha | Caveira Vermelha: Encarnado

    Resenha | Caveira Vermelha: Encarnado

    Caveira Vermelha - Encarnado - capa

    Na linha de edições especiais dedicadas a personagens significativos, a Marvel enfocou alguns de seus grandes vilões em minisséries, uma vertente para reapresentar origens sob uma nova ótica e atrair leitores. No país, tais histórias foram lançadas direto em capa dura e, informalmente, denominadas como a série vilões, com setes encadernados lançados atualmente. Entre eles, obras como Mercenário: Anatomia de um Assassino A Ascenção de Thanos.

    Roteirista de Testamento: Magneto, Greg Pak retoma o mesmo contexto histórico do surgimento do mutante para apresentar a origem de outro vilão. Em Caveira Vermelha: Encarnado, assim como a trajetória do jovem Max Eisenhardt, a personagem tem um contexto histórico real, apoiado nos eventos que levaram Hitler ao poder na Alemanha e eclodiram a Segunda Guerra Mundial.

    As belas capas de David Aja sugerem que o público lerá uma origem com o Caveira Vermelha estabelecido como personagem. Porém, o recorte selecionado é anterior, indo de sua infância à adolescência. A intenção evidente é humanizar o vilão, como aconteceu na história de Thanos, em A Ascenção de Thanos, retratando um passado em que a trajetória e o peso psicológico das escolhas evidenciam seus futuros atos. Um feito que não necessariamente exclui a maldade de sua personalidade mas acrescenta-lhe uma camada extra.

    Como em Testamento, o roteirista peca no desenvolvimento narrativo. O espaço é limitado demais para abranger o contexto histórico necessário e, com isso, há diversos saltos temporais mal estruturados. Como a leitura é composta para um público amplo e variável que não necessariamente conhece a história da Alemanha, o autor decide pontuar algumas cenas com um texto explicativo, evidenciando momentos-chave da história presenciada pelo personagem. Na obra citada com Magneto como personagem central, ao menos havia destaque deste contexto desde o início, incorporando-o ao estilo da trama. Aqui, porém, o recurso é utilizado poucas vezes, parecendo a escolha mais fácil para situar o leitor, como se o roteiro não pudesse conter tais informações em suas entrelinhas.

    A trajetória de Johann Schmidt representa o ciclo de um cidadão comum vivendo os percalços da época. Orfão, morador de lares adotivos abusivos ao lado de pessoas brutas. Até que, diante destes fatos, revida agressivamente, dando vazão a um mal que culmina no encontro com Adolf Hitler. É louvável situar a origem de um vilão ficcional diante de uma história real, dando-lhe uma maior carga dramática apoiada por feitos conhecidos do público. Porém, o roteiro nunca atinge seu ápice. Falta uma linha condutora que equilibre a história e não apresente somente os traumas de Schimidt. Se a intensão é desmitificá-lo para que o público compreenda, em parte, suas motivações, Pak apresenta somente os pontos drásticos de sua história, sendo tão fatalista quanto origens planas de um vilão cujas motivações são a conquista mundial e a propagação de um novo Reich. Mesmo um bom personagem como Caveira Vermelha parece mal explorado em sua própria história.

    Caveira Vermelha: Encarnado faz parte dos encadernados impressos no exterior pela Panini Comics com um preço mais acessível. Mesmo que seja atrativo pelo bom preço, se a releitura de uma origem é um processo naturalmente delicado, esta versão nada entrega de novo, e nem mesmo causa impacto momentâneo.

    Compre: Caveira Vermelha: Encarnado

    Caveira Vermelha - Encarnado - 01

  • Resenha | Magneto: Testamento

    Resenha | Magneto: Testamento

    Magneto - Testamento

    Pertencentes à primeira série de cinco encadernados lançados pela Panini Comics, com um preço econômico devido a impressão no exterior, além de um pôster que forma um painel com diversos heróis da Marvel em conjunto, as edições escolhidas para esses especiais apresentam histórias fechadas de personagens específicos, releituras sob pontos de vista diferenciados proporcionando uma aventura diferente da tradicionalmente apresentada pelos gibis de linha.

    Greg Pak desenvolve a trajetória de um dos grandes vilões do estúdio, o mutante Magneto. Focado inteiramente em sua juventude, Magneto: Testamento resgata a sua origem natural antes da manifestação de seus poderes mutantes. Dentre as diversas boas genealogias de personagens da Marvel, a composição de Erik Lehnsherr é uma das mais intensas, apoiada em um contexto histórico. De família judia vivendo na Alemanha, o garoto presenciou os horrores da Segunda Guerra Mundial, participou de campos de concentração como Sonderkommando e viu sua raça ser dizimada por um regime violento, sobrevivendo até fugir do campo no final da guerra. Todo o ódio e fúria que Magneto sente, pelos humanos que desejam matar os mutantes, estabelecem um paralelo com sua própria infância e com o embate alemão e judeu, uma explicação que está no cerne da composição dos quadrinhos de X-Men.

    As cinco edições desta história apresentam os anos modificadores na vida de Erick com base nos acontecimentos históricos, desde as primeiras violências cometidas contra os judeus até as leis de Nurenberg que transformavam os cidadãos judeus/alemães em párias da sociedade, com realocação de seus habitantes até a locomoção para campos de concentração.

    Qualquer traço de poderes especiais ainda é latente na personagem, fazendo desta história um reflexo da própria história mundial. O registro confere realidade a Magneto e passa a mensagem para leitores que nem sempre estão próximos desse tipo de contexto histórico.

    O traço de Carmine Di Giandomenico, responsável pelas duas edições Noir de Homem-Aranha, se destaca devido às cores de Matthew ‘Matt’ Hollingsworth. Utilizando uma paleta de meios-tons simbolizando o aspecto cinza, refletindo os sentimentos dos judeus, o ambiente melhora os traços um pouco cartunescos que, às vezes, parecem exagerados e fora de tom com o estilo da narrativa, com personagens de olhos esbugalhados ou exageradamente interpretados.

    Bem equilibrado entre uma narrativa histórica e a fundamentação de um personagem, Testamento é uma bonita origem de uma figura oriunda de um período nefasto da história, um dos princípios que dá credibilidade e compreensão aos atos de Magneto durante sua trajetória nos quadrinhos.