Review | Invencível – 1ª Temporada
Baseada na obra de Robert Kirkman e Cory Walker, Invencível é uma animação adulta que narra a história de Mark Grayson, um menino adolescente que tem uma pequena revolta por ter um herói em sua família. A primeira temporada apresenta seus primeiros passos como herói, logo depois que percebe ter acesso a herança alienígena viltramita de seu pai, o Omni-Man, uma variação mais velha do Superman.
Os episódios são mais longos que o comum entre animações, com pouco mais de 40 minutos. Seu conteúdo é bastante violento e a qualidade visual não é das melhores. O design dos personagens humanoides é bem simples e quadrado. Até esse “defeito” é utilizado a favor da trama, pois como os humanos lembram versões dos desenhos da Filmation, o espectador é ludibriado ao imaginar que será um desenho pueril ou inocente. Ainda no piloto, o tom muda completamente com um dinamismo diferenciado e gore extremo nos combates.
Enquanto escrevia a história original, Kirkman (que também é produtor executivo desta versão) afirmava que sua intenção era celebrar os quadrinhos que gostava. Em uma página ele poderia colocar momentos mais divertidos e escapistas. Em outros, celebrar o horror e terror de uma luta de dois titãs capazes de destruir o mundo em poucos momentos. Nas histórias, poderiam ter referências ao Quarto Mundo, Watchmen, Authority, Astro City e até The Boys e esse conjunto de referências é bem trabalhado na adaptação. O roteiro favorece mistérios e teorias da conspiração, fato que faz a série conversar bem com a atualidade. O desenvolvimento gradual faz dessa série uma das produções nerds e de quadrinhos mais legais da atualidade.
As referências do programa são muitas para além até dos análogos com personagens de DC e Marvel. Há até uma versão do Doutor Malus, um cientista louco que fez experimentos com o soro do Super Soldado e foi aludido em Falcão e Soldado Invernal recentemente. Também há referência aos animes hiperviolentos. Além disso, há no roteiro situações adultas além da mera violência.
O final surpreende. Mesmo que cada um dos oito capítulos termine com algo grandioso e sensacionalista, nada prepara o espectador para a verborragia agressiva imposta no oitavo capítulo. Os produtores traduziram bem o imediatismo da história que Kirkman criou. Invencível discute o momento político atual, a paternidade ausente, além de mostrar personagens poderosos em momentos de fragilidade poucas vezes explorada no audiovisual mainstream sobre quadrinhos de heróis.